quarta-feira, março 23, 2022

Um desvio pelo panorama nacional


Como já tenho indicado antes, mas talvez não esteja ainda muito claro, eu raramente sigo as notícias ditas tradicionais. Faço uso do Google News (apesar de reconhecer as falhas em usar um agregador pois ao fim de algum tempo apenas mostra de acordo com as nossas preferências e/ou histórico) mas cada vez menos. O que vou apanhando do debate político-social em Portugal é mais por partilhas que vejo nas minhas redes, e aquilo que ouço pela Carolina, que costuma ver regularmente pela net os noticiários e outros programas noticiosos (sobretudo os da RTP porque a SIC obriga a subscrição da sua plataforma).

Uma comentadora que escreve mas também aparece (ou aparecia pelo menos durante a pandemia) na TV, que é partilhada com alguma frequência é a historiadora Raquel Varela. Admito que mais no inicio da pandemia eu achei interessante algumas coisas que ela partilhou e parecia-me na altura que trazia pontos interessantes e alertava para alguns desenvolvimentos que estavam a ser maioritariamente ignorados pela comunicação social, mas a partir duma certa altura ela começou a descambar. E algumas coisas que ela escreveu/afirmou sobre a Invasão do Putin então é do outro mundo! Vi especialmente a análise dela à resolução sobre a Ucrânia do Parlamento Europeu, e que o PCP votou contra, que era algo de extraordinário. Eu fui ler o texto da resolução e o meu entendimento dos pontos que ela destacou é muito diferente do dela.
Não sei se oficialmente a Raquel Varela teve COVID mas ela certamente está a sofrer os efeitos de "long covid" (Condição pós-Covid-19 como definido pelo SNS em Portugal), nomeadamente aquele sintoma de perda de capacidade cerebral (falhas de memória, mais lentidão no pensar) que muita gente se tem queixado onde, um pouco como acontece a quem abusa das drogas e fica todo "queimado da marmita", a pessoa parece que nunca mais bate bem da moina. Acho que a Raquel é um caso perdido.
Mas piada à parte, deve ser apenas mais um caso em que estes grandes acontecimentos (pandemia e guerra) revelam a verdadeira personalidade e capacidade das pessoas, e desmascaram algumas figuras que já tinham esqueletos no armário. Sendo a Raquel Varela historiadora, a Carolina já sabia de algumas polémicas na comunidade académica sobre ela, mas aqui deixo uma notícia sobre os tais esqueletos: Raquel Varela, a Universidade Nova e o autoplágio académico: "fraude", "conduta imprópria" ou "normal"?


Também vi recentemente três notícias relacionadas com o Bloco de Esquerda que não podia deixar de comentar, não apenas para cascar no partido mas na verdade porque eu respeito o BE e as suas figuras mais proeminentes de agora, às quais sempre atribuí uma integridade acima do comum na política nacional.
Antes de mais quero clarificar que ideologicamente não me identifico com o BE e apesar de ser apologista da máxima "nunca digas desta água não beberei", não creio que alguma vez vote neles, apesar de concordar com certas ideias no espectro da política social, devido às visões mais progressistas que partilho com a actual liderança do partido (não são todas, atenção). Mas não votando neles, sempre gostei que o BE ganhasse e mantivesse uma voz na política nacional (dentro da Assembleia), porque acho que é sempre muito útil apresentar ideias diferentes que obrigam ao debate parlamentar dessas e de temas por vezes incómodos, que a tradicional maioria parlamentar (PS e PSD) não estaria disposta a trazer para discussão.
Mas tendo em conta as tais notícias recentes, temo que o BE se tenha transformado, ou se esteja a transformar, num partido típico, onde se defende publicamente uma coisa mas pratica-se outra. 

Primeiro temos este testemunho de um ex-funcionário que terá estado 11 anos ao serviço do partido numa situação de precariedade: BE. Ex-funcionário saiu da Marcha contra a Precariedade para recibos verdes
É importante notar que esta é uma versão dos acontecimentos, do lado que se sente prejudicado, e temos de ter cuidado em aceita-la como a verdade absoluta. Mas confirmando-se o comportamento, é muito mau para o carácter da liderança do BE. Ainda para mais com outras notícias recentes que surgiram agora sobre os despedimentos que o BE se vê obrigado a fazer devido à perda de mandatos e financiamento nas últimas legislativas, existindo já denúncias que "há funcionários que souberam do despedimento apenas através da nota de vencimento, sem sequer receberem uma palavra do partido", uma atitude que a confirmar-se é a mesma atitude que o Bloco publicamente condena veementemente, quando acusa entidades patronais.

E depois tivemos esta infracção da Mariana Mortágua: A deputada do BE que esteve em situação irregular durante cinco meses, diz que desconhecia que não podia receber por comentário televisivo. E pediu para devolver o dinheiro.
Daquilo que li sobre este caso, eu até penso que ela agiu bem quando se descobriu, e poderá ter sido mesmo ela ou a sua equipa a descobrir a irregularidade, mas vejo alguma ironia no alegar desconhecimento da lei que ela votou a favor; isso fez-me torcer o nariz (e admito que era fã parcial da Mariana). Sobretudo porque tenho a certeza de como ela reagiria publicamente se a mesma situação acontecesse a um deputado de outra bancada mais à direita!


Por falar em mais à direita, queria só fazer um comentário sobre o Chega, do mesmo género do que fiz ao BE ali mais em cima: também acho importante que o Chega exista no panorama político nacional, e de certa forma é interessante que o partido tenha ganho representação parlamentar. Tal como é importante ouvirmos as ideias de uma esquerda mais radical e progressista, é preciso também ouvir as do outro lado, uma direita mais radical e conservadora. E é importante porquê? Sobretudo para sabermos que as ideias valem praticamente zero e que eles não servem para nada. 


E será hoje que vai ser encerrada a questão das legislativas pois a data limite para aceitar os boletins de voto da repetição no círculo europeu é hoje, dia 23. O site do MAI para as eleições foi finalmente actualizado, mostrando agora que os resultados dos consulados na Europa estão por apurar. Também se confirma que apesar de não terem sido anulados todas as mesas (consulados) na anterior contagem, a repetição dos votos foi para todos, tal como estipulado pelo Tribunal Constitucional.
Já se sabe que até aumentaram os votos para quem escolheu votar presencialmente (mas foram só 152 pessoas que o fizeram, contra 116 em Janeiro) mas toda a gente estima que nos votos por correio seja uma razia...

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