quarta-feira, março 30, 2022

As medidas extremas que ajudam a explicar o passado recente


O MOGINCAPOM (MOvimento Geral de INdignação Com A POlémica do Momento) decretou que hoje em Portugal era suposto estar indignado com a impunidade da justiça portuguesa ao mesmo tempo que se alega que um crime de porte e uso de arma proibida mais outro crime de ofensa à integridade física qualificada passem impunes.
Mas eu não quero saber disso para nada até porque se o MOGINCAPOM existe tem outro nome que este fui eu que inventei (como se existisse uma entidade organizada por detrás das indignações das pessoas nas redes sociais).
Eu quero mesmo é falar um pouco sobre uma grande polémica mas de outro momento que já passou.
Sobretudo em 2020 estava muita gente algo indignada com o facto da China ter números muito baixos de casos e mortes de COVID-19. A indignação era porque a China estava de certeza a mentir, ou manipular, os números. Outro cenário ou explicação era impossível; um país com tantos milhões de habitantes não podia ter apenas umas dezenas de milhares de infectados e uns milhares (na casa dos 4 mil) de mortos!

Mas na altura eu não estava assim tão indignado e quero voltar a alertar para o seguinte, sem pretender ilibar a China de qualquer mentira e encobrimento que usaram durante a pandemia: a China fechou cidades e regiões completas na altura, tendo até testado em massa toda a gente e toda a gente foi obrigada a fazer quarentena, uns mais que outros. Medidas extremas, que em quase nenhum outro país se aplicou, mas reparem que as repetem novamente agora, com o exemplo de Shenzhen, uma cidade de 17 milhões de pessoas, que ficaram todas fechadas em casa por 1 semana quando na cidade tiveram 150 novos casos, repito só 150 casos, reportados num fim-de-semana! E agora em Shanghai, uma cidade com 26 milhões de habitantes, vai fechar em 2 fases com metade e ficar em casa (e ser testada) durante esta semana e a outra na semana a seguir. O número total de novos casos no país inteiro na segunda-feira foi 1275!

Comparem com os actuais  22 mil novos casos aqui nos Países Baixos no mesmo dia, ou os 214 mil novos casos na Alemanha. E aqui na Europa não se está a fazer nada agora. Para todos os efeitos a pandemia aqui já acabou, não há praticamente medidas em vigor em muitos destes países.
Por isso é que não me admira que a China tenha sido realmente muito menos impactada em 2020 apesar de ser o chamado ground zero. As medidas extremas que tomaram, e continuam a tomar, mesmo com um número muito baixo de infectados (um número que para nós aqui na Europa seria caso de celebração com direito a champanhe, brinde e fogo de artifício) acabam por justificar o que aconteceu.

Mas que fique aqui bem claro que eu não tenho nenhum desejo ou vontade de morar na China!

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