quinta-feira, abril 28, 2022

Pais, esses maravilhosos seres



Sim, a foto de cima fui eu que tirei e são dos meus pais. Até parece uma montagem porque eu desfoquei as suas figuras e o fundo atrás (linha de comboio e postes, parecia mal). Desfoquei-os porque não lhes pedi autorização para publicar a foto muito menos neste texto que não é lá muito lisonjeiro.
Como escrevi no Twitter, os pais são aqueles seres maravilhosos que tanto nos exaltam como nos deprimem. É uma alternância de estados porque os pais são, como me dizem os meus filhos a mim muitas vezes, os melhores do mundo para pouco depois serem os piores do mundo. Faz parte da parentalidade e não nos podemos esquecer que mesmo depois de termos mais de 40 anos, para os nossos pais vamos continuar a ser miúdos, tal como os meus me vão continuar a parecer pequenitos mesmo quando já andarem sozinhos por esse mundo fora a fazer e a acontecer...
Tantas vezes me vem à ideia esta cena do filme "Father of the Bride" porque agora eu sei que é mesmo verdade (e vai-me acontecer igual quando a minha filha me anunciar algo parecido).

terça-feira, abril 26, 2022

E tu mãe, onde estavas no 25 de Abril?


Ontem acho que foi a primeira vez na minha vida que fiz esta pergunta, que se tornou numa tirada cómica, genuinamente. Fiz a pergunta à minha mãe, tal como está escrito, pois terá sido (também esta) a primeira vez (se não foi a primeira, houve poucas antes) que estava com os meus pais num 25 de Abril. Não perguntei ao meu pai porque eu sabia onde ele estava, estava em França, mas de repente lembrei-me que a minha mão deveria estar em casa, na Senhorinha (aldeia da freguesia de Sever do Vouga, mesmo concelho, distrito de Aveiro). E ela respondeu-me "Estava em casa, a dormir. Foi o Tio Mota que nos veio acordar a todos a dizer que tinha havido um golpe em Lisboa!". Quando lhe perguntei como tinham reagido e como tinha sido o resto do dia ela respondeu (mais palavra, menos palavra): "Ele acordou-nos e pus o rádio muito alto a dar as notícias. Depois fomos trabalhar na mesma, que o que estava a acontecer era longe em Lisboa, não mudava nada para a gente. Alguns estavam com medo que viesse uma guerra civil".

segunda-feira, abril 25, 2022

Grama a grama, esvazia o gordo o papo



Hoje é 25 de Abril, uma data sempre importante para mim e normalmente importante nas minhas redes sociais incluindo o blog. Este ano estou o mais internacional de sempre mas ainda não sei o que vou fazer ou escrever de especial para o 25 de Abril para além de mencionar ser este a primeira vez em que celebramos mais anos de 25 de Abril do que foram os anos de Estado Novo.
Ontem foi também o dia da segunda volta das eleições presidenciais em França, o país que considerei durante muitos anos a minha segunda pátria, e cujo resultado era importante para a liberdade, pois um dos candidatos traria muita instabilidade nessa componente, e mesmo que não afectasse tanto como eu suponha a nível europeu, iria sem qualquer dúvida causar perdas de liberdade religiosa e de movimentos (para a comunidade imigrante) na França. Ontem também se completaram 2 meses duma invasão que dizendo-se servir para desnazificar um país, é uma ameaça à liberdade dos ucranianos, mas não são só eles os ameaçados, por um grupo que parece mais fascista que outros que tiveram oficialmente esse título.

Mas eu venho agora escrever sobre outra coisa que mete perder peso e um problema de mentalidade à mistura, e eu acho que não é bem aquilo que vocês estarão a pensar.

sexta-feira, abril 22, 2022

Reflexões em tempos de Guerra #28 - Sobre os refugiados


Quando eu partilhei na Reflexão #26 que queria ajudar mais no lado humanitário, mais visível pelos refugiados que chegam aqui, fugindo da guerra, a Marisa mandou-me uma mensagem alertando que é preciso ter algum cuidado e senso comum. Ela conhece pessoalmente um caso em que deu confusão e acha desproporcional a ajuda que se está a dar agora comparando com outros refugiados de outros anos que enfrentam ainda diversos problemas e ninguém parece lhes ligar nenhuma. Sobre a situação que ela conhece não me posso pronunciar por não ter qualquer conhecimento de causa (só sei que aconteceu) mas não é de estranhar que tenha acontecido e continue a acontecer casos aqui e ali em que os refugiados vão abusar da boa vontade de quem os está a ajudar; estamos a falar de pessoas e por isso não são todos anjos. E também é mais que óbvio que existe uma boa vontade muito maior da parte dos restantes europeus em ajudar os ucranianos, quando comparado com outros, mas não só existe o factor da proximidade (física, étnica, cultural e religiosa pelo menos) como esta situação é diferente de outras crises que a Europa enfrentou antes.

sexta-feira, abril 15, 2022

Reflexões em tempos de Guerra #27 - O desenlace positivo a médio-longo prazo


Como já escrevi várias vezes, duas vezes aqui no blog (Reflexão #21 e Reflexão #24) mas julgo que fui dando indícios do mesmo no Facebook e/ou Twitter, desde relativamente cedo que pensei que o desenlace final da Invasão do Putin à Ucrânia seria bastante positivo a médio-longo prazo, ou seja não vai ser logo depois do conflito terminar, com melhorias a nível do futuro para todas as partes envolvidas, incluindo a Rússia.
Mas de vez em quando, e sobretudo derivado a certos desenvolvimentos que vão acontecendo, fico preocupado que a minha previsão positiva não aconteça e que o mundo recue umas décadas para uma nova guerra fria, ou ainda pior. Se bem que quando penso neste pior, regresso a um comentário do meu irmão de há umas semanas, que me dizia que achava que a variante omicron do SARS-CoV-2 era uma espécie de protecção natural que nos foi dada para ganharmos mais imunidade para uma nova super-pandemia que vai aparecer daqui a uns anos: ele pensar numa nova epidemia do género da COVID-19 quer dizer que a maioria de nós ainda aqui está e não fomos todos de vela num holocausto nuclear...

quarta-feira, abril 13, 2022

Eu fiz uma pergunta no Twitter...


Como escrevi algures noutro dia, eu há alguns anos atrás que raramente usava o Twitter, pois havia muita gente a dizer que o ambiente lá era bastante tóxico. Como nunca segui muitas pessoas/entidades lá, não via nenhuma valor acrescentado em andar por lá, mas desde a Invasão do Putin que voltei ao Twitter e rapidamente percebi que na verdade é a rede certa para receber em primeira mão notícias e le relatos sobre eventos desta natureza, se soubermos onde procurar. E ao contrário do que estava à espera, não nos deparamos com aquela toxicidade em tweets, partilhas e comentários/respostas que abordam tudo e mais alguma coisa, mesmo sem nexo nenhum; mas repito que isso depende de quem escolhemos seguir. Mas já estou a divagar...

Já há algum tempo que eu sigo o Justin King, supostamente um jornalista com experiência no sector militar privado (e se não me engano casou-se com uma mulher militar, das forças armadas norte-americanas), mas que agora se descreve apenas como "Um Gajo no YouTube". Eu já partilhei vários vídeos dele, em textos aqui no blog, mas também no Facebook. Vocês eventualmente conhecem-nos por Beau of the Fifth Column e ele obviamente também está no Twitter.
E foi no Twitter que fui encontrado várias referências de norte-americanos à Waffle House, sendo usadas quase como uma analogia ou metáfora para algumas situações ou reacções. Percebi que a Waffle House era uma cadeia de restaurantes (ou seja um lugar onde se come), mas não conseguia entender o motivo de todos os comentários com duplo significado e até cómicos sobre essa cadeia, então decidi perguntar directamente num tweet do Beau e foi então que a manada correu à solta...

sexta-feira, abril 08, 2022

Reflexões em tempos de Guerra #26 - Queria fazer mais


Eu nunca me considerei uma daquelas pessoas que estão prontas para agir, mas depois de ter participado em acções de voluntariado, depois de ter visto a minha reacção natural a pedidos de ajuda (às vezes de pessoas que mal conheço) acho que afinal não sou assim tão passivo e indiferente. E nunca pensei que era corajoso, achando até que sou cobarde em várias situações que amedrontam (se bem que o medo é aquilo que nos permite sobreviver, quando não nos paralisa).
Mas desde que a guerra na Ucrânia começou que sinto uma impotência em mim, porque uma coisa que acho que sempre tive cá dentro do meu espírito é aquele sentimento de que chega uma altura em que é preciso fazer algo, é preciso fazer frente a alguém, é preciso levantar e estar disposto a levar mas a dar. E é assim que sinto desde o 24 de Fevereiro. Foi quase como uma revelação; aquilo que despertou em mim foi uma sensação que estaríamos perto de viver um momento crucial da nossa história, uma coisa muito similar à invasão da Polónia pela Alemanha Nazi, um momento que poderia significar o regresso de tempos negros aqui na Europa. E eu tenho 2 filhos pequenos, a última coisa que quero é que eles tenham de passar por uma fase, e viver num mundo, que seja pior daquele em que eu vivi até agora, pois se há coisa que eu realmente acredito é que temos sempre de ambicionar por mais e melhor.

segunda-feira, abril 04, 2022

Reflexões em tempos de Guerra #25 - Rendição não evitaria o sofrimento


Depois de finalmente escrever o meu texto longo sobre (um pouco mais de) 1 mês da Invasão do Putin à Ucrânia, eu estava preparado para começar a escrever menos sobre geopolítica e mais sobre o lado humanitário. Isso foi depois de uma conversa (via mensagens) com uma escritora e jornalista polaca que por acaso tem raízes familiares na Ucrânia, porque faz mais sentido falar sobre algo que realmente tem mais a ver connosco e nos afecta realmente, do que todas estas análises e reflexões sobre belicismo, política externa, sobre outros países regiões onde nunca sequer estive e quando não tenho experiência suficiente, nem a adequada, para ser um exemplo. Mas como já devem saber aqueles que me conhecem há algum tempo, eu dedico várias horas a estudando matérias e sempre tenho uma opinião forte que quero partilhar com os outros. E embora sejam poucos, sei que há também quem conte comigo para os manter a par destas questões complicadas, pelo que sinto a responsabilidade de continuar a escrever sobre o que se está a passar. Mas numa tentativa de evitar possíveis mal-entendidos, pois estes meus textos que são a minha, e somente minha, opinião e da minha exclusiva responsabilidade, e que na maioria das vezes são escritos ao longo do(s) dia(s) e publicados quando estou estendido no sofá ou deitado na cama, queria começar a focar a discussão naquilo que até o mais importante, o básico, aquilo com o qual todos nós podemos nos relacionar: o sofrimento humano.

Só que de repente o fim de semana chegou e com ele o diabo andou à solta! Os russos recuaram do noroeste e nordeste de Kyiv e para a maioria de nós foi como se levássemos um murro no estômago, quando nos apercebemos que o sofrimento humano era muito pior do que se pensava!