sexta-feira, fevereiro 25, 2022

Reflexões em tempos de Guerra #1 - O início



No dia 4 de Fevereiro pelas 17:07 eu escrevi isto (em holandês porque o jogo foi aqui): "Voordat Rusland en Oekraïne vechten op de Oost-Europees Laagland (hopelijk niet), strijden ze nu bij de FUTSAL EURO 2022 halve finale." que quer dizer: Antes da Rússia e Ucrânia lutarem na Planície Europeia Oriental (espero que não), competem agora nas meias-finais do EURO 2022 de Futsal.
Depois no dia 20, escrevi mais um comentário sobre o Putin e a Ucrânia, que dizia, entre outras coisas:
Isto é muito parecido com há 8 anos atrás, quando não havia tropas russas na Crimeia e a Crimeia estava apenas a tentar a independência/soberania, só que não realmente (foi sempre um plano russo, o tempo todo).
Todas as peças estão montadas e todas as condições existem para "justificar" uma intervenção russa. Com a desculpa de um ataque às suas tropas ou devido à violência contra os russos ou o que quer que seja no leste da Ucrânia, eles intervirão.
(...)
O que acontece a seguir depende das reacções do resto do mundo. A Rússia pode ser severamente impactada e isso pode diminuir o apoio ao Putin.(...)Há 8 anos já houve muita gente no Ocidente que considerou que a Rússia tinha todo o direito de tomar a Crimeia. Alguns pensarão novamente que a Rússia está certa e está simplesmente a reagir a provocações/movimentos de outros.
No dia a seguir, o Putin reconheceu as 2 auto-denominadas repúblicas da região Donbas, tecendo ao mesmo tempo imensas declarações sobre a Ucrânia não ser uma verdadeira nação e a necessidade em emendar o erro do fim da União Soviética, e eu fiz um desabafo (tendo-se seguido um debate nos comentários interessante, que se calhar merecem uma dissertação própria):
Está feito. Agora todas as peças estão no lugar. As 2 regiões são reconhecidas, as tropas russas entrarão para "protegê-las da agressão ucraniana" e a única pergunta agora é onde é que isto vai parar?
Logo agora que estávamos a voltar ao normal...
Foda-se lá esta merda!


Quando a Guerra Fria terminou e depois de vários anos do Mundo a tornar-se menor e as pessoas a aproximarem-se, nunca pensei que a guerra convencional de interesses mesquinhos regressaria à Europa. Sempre pensei que a próxima grande coisa seria uma grande guerra ideológica, desencadeada por motivos de religião, ou a China seria de alguma forma a grande expansionista/imperialista.
Mas não, foi novamente na Europa, e desencadeada principalmente por um líder que sentiu que uma perda anterior (derrota da URSS na Guerra Fria) precisava ser corrigida e que sonha em "restaurar" a antiga glória de um "império".
De certa forma não é assim tão surpreendente que isto se esteja a repetir agora. Essa geração que ainda está no poder e que cresceu nos “velhos tempos” não consegue aceitar que o mundo estava realmente a mudar e infelizmente vai conseguir foder isto tudo antes de passarem o testemunho às outras gerações (como a minha, mas ainda mais novos).
Como eu já disse antes algures, a Ucrânia é a primeira acção real (antes eles ainda fingiam estar a fazer outra coisa). Vamos ver até onde isto nos vai levar (ainda espero que possa levar a um resultado global positivo no final, mas o problema é o preço que pagamos até lá).

Para além dos outros avanços e movimentações militares, de destacar o ataque por forças aerotransportadas (executado pelo VDV um ramo independente das Forças Armadas Russas) no aeroporto de Hostomel (a base do fabricante de aviões Antonov). Eu agora não tenho dúvidas de que os ucranianos conseguiram frustrar os planos russos de tomar este aeroporto e usá-lo como base avançada para trazer mais tropas e equipamentos por via aérea para o ataque a Kiyv. Essa é a razão pela qual existem colunas de tropas russas movimentado-se para sul de Chernobyl (oeste do rio Dnipro) e da área de Chernihiv (leste do Dnipro).
Não me restam dúvidas que o objectivo principal da "operação militar especial", como a chamou o Putin, é derrubar o governo ucraniano e estabelecer um governo fantoche que permitirá bases militares russas permanentes no território. Assim, o Putin fará fronteira directa com os países da NATO, uma das coisas que ele queria evitar e usou como desculpa...

Um apontamento final; se a Guerra do Golfo de 1990-91 foi considerada a guerra da televisão (porque se acompanhou em directo pela televisão), esta batalha (não me parece que vai durar muito tempo para ser uma verdadeira "guerra") é a guerra da Internet e do Smartphone, porque a maioria das imagens e relatórios vêm muito mais rápido do cidadão comum, que filma os acontecimentos com o seu telemóvel e partilha nas redes sociais.
De notar que não é o primeiro caso disso, pois já na Síria muitos civis faziam, e fazem o mesmo, mas neste caso, todo o resto do Mundo está a olhar com atenção.

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