Parece que ainda impera uma certa ideia que o semanário Charlie Hebdo apenas satirizava o Islamismo e por outro lado tinha medo de o fazer com o Judaísmo por causa das acusações de anti-semitismo, que a bem de verdade, surgem muito rapidamente de vários sectores da sociedade quando alguém se vira contra os judeus. Comprova-se é que ninguém se chateia com a sátira ao Catolicismo...
Mas não é bem sobre isto que quero dissertar, isto foi só para começar com polémica.
Uma vez que estou a ver o directo da Marcha Republicana em Paris transmitida pela TV5 Monde, mas imagens da France 2 (canal público francês), é indicado voltar a dissertar sobre temas relacionados que surgiram na sequência dos ataques em Paris desta semana.
Foram perpetuados por franceses, de origem estrangeira. Aparentemente ligados a grupo(s) dito perigoso(s), composto(s) sobretudo por outros franceses de origem estrangeira.
De certa forma é chocante ver pessoas que cresceram e vivem numa sociedade ocidental democrática e livre, mesmo com todos os seus defeitos, virarem-se contra os próprios países. Não é só de agora, basta ver os milhares de europeus que se juntaram às fileiras do Estado Islâmico, trocando uma vida que nos parece boa por outra de violência, intolerância e extremismo.
Perante isto muitas pessoas afirmam, e com uma certa razão, que se as comunidades estrangeiras na Europa não gostam nem concordam com a vida e valores de cá, que regressem aos seus países.
Como disse, é um argumento válido mas que falha um aspecto importante: a maior parte dos jovens que se juntam a grupos extremistas e se viram contra os valores europeus e ocidentais não são realmente estrangeiros. O problema é que não são estrangeiros nem europeus. Na verdade, e sobretudo para eles próprios, não são ninguém.
Eu noto isso pela minha própria experiência, filho de emigrantes em França, e pelo que vejo da familiares meus que estão noutros países, assim como o que vejo aqui na Holanda.
Os 3 implicados nos ataques desta semana eram todos franceses. Sim, a sua origem era em África (Argélia e Mali) mas eles eram nascidos e criados em França. No entanto os seus pais não são franceses (julgo eu) e como muitos outros que eu vejo, apesar de crescerem em França e estudarem no ensino francês, eles deverão ter crescido, como muitos outros, numa comunidade que se considera ainda argelina ou mali ou outra coisa qualquer menos francesa!
Até os filhos de emigrantes portugueses não são nem franceses nem portugueses. Nascem em França mas são filhos de estrangeiros. Crescem, educam e vivem como qualquer outro francês, mas têm sempre o estigma de serem estrangeiros. No entanto de Portugal conhecem apenas as férias, a língua e às vezes nem isso, os familiares distantes, o futebol e com sorte parte da cultura. Conhecem também o símbolo da Federação Portuguesa de Futebol que parecem confundir com o Escudo de Portugal presente na bandeira...
Mas os portugueses e seus filhos são europeus. Partilham muitas coisas em comum com os franceses e integram-se muito bem. Desde há algumas décadas estamos todos unidos na mesma entidade europeia e agora até partilhamos a mesma moeda.
Por isso um franco-português é só uma curiosidade.
Mas aqueles que têm outra cor, outra religião e vêm de outro continente ou qualquer lugar mais distante e diferente, carregam sempre esse estigma praticamente a vida toda. Mesmo passados tantos anos ainda não são vistos como franceses. Mesmo que já o sejam à varias gerações!
Só os bem sucedidos, como os ricos, desportistas, políticos, etc, são vistos como franceses de pleno direito.
Os Kouachi e Coulabily são aqueles que não têm pátria. Por isso são presas fáceis dos radicais que os convencem que eles têm de destruir a casa actual e construir uma nova à imagem deles (deles dos radicais). Isto pelo menos até eles se aperceberem que não podem fumar cigarros ou cenas, ver fotos de gajas nuas, sacar músicas no iTunes ou usar roupas e calçado de marcas ocidentais porque é tudo proibido...
Portanto mandar os jovens que se radicalizam de volta para casa não é solução. Eles não têm casa para voltar, e o país onde estão é a coisa mais próxima de casa que na realidade têm.
A solução passa por fazer da Europa, dos seus valores e ideias, a sua verdadeira casa.
Mas como se faz isto? Eu sinceramente não sei e acho que só o tempo vai resolver este problema.
Mas ainda muitos conflitos vão haver e muito sangue inocente vai jorrar até o equilibro aparecer, e os interesses obscuros que manipulam as peças nos bastidores perderem poder.
Mas depois outro qualquer problema social vai aparecer para trazer este tipo de conflitos de volta à Europa ou a outra parte do mundo.
PS - Como comecei a escrever isto antes das 16:00 e estou a acabar às 19:00, devido às interrupções típicas de quem tem filhos pequenos, parece-me que a qualidade do texto decaiu ao longo dos parágrafos pois os pensamentos "brilhantes" que surgiram ao reflectir nestas vicissitudes duma vida actual na Europa destes tempos foram-se esbatendo ao bater do teclado...
Mas não é bem sobre isto que quero dissertar, isto foi só para começar com polémica.
Uma vez que estou a ver o directo da Marcha Republicana em Paris transmitida pela TV5 Monde, mas imagens da France 2 (canal público francês), é indicado voltar a dissertar sobre temas relacionados que surgiram na sequência dos ataques em Paris desta semana.
Foram perpetuados por franceses, de origem estrangeira. Aparentemente ligados a grupo(s) dito perigoso(s), composto(s) sobretudo por outros franceses de origem estrangeira.
De certa forma é chocante ver pessoas que cresceram e vivem numa sociedade ocidental democrática e livre, mesmo com todos os seus defeitos, virarem-se contra os próprios países. Não é só de agora, basta ver os milhares de europeus que se juntaram às fileiras do Estado Islâmico, trocando uma vida que nos parece boa por outra de violência, intolerância e extremismo.
Perante isto muitas pessoas afirmam, e com uma certa razão, que se as comunidades estrangeiras na Europa não gostam nem concordam com a vida e valores de cá, que regressem aos seus países.
Como disse, é um argumento válido mas que falha um aspecto importante: a maior parte dos jovens que se juntam a grupos extremistas e se viram contra os valores europeus e ocidentais não são realmente estrangeiros. O problema é que não são estrangeiros nem europeus. Na verdade, e sobretudo para eles próprios, não são ninguém.
Eu noto isso pela minha própria experiência, filho de emigrantes em França, e pelo que vejo da familiares meus que estão noutros países, assim como o que vejo aqui na Holanda.
Os 3 implicados nos ataques desta semana eram todos franceses. Sim, a sua origem era em África (Argélia e Mali) mas eles eram nascidos e criados em França. No entanto os seus pais não são franceses (julgo eu) e como muitos outros que eu vejo, apesar de crescerem em França e estudarem no ensino francês, eles deverão ter crescido, como muitos outros, numa comunidade que se considera ainda argelina ou mali ou outra coisa qualquer menos francesa!
Até os filhos de emigrantes portugueses não são nem franceses nem portugueses. Nascem em França mas são filhos de estrangeiros. Crescem, educam e vivem como qualquer outro francês, mas têm sempre o estigma de serem estrangeiros. No entanto de Portugal conhecem apenas as férias, a língua e às vezes nem isso, os familiares distantes, o futebol e com sorte parte da cultura. Conhecem também o símbolo da Federação Portuguesa de Futebol que parecem confundir com o Escudo de Portugal presente na bandeira...
Mas os portugueses e seus filhos são europeus. Partilham muitas coisas em comum com os franceses e integram-se muito bem. Desde há algumas décadas estamos todos unidos na mesma entidade europeia e agora até partilhamos a mesma moeda.
Por isso um franco-português é só uma curiosidade.
Mas aqueles que têm outra cor, outra religião e vêm de outro continente ou qualquer lugar mais distante e diferente, carregam sempre esse estigma praticamente a vida toda. Mesmo passados tantos anos ainda não são vistos como franceses. Mesmo que já o sejam à varias gerações!
Só os bem sucedidos, como os ricos, desportistas, políticos, etc, são vistos como franceses de pleno direito.
Os Kouachi e Coulabily são aqueles que não têm pátria. Por isso são presas fáceis dos radicais que os convencem que eles têm de destruir a casa actual e construir uma nova à imagem deles (deles dos radicais). Isto pelo menos até eles se aperceberem que não podem fumar cigarros ou cenas, ver fotos de gajas nuas, sacar músicas no iTunes ou usar roupas e calçado de marcas ocidentais porque é tudo proibido...
Portanto mandar os jovens que se radicalizam de volta para casa não é solução. Eles não têm casa para voltar, e o país onde estão é a coisa mais próxima de casa que na realidade têm.
A solução passa por fazer da Europa, dos seus valores e ideias, a sua verdadeira casa.
Mas como se faz isto? Eu sinceramente não sei e acho que só o tempo vai resolver este problema.
Mas ainda muitos conflitos vão haver e muito sangue inocente vai jorrar até o equilibro aparecer, e os interesses obscuros que manipulam as peças nos bastidores perderem poder.
Mas depois outro qualquer problema social vai aparecer para trazer este tipo de conflitos de volta à Europa ou a outra parte do mundo.
PS - Como comecei a escrever isto antes das 16:00 e estou a acabar às 19:00, devido às interrupções típicas de quem tem filhos pequenos, parece-me que a qualidade do texto decaiu ao longo dos parágrafos pois os pensamentos "brilhantes" que surgiram ao reflectir nestas vicissitudes duma vida actual na Europa destes tempos foram-se esbatendo ao bater do teclado...
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