sábado, janeiro 31, 2015

Vamos fazer um suponhamos...

Suponhamos que eu era um hippie anarquista e vegan (sim é preciso abusar no suponhamos para este cenário).

Fazia umas merdas (obras de arte) com lixo para vender, morava numa casa que era duns avós com uma série de malta igual, e quando não estava a obrar (fazer as ditas obras de arte) nem ganzado, falava mal da sociedade actual (a mesma que me comprava as obras e me permitia sustentar) e do quão podre estava, rendida aos poderes estabelecidos e uma série de outros clichés.
A vida até era boa, mas entretanto 2 das gajas que andava a comer engravidavam, a malta tinha frio no Inverno e dando-me uma ideia depois de ler umas merdas na net através do meu iPhone, decido fazer umas obras na casa para a tornar até auto-sustentável e assim melhorar o conforto de todos ao mesmo tempo que poupando custos. E talvez também meter net fixa em casa, para partilhar por todos e assim não ter que pagar os diferentes pacote de dados à Vodafone (não se vai estar a dar dinheiro aos chulos das empresas portuguesas).

A ideia é boa, mas é preciso dinheiro. Então vou falar com a família. A família até está disposta a ajudar. Os pais sozinhos não têm tudo mas não têm que chegue. Falo com os primos fixes, mas eles têm a sua vida para orientar, mas até me emprestam alguma coisa. Mas perguntam-me como é que vou pagar de volta se não tenho emprego. Eu na verdade não sei e nem me interessa pagar (só interessa ter o dinheiro para o projecto) digo que depois se vê isso. Os meus primos respondem-me quase igual, quando eu arranjar o grosso do dinheiro eles depois emprestam o que falta.
Vou então falar com o meu tio que é rico (tem uma casa grande, outra de férias no Algarve e 3 Mercedes, é essa a minha definição de rico) que como é homem de negócios exige logo contrapartidas, sendo uma delas que eu faça umas obras por mês para ele vender para estrangeiros que adoram essas porcarias, para além de prazos concretos para pagamento do empréstimo e dar a casa como garantia. Obviamente para mim isso é um abuso do meu tio porco capitalista. O desplante de querer que eu trabalhe umas horas por mês para ele, só para ele enriquecer mais às minhas custas, e ainda quer ficar com o que é meu (dos meus avós mais isso não interessa) se não pagar! Insulto o meu tio pela lata e por ser um corrupto e corruptor e mais um rol de injúrias que os hippies usam...

Então e agora? Já disse ao grupo que vamos ter coisas novas e eles começam a perguntar quando é acabam (não é quando começam) as obras. As 2 gajas já falaram com uma amiga que é dola e ela só vai cobrar metade do valor normal, mas é preciso também fazer uma espécie de banheira jacuzzi tamanho XL para eles terem um parto na água, à natural as 2 ao mesmo tempo porque elas e as crianças estão ligadas uma à outra.
Não há dinheiro, lá tenho de ir aos bancos. Para muitos não cumpro os requisitos (porcos capitalistas) e para os poucos que até emprestam, tenho de pagar as taxas de juro do mercado. Taxas de juro, porcos capitalistas. "Então e são quanto?" pergunto eu. "Elas agora até estão baixas, mas no seu caso temos de aplicar um spread elevado devido ao risco, portanto 7% taxa variável". É um roubo descarado! 7% e ainda pode subir se a taxa base subir? Insulto esses porcos capitalistas, que só querem ter ainda mais lucro à custa do meu dinheiro. Depois de armar o banzé saio (com umas canetas e uns blocos de papel tirados à socapa que vão dar jeito).

Entretanto a coisa está a correr mal lá em casa. 2 amigos que ajudavam a fazer as merdas (obras de arte) foram-se embora porque está cada vez mais frio, a ganza é pouca e eles nos últimos dias é que têm feito as merdas todas porque eu ando em reuniões e depois estou demasiado indignado para servir para alguma coisa. Uma das gajas está a afastar-se de nós, porque teve de ir a um hospital com dores, e encontrou lá um primo a trabalhar que lhe propôs uns apoios sociais e ajuda da família para ter e cuidar da criança.
Falo com outros grupos de hippies e eles todos concordam comigo. Os porcos capitalistas exigem demais e dão cabo do nosso estilo de vida, deveríamos fazer uma revolução e libertar a humanidade do jugo do poder económico. Mas não temos meios para o fazer que eles ainda estão piores que eu (não fazem merdas para vender) e acabamos sempre por fumar mais umas ganzas e adormecer todos juntos...

Não dá mais. Tenho de meter isto a andar. Se gastar dinheiro, comprar mais ganza e outras cenas, a malta fica feliz novamente. Preciso mesmo do dinheiro. Só me resta uma opção. O nosso dealer conhece um gajo russo ou moldavo que empresta dinheiro. Vou pedir a ele.
Ele empresta, a 10% de taxa fixa o que é bom porque não sobe, e eu não preciso de trabalhar para ele nem nada. Só preciso de guardar umas cenas lá em casa e dar-lhes umas cópias das chaves para eles irem poder levar e buscar. Como não sou burro de todo, pergunto "E precisa de algumas garantias caso eu me atrase a pagar?". Ele responde enquanto olha para o decote da minha dama que ainda está comigo (que tem umas mamas enormes por causa do leite) "Não te preocupes que arranja-se qualquer coisa. E no pior dos casos, aqueles 2 tratam disso", apontado para os 2 capangas que estão atrás dele.
E prontos, assim tenho o problema resolvido.
As obras começam, a ganza rola com fartura, já tenho net para toda a gente e comprei também uma SmartTV de 48" porque ver os filmes sacados da net no iPhone 6+ (entretanto troquei para o novo) era chato, e assim todos podem ver juntos.
A vida é boa e eu provo que consigo manter um estilo de vida hippie sem ter que dar satisfações à sociedade podre nem me vergar aos porcos capitalistas.

Agora com licença, tenho de ir ver o que se passa que estão a chegar umas carrinhas com uns russos, ucranianos ou moldavos aqui à propriedade, e eu já não os via há uns 3 meses.
Parecem zangados...

sexta-feira, janeiro 30, 2015

Isto chega a ser ridículo

Já escrevi algumas vezes sobre o fenómeno, mas não sei se expliquei bem o que acontece aqui quando neva, ou melhor, quando se anuncia que vai nevar.
Quando a Meteorologia aqui do Reino anuncia que vai nevar, começa o caos nos transportes. Os comboios entram logo em horário de contingência com apenas 1/3 deles a circular. O aeroporto de Schiphol e sobretudo a KLM anunciam possíveis cancelamentos e grandes atrasos.
A Meteorologia fez um aviso de neve para ontem (quinta-feira) e na quarta um colega meu que estava no estrangeiro e ia voar na quinta partilhou o anúncio que recebeu da KLM a propor-lhe o reembolso do bilhete devido ao mais que provável cancelamento do voo. Os comboios, como é óbvio lá andaram no horário de contingência e os restantes transportes públicos, e as estradas, devem ter ficado um bocado mais à pinha por causa disso. Ou então muita gente ficou por casa por causa do aviso.

Não nevou, como aliás eu já esperava pois desde o início da semana que só anunciavam a neve para esta noite (de quinta para sexta).
Hoje sim, acordamos com um manto branco. Nada de especial mas tudo coberto como podem comprovar pela quantidade de fotos que devem popular o Facebook (e para quem conhece mais gente na Holanda para além de mim).
Até eu pus uma foto panorâmica do Amsterdamse Bos (e Schiphol) tirada do 9° andar da IBM (onde trabalho).
E como dizem os anglófonos, guess what, os comboios circulam normalmente e os aviões também descolam. E para já ainda não li nada na net sobre caos nos transportes públicos. A diferença para ontem? É que não houve aviso da Meteorologia para hoje, portanto tudo normal, apesar de realmente as condições hoje não serem as melhores.
Estes gajos são tão organizados numas coisas e tão parvinhos noutras...

E claro está, que o escritório está vazio, pois com neve fica muita gente em casa porque é "perigoso".
A foto ali do canto é do parque de estacionamento e o carro apontado é o meu, corrijo é o da Carolina que está no nome dela. O carro de um português, com pneus já gastos de Verão. E estes compadres aqui com pneus de Inverno e do Norte da Europa é que se acagaçam todos com a neve...
E vão todos a 5 à hora com medo sabe-se lá do quê, enquanto o gajo do sul da Europa, acelera nas (raras) curvas e rotundas para atravessar o carro porque com estas condições é fixe!
Estes gajos são tão bons numas coisas e tão parvinhos noutras...

quarta-feira, janeiro 28, 2015

Músicas que me arrepiam - I

Na segunda-feira passada tive uma ideia para um post que depois descartei. Mas nos entretantos lembrei-me de algumas que surtem o mesmo efeito em mim e por isso aqui vai, o primeiro de uma nova rubrica relacionado com musicas e eu.
Começo precisamente pelo tema que ouvi na segunda e me inspirou a fazer isto.

Paramore - Decode
É uma música que faz parte da banda sonora do Twilight, por isso começa mal, mas na verdade esta música tem todos os ingredientes de uma receita musical para um êxito. Início lento e crescendo até ao refrão, mudanças de ritmo, a excelente e poderosa voz da Hayley Williams, a intensidade e carga emocional presentes no refrão e uma letra a descrever uma desilusão amorosa. Parece ser tudo muito bem construido e planeado, mas a música é excelente e arrepia-me.
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Muse - Animals
Os Muse é das bandas que mais me preenche os gostos musicais, pois serve para quase tudo, para sentir nostálgico, sentir energético, sentir alegre, sentir emocionado e obviamente sentir arrepiado.
Este tema é dos mais recentes exemplos do génio deles, e mesmo não sendo dos mais elaborados, deixa-me sempre todo arrepiado quando o oiço. O vídeoclip foi feito por um dois fãs portugueses e isso é só mais um pequeno bónus.
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Radiohead - Street Spirit
O meu colega Pieter disse-me que esta musica está no Top 5 da sua playlist de mais de 13000 (ou seriam 30000) musicas do iPod. Eu não tenho iPod nem uso playlists, mas esta musica está sem dúvida no meu Top 5, seja de musicas de arrepiar, seja de músicas do Radiohead.
Se existe uma musica que pode definir uma banda, esta está muito perto de definir os Radiohead e o seu efeito em mim, mesmo sendo das antigas. Quando oiço Radiohead costumo ficar em transe, extasiado, hipnotizado e até mesmo "ganzado". E com esta fico também todo arrepiado.
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Jeff Buckley - Lover, You Should've Come Over
Esta música é tão boa, mas tão boa, que nem é preciso dizer mais nada para se saber porque aqui está e porque é a ultima listada.
Nota, não existe vídeoclip oficial.
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terça-feira, janeiro 27, 2015

"Não me deixem a falar sozinho" ou "A Dissertação do Sabichão"

Existem aquelas pessoas que acham que sabem (quase) tudo e opinam sobre tudo. Como eu...
Várias dessas pessoas também gostam de fazer juízos de valor e apreciações pessoais em público sobre terceiros. Eu também o faço, sobretudo de figuras públicas...
Algumas dessas pessoas acreditam que sabem mais dos outros e das suas vidas que os próprios, portanto sentem-se no direito de criticar e contrariar orientações pessoais dos mesmos. Isso já não é comigo, sobretudo em público...

Conheço alguns casos destes. E por ventura eu próprio estarei catalogado como sendo um desses por outras pessoas, porque eu gosto de comentar quase tudo.
Mas nalguns dos casos perguntava-me muitas vezes porque é que as pessoas que tinham de ouvir, ou ler, os recadinhos e considerações (erradas) da outra, não refutavam ou mandavam calar? A maioria das pessoas não aprecia ouvir outro a ditar leis sobre a nossa própria vida e nossas escolhas.
Mas até foi a Carolina que me deu a resposta mais provável a essa questão. As pessoas simplesmente não estão para se chatear e deixam então o sabichão a falar sozinho. Simplesmente porque não vale a pena.
E é verdade, mesmo quando o sabichão, ou sabichona, tece considerações, na maioria das vezes erradas, sobre ti, é mais fácil e menos doloroso deixá-lo ficar na dele e a falar sozinho, do que tentar corrigir. Porque nem se consegue corrigir, que tudo o que iríamos dizer seria descartado.
Curiosamente os sabichões reconhecem algumas autoridades em determinados assuntos, e nós próprios, alvo de críticas e considerações por diversas vezes, poderemos ser a autoridade num ou noutro tema. Mas é só para isso mesmo e num instante descemos novamente uns degraus e lá estamos a ouvir os bitaites sobre a nossa vida...

Tendo feito esta reflexão, comecei a pensar numa coisa: Poucas são as vezes que as minhas dissertações, teorias, adivinhações ou o camandro são alvo de comentários. No blog é cada vez menos pois as pessoas usam outras redes sociais, mas até mesmo no Facebook (onde partilho sempre estes meus posts). Lá vou tendo uns likes mas comentários ou discussão é só de vez em quando.
Também já tive alguns que geraram discussões acaloradas, mas se calhar até o resultado das mesmas inibe pessoas de comentar outros.
Se calhar precisamente pelo mesmo motivo de que as pessoas normais ignoram os sabichões, como falei antes.

Às tantas, os poucos comentários que recebo nem é por ter poucos leitores ou pela maioria concordar com o que escrevo, ou ainda num tom de bazófia tão natural dos sabichões, escrevo tão bem que nem há lugar a grandes comentários. Vai-se a ver é porque a malta prefere deixar-me a falar sozinho porque não vale a pena tentar refutar as parvoíces que digo.

Faço um apelo aos poucos ou muitos que me lêem: Não me deixem a falar sozinho. Comentem e argumentem à vontade, ou mandem-me mesmo calar se for caso disso.
Eu sei que quando penso muito numa coisa e acredito nela, sou difícil de convencer do contrário, mas eu gosto de ler comentários contrários ao que digo ou escrevo. Gosto que me provem que estou errado até porque isso é aprender. Mas não há duvida que não acho piada, nem muda aprendo nada, apenas comentarem que estou errado e não sei nada do que digo sem argumentos e factos que contrariem o que digo. A não ser quando teço opiniões muito pessoais de coisas subjectivas. Como se costuma dizer gostos não se discutem, mas podem na mesma deixar os vossos.

Se depois deste apelo ao debate continuar a falar sozinho na maioria dos casos, vou fazer uma introspecção, e como sou um gajo com um certo nível chegarei certamente à conclusão que andam todos enganados e só eu (mais uns poucos como eu) é que sabemos.
É a única conclusão lógica de um sabichão, ou como diz a esposa, um intelectual da penica. Os 2 termos nem devem ser sinónimos (eu admito que não sei ao certo o que é um intelectual da penica) mas acho que fica bem usar o termo também...
E eu é que sei!

segunda-feira, janeiro 26, 2015

O coração nas rodas

Antes de mais, espero que vejam a animação da imagem aqui ao lado. É um GIF animado e normalmente tocam directamente, mas se virem uma imagem estática cliquem na foto para abrir. Já explico a imagem daqui a nada.

Estava a pensar no que haveria de escrever uma vez que a Grécia ainda está no Euro e aparentemente nem o défice nem o desemprego começaram a descer em Portugal, mesmo que o Syriza tenha ganho as eleições e vá salvar a Europa toda (texto irónico, mas até pode vir a salvar mesmo, sinceramente não sei).

Estava a pensar em escrever uma crónica cujo título seria "E se de repente um desconhecido..." que é inspirado na antiga publicidade do desodorizante Impulse, para continuar a frase com "... lhe tocar à porta e entrarem 4 polícias pela casa adentro?". Mas esta crónica seria sobre coisas pessoais, como alias são todas as crónicas, e prefiro deixar-vos na expectativa sobre o que terá acontecido.
Digo apenas que só espero que não me recambiem de volta para Portugal e não me ponham em Évora junto com o outro. Se aquilo já é local de romaria, ficava logo um santuário se eu também fosse para lá.

Depois a ir para o escritório (cheguei quando muita gente já se estava a vir embora) e a ouvir uma música lembrei-me de fazer uma lista das músicas que me arrepiam sempre que as ouço, e se poder, tenho de ouvir pelo menos uma outra vez de seguida. Mas como só me lembrei mesmo dessa que estava a ouvir, desisti.

Depois pensei em falar sobre o que é usar óculos de realidade virtual, coisa que experimentei hoje pela primeira vez e achei o máximo (mas soube a pouco a experiência) mas já escrevi algo sobre o assunto no Facebook e na realidade não há muito a dizer.

Mas no caminho de regresso a casa, minto porque fiz um desvio para ir comprar pizas, passei por um gajo de bicicleta que tinha um coração luminoso nas rodas, tal e qual o que se vê no GIF animado que adorna este post. E soube que tinha de descrever essa visão curiosa, que foi uma estreia, e meia psicadélica.
Aproveitei foi para referir todos os outros assuntos até chegar aqui.

domingo, janeiro 25, 2015

Syriza, for the win

Durante vários anos eu tive dificuldade em me definir politicamente. Sobretudo porque não me podia definir de direita ou de esquerda porque era de um ou de outro dependendo dos diferentes temas. Mas sempre me considerei um gajo mais da direita, por ser contra algumas das ideologias constantes mais associadas a partidos de esquerda. Com o exemplo de Portugal em que os 2 maiores partidos são praticamente iguais, apenas as pequenas diferenças é que poderiam indicar para que lado eu pendia. Mas a juntar a isto temos o caso que os partidos defendem políticas diferentes conforme o seu líder, o que complicava mais em saber. Por isso é que numas eleições votei PSD, noutras PS, noutras CDS-PP e votei no MEP (ou seria o MMS?!?). Também já votei em branco, a pensar que servia para alguma coisa, mas os votos brancos ainda contam menos que abstenção porque nessa falam e votos brancos são simplesmente ignorados (também por serem muito poucos).
Tive de vir para a Holanda para encontrar a ideologia base política que sigo, também depois de ler mais artigos sobre os diferentes partidos e o que defendem aqui. Confirma-se que sou tendencialmente de direita e na base sou um liberal-social. Uma pessoa que acredita numa economia livre de mercado e liberalizada onde o Estado tem um papel regulador e também social que é, para mim pelo menos, o garantir as condições de vida (englobando casa, emprego, saúde, educação, etc) para quem não as consegue ter por si mesmo ou dificuldades em obtê-las.
Por outro lado, o que defendo é que ao invés do Estado gerir tudo e oferecer de tudo para todos, ele apenas intervém quando a economia e a sociedade por si mesma não conseguem resolver um problema, seja esse problema o acesso à educação e saúde por certas pessoas, ou quando a nível económico existem abusos causados por monopólios ou cartéis.

Depois desta longa introdução vou ao que realmente interessa. Mesmo sendo um gajo tendencialmente de direita, estou muito contente com a vitória do Syriza na Grécia. Isto porquê? Porque é uma mudança no poder estabelecido do costume, onde ganham quase sempre os mesmos, que mesmo dizendo que são diferentes fazem quase sempre tudo igual. E porque estes gajos têm ideias radicais. Ora eu pessoalmente não acredito que funcionem, mas o que foi feito até agora funcionou mal, ou como acha muita gente, também não funcionou.
Por isso é que um novo poder radical num dos países da UE e da Zona Euro, vai servir como laboratório de teste de outras ideias.

Se a coisa correr bem, para os Gregos, ficamos a saber que vale a pena meter malta nova e que defende coisas diferentes do costume, sejam eles radicais de esquerda ou radicais de direita, ou então aqueles moderados mas que também defendem coisas novas e nunca estiveram no poder. Esta vitória e o que vai suceder abrirá por ventura as portas a novos partidos de ganharem representação parlamentar e deste modo diminuir o peso dos partidos grandes, trazendo uma verdadeira mudança ao que é habitual na Europa. Mas penso sobretudo em Portugal, onde variamos sempre entre PS e PSD, e vai continuar assim mas era bom que eles tivessem de coligar não com um partido mas com 4 ou 5, e na vez de termos PS, PSD, CDS-PP, CDU e BE, tivéssemos lá mais uns 5 ou 6, com MMS, MEP, MPT, PCTP-MRPP, PPM e até mesmo o PNR. E na vez do PS e PSD terem aquelas muitas dezenas de chulos (deputados), terem poucos mais que os outros. Isso é que era altamente e espero que a vitória do Syriza faça ver às pessoas que podem votar noutros para além dos mesmos de sempre.

Mas e se a coisa corre mal? Eu pessoalmente acho que vai correr mal, e não é para os bancos ou para a Alemanha como muita gente espera. Vai correr mal é para os gregos mesmo. Mas isso é outra discussão para se ter daqui a uns meses. Para já fica escrito e gravado a minha previsão por alto da coisa. Mas adiante. Se isto corre mal as pessoas vão ficar com medo de votar em mudanças e sobretudo nos radicais. Irá por outro lado dar força às actuais ideias de governação que imperam na UE, muito baseadas na austeridade que por si só não é uma coisa má (gastar menos do que se ganha) mas foi levada a vários extremos e muitas vezes com interesses obscuros deixando-nos a pensar se era mesmo para o melhor das contas publicas dos Governos, ou o melhor para as contas privadas de certos bancos envolvidos nestas coisas. Isso também é outra discussão, mas é como digo, se realmente correr mal, as pessoas se calhar mudam de opinião. Espero é que não pensem que têm de dar maioria absoluta aos actuais governantes e por larga margem. Acho que está provado que esses modelos governativos, que tivemos várias vezes, só dão merda quando se chega ao final do mandato (só no final porque durante parece que está tudo perfeito).

E existe um outro cenário ainda pior: se a coisa corre MUITO mal? Mais uma vez depende ao certo do que vai ser feito, mas continuo na minha que quem vai sofrer muito mais vão ser os Gregos. Mas a coisa correr muito mal é o Syriza começar com cenas doidas que arrebentam com tudo e ainda levam outros países atrás. Acho que muita gente está mesmo à espera que isso aconteça, portanto para eles isso é a coisa correr MUITO bem. Para mim continua a ser interessante pois como era defendido no filme Fight Club (Project Mayhem) só reduzindo tudo a zeros é que podemos reconstruir uma nova sociedade. Pessoalmente não sei se gostaria de passar por tempos desses conturbados, mas que a acontecer vai ser giro, ai isso vai. Continuo com pena dos Gregos, pois acredito que qualquer dos cenários que não seja o correr bem, só vai resultar em mais dificuldades para eles.

Finalmente o ultimo cenário possível, aquele em que eu menos acredito, mas se calhar é o mais provável de acontecer. O Syriza como agora chegou ao poder, vai amansar e ficar igualzinho a qualquer outro partido e politiqueiro que ladra muito mas quando encontra o seu poleiro ou tacho, cala-se bem caladinho e mama e rouba como todos os seus antecessores.
E sim, neste cenário também quem se fode é o povo Grego...

quinta-feira, janeiro 22, 2015

Cheira a espírito adolescente

Vou continuar por temas mais pessoais e não abordar estas questões cruciais nos tempos de agora, como a porrada no Desafio Final (que não chegou a ser porque a TVI cortou a emissão), o peido em directo do gajo ao lado da Teresa Guilherme, não esquecendo a questão mais fulcral de todas, o que se passou realmente entre Cristiano e Irina e se o comentário da irmã Katia Aveiro era só para o Figo ou se serve também para o Dwayne "The Rock" Johnson...

Nesta terça-feira, dia 20, como faço várias vezes porque acho que o Facebook também serve para isso mesmo (partilhar trivialidades), publiquei que estava a ouvir o álbum Nevermind dos Nirvana, admitindo que não sabia se o tinha ouvido por completo alguma vez. Só hoje consegui ouvir os temas todos no mesmo dia e de seguida, porque na terça e ontem acabei sempre por interromper e não conseguir acabar de ouvir durante o dia de trabalho. E confirma-se, como aliás já tinha admitido na mesma publicação do Facebook, que nunca tinha ouvido este álbum por inteiro antes. Conhecia todas as músicas, já as tinha ouvido uma vez ou outra, mas em formatos diferentes (acústico ou ao vivo).

Não se pode portanto dizer que era até hoje um inculto, por não conhecer um dos álbuns mais marcantes do panorama musical dos últimos 20 anos, ou afinal até se pode dizer. Conhecia os temas, mas não o conjunto completo.
Por outro lado até estou contente por só ter ouvido, e com atenção, o álbum ao fim destes anos todos. Quando ele saiu e toda a gente ouvia, menos eu, eu não dava grande valor. Lembro-me aliás que muita gente era doida por Nirvana e eu ouvia na rádio e na TV, mas não fiz parte da histeria. Quando o Dave Grohl apareceu com os Foo Fighters, achava que eram bem melhores do que os Nirvana tinham sido.

Mas já na terça ao ouvir novamente temas e pela ordem escolhida para o álbum, com outra idade e outra mentalidade, tive uma espécie de epifania. Passou-me mesmo pelo cérebro o pensamento: "Foda-se, estas músicas são boas para caralho! Agora percebo melhor o fenómeno."
Sim é verdade, eu penso sempre com muitos palavrões, por isso é que os digo quando falo.
Lembrei-me também que antes pensava que o Cobain era um gajo que andava sempre meio ganzado, tocava guitarra sem finesse alguma, berrava muito e escrevia umas letras malucas com pouco nexo. O facto de ter espetado um tiro nos cornos tinha-o transformado num espécie de semi-deus, coisa típica que acontece a artistas que morrem novos. Ou outros até mais velhos, alcançam a fama em morte que nunca alcançaram em vida.
Era ainda um puto novo com a mania que sabia coisas. Agora tenho ainda a mania mas tenho mais anos em cima e mais bagagem e cultura musical, que me permite ver as coisas doutro prisma.
O Cobain era muito bom músico e escrevia muito bem. Os Nirvana não atingiram o estatuto com apenas 2 álbuns de estúdio duma grande editora porque faziam parte de um movimento que estava a explodir (o grunge) mas sim porque eram realmente inovadores e tinham qualidade. Eventualmente já muita gente disse isto, e por estas mesmas palavras, mas eu digo-o agora: O grunge não fez os Nirvana, os Nirvana fizeram o grunge!

É realmente pena que o Kurt Cobain estivesse todo passado da tola para meter uma bala por ela adentro. Perdeu-se um excelente compositor, no seu estilo, que decerto continuaria a trazer coisas novas mesmo evoluindo ao longo do tempo (por exemplo tipo Radiohead que também comeceram no hard rock para passar a ser verdadeiros experimentalistas).
Mas se calhar o Kurt Cobain só conseguia ser assim precisamente por ser meio apanhado, ou apanhado por inteiro da cabeça.
Vejam bem quantos grandes artistas ou mesmo intelectuais (em áreas diferentes), considerados génios, eram malucos, doentes, drogados ou tudo junto? Se não forem todos é a maioria deles, certamente...

E pronto, queria dizer isto, mesmo com mais de 23 anos de atraso, sobre o álbum, os Nirvana e o Cobain. Também nunca seria coisa que poderia dizer na altura, pois eu era estúpido como todos os teenagers o são, nem havia esta coisa de blogs para escrever e partilhar.

Ah, para quem se pergunta sobre a imagem, é a mesma do álbum mas com o puto já crescido, portanto também passados 20 e poucos anos, como a minha escuta do álbum.
E caso queiram fazer um regresso ao passado, ou para aqueles que não conhecem, descobrir a obra, aqui deixo o link para o album no YouTube (é só clicar no texto).

terça-feira, janeiro 20, 2015

Coisas curiosas que vi nas recentes semanas

Sem qualquer ordem cronológica mas sim por ordem que me lembrei e escrevi:

Um camião de lixo a passar por todo o lado para apanhar árvores de natal deixadas no passeio depois da época;

Uma árvore de natal no passeio por muitos dias (e ainda lá está), posta lá 1 dia depois do dito camião passar;

O interior de um hospital para além da recepção;

Um holandês (ou seria turco?) a refilar os 3 diabos e a dizer palavrões (mas em inglês);

Uma gaja a provocar-me à descarada no elevador (estávamos só os dois);

Uma loja de artigos de puericultura para casa e carro com 13000 metros quadrados;

Um avião a aterrar passar por cima de mim e abortar a aterragem logo a seguir;

Que um pretzel não é mais que um tipo de pão com formato engraçado (que é enlaçado);

Não ver nada para além de uns metros à frente durante 12 horas de um dia;

Uma entrada de prédio com 2 conjuntos de portas e campainhas, uma na rua, e outra logo depois do corredor da entrada no prédio;

Um desenho animado (estilo CGI 3D) feito em Portugal na TV holandesa;

2 policias a fazer uma ronda a pé aqui no bairro;

Reparar num novo pormenor no Frozen que nunca tinha reparado nas dezenas de visionamentos anteriores;

Pessoas a olhar para nós admirados por dar-mos uma sopa de criança caseira (na realidade é mais um puré) enquanto os deles comiam batatas fritas com molhos;

Em diferido o Cristiano Ronaldo a mandar um berro caricato, ou grito, em directo numa cerimónia;

Vídeos com montagens curiosas e engraçadas desse mesmo berro, um deles sendo 1 hora de CR7 a gritar (não, não vi o vídeo todo);

Um museu de pintura em menos de 1 hora (o que permitiu poupar no estacionamento);

Um retrato antigo da Scarlett Johansson com um suposto brinco de pérola;

Gasolina a menos de €1,50 (aqui na Holanda);

Cães com coleiras luminosas a passear de noite;

Como se fazem iogurtes caseiros (e comê-los);

Uma rapariga petite no escritório com uma Eastpack que me fez pensar se não estaria de volta ao liceu;

E certamente muitas outras das quais agora não me lembro, mas que irei me lembrar quando não poder escrever e assim voltar a esquecer...

segunda-feira, janeiro 19, 2015

Agora faz comichão, mas na altura...

Não posso deixar de fazer um comentário curto e rápido sobre opiniões do mesmo teor que têm surgido muito agora.
Muitas pessoas não concordam com as capas e imagens satíricas que o Charlie Hebdo fazia, muitas delas a gozar com a religião. Muitas delas não concordam agora, duvido seriamente que nunca concordassem, pelo simples facto de que não conheciam. O que acho piada é que pegam em capas e imagens antigas, onde se goza com Cristianismo e Judaísmo, para "provar" que o gozo com o Islamismo roça ou é mesmo insulto. Até aqui tudo bem, não fosse estranho estas pessoas só se mostrarem indignadas agora e não quando estas capas e imagens foram publicadas na altura, que foi ao longo de vários anos.
O facto de as capas e imagens do Charlie Hebdo terem passado incógnitas para tantas pessoas ao longo destes anos e só agora repugnar tanta gente, é uma prova que apesar deles pisarem o risco, para a maioria das pessoas o insulto era pouco importante... Agora que toda a gente fala é que coiso...

sábado, janeiro 17, 2015

Pensamentos e dedos a fluir em estado de sonolência intermédio

Comecei a escrever este texto porque surgiram pensamentos na minha cabeça que me pareciam que resultariam bem em escrito, apesar de serem algo vagos, pois o sono trava neste momento uma batalha com o lado consciente do meu corpo, ou cérebro.
Parecia que iam ser frases curiosas, mas de repente dei por mim a descrever detalhadamente os acontecimentos desta noite aqui na Casa BaKana de Amesterdão.
Definitivamente não era mais um texto interessante, mesmo tendo eu o desplante de pensar que outras pessoas se interessarão pelos filmes que (não) vejo e pelas interrupções de sono, o chamado sono interrompido, produto de uma criança novinha que sofre com ataques de tosse.

Seleccionei tudo e apaguei e comecei novamente. E se calhar este texto está a tornar-se numa coisa semelhante ao anterior que foi destruído.
Mas este não vou destruir. O meu objectivo era deixar os dedos fluir e escrever qualquer coisa, mesmo com pouco sentido, neste estado de semi-sonolência.

Dizia noutro dia o meu colega Bren que um qualquer filósofo contemporâneo de Nietzsche, aparentemente gostava tanto do estado de adormecer que tinha empregados para o acordar apenas para adormecer novamente.
Será verdade? Eu também gosto de adormecer, mas ficar adormecido. Quando me é negado esse prazer fico muito mal-disposto e não sou uma pessoa para se estar por perto nessa altura. A Carolina que o diga, que tem de ouvir o chorrilho de insultos e palavrões atirados para o ar, mais contra a situação do que qualquer pessoa específica.

Deveria ter ido para a cama, mas recusei por estar precisamente enraivecido, pois a criatura mais nova negou-me essa benesse quando me preparava para ir deitar, e agora ocupa também parte do meu lugar. Sei que partilhando a cama com eles neste estado, qualquer gesto ou barulho servirá apenas aumentar a minha revolta, resultando em despertar cada vez mais ao invés de cair no sono. E ele continua a tossir, com regularidade, depois de ter passado quase 4 horas bem calminho.
É só mais uma, ou várias, Lei(s) de Murphy em acção...


A meio da escrita, depois de notar que voltei ao tema favorito de falar de mim e descrever acontecimentos, estive novamente para destruir parte do texto e retomar. Mas aí já era ludibriar demasiado o objectivo da escrita de agora. Portanto como já o fiz por diversas vezes, lá me vou contradizer e contrariar novamente.


O que devia fazer mesmo era ir ler Nietzsche. Se ler e memorizar algumas das suas ideias ou frases, poderei depois citá-lo tanto por escrito como em viva voz durante conversas e assim passar eu também por um grande intelectual, pois ditam as regras que as grandes cabeças pensantes citam Nietzsche. Ou Sartre, tenho de ler também, e já agora Immanuel Kant... Se calhar se decorar os artigos da Wikipédia sobre eles já consigo passar por uma grande autoridade* na matéria.
Sem dúvida que ler filosofia a esta hora iria ser muito benéfico para adormecer por fim...

quinta-feira, janeiro 15, 2015

Filosofia de WC - II

Curioso como nós, como seres humanos depressa nos habituamos a novas realidades. Deve ser uma mecanismo de sobrevivência para que não passemos os dias preocupados com os infortúnios que nos podem atingir, sobretudo os perigos mais directos que ameaçam a nossa vida pacata, e seu correspondente estilo.
O quotidiano torna-se a normalidade. Já não suscita espanto, indignação ou simplesmente reacção as balas e bombas no Leste da Ucrânia, as perseguições e decapitações no Médio Oriente, as promoções e nomeações de filhos de políticos.
Ficamos resignados.

Quanto a mim, puxo o autoclismo, lavo as mãos e resigno-me ao meu quotidiano...

segunda-feira, janeiro 12, 2015

Conduzir ... à noite ... com chuva ... na cidade

São poucas as vezes que adorno os meus textos com imagens da minha autoria, ou das quais detenho os direitos como esta foto aqui ao lado, tirada com a minha máquina mas pela minha esposa Carolina. No entanto esta foto aplica-se quase à perfeição ao tema, pois é sobre condução nocturna em cidade, e apesar de não ser claro, nem a chuva falta, pois lembro-me que chovia na altura em que demos esta volta.

Ora bem eu adoro conduzir. E adoro fazê-lo de noite, apesar de já não aguentar muitas horas seguidas. Costumo dizer que tenho um comportamento anti-natura quando chove, pois quando a maioria das pessoas reduz a velocidade eu tenho tendência a aumentar.
Mas existe um habitat onde todas estas condições reunidas me tiram do sério: na cidade. Sobretudo aqui em Amesterdão onde é preciso ter uma visão de praticamente 360° para evitar os ciclistas, gajos das scooters, peões, os trams, e obviamente os restantes veículos automóveis.

Noutro dia dizia-me a Carolina que não gostava de conduzir à chuva na auto-estrada porque ficava-se com pouca visibilidade, mas na auto-estrada só temos de lidar com carros, motas, e veículos pesados, e só em casos excepcionais eles aparecem noutro sentido que não aquele que vamos.
Mas na cidade com a chuva e de noite é uma bosta.

As gotas de agua e humidade nos vidros revelam qualquer marca de gordura ou outra sujidade nos mesmo o que prejudica a visão. A água nas ruas projecta reflexos das diversas fontes de luz que para além de se confundirem com restante trânsito, impedem também de ver qualquer marcação nas vias e por vezes parece que vamos a andar no ar ou no vazio.
Entretanto em todos os cruzamentos (incluído rotundas e acessos a becos e estacionamentos) tenho de tomar atenção às bicicletas e scooters que se metem à frente de tudo e todos mas os vidros laterais não têm escovas por isso só vemos é muitas gotas mas discernir ao certo o que lá vem tem tanto de instinto como de bruxaria.
Continuo a andar e de repente partilho a via com os carris dos trams. Mas era por aqui que tinha de vir? Não sei porque como disse a sinalização horizontal está escondida por baixo dos reflexos na água que as cobre. Olho para o retrovisor interior para ver se vêm mais carros na mesma via e vejo várias luzes, mas quando olho pelos exteriores e tento discernir a quantos veículos correspondem os 14 pontos de luz que aparecem no espelho visto através de um vidro lateral também ele molhado, apercebo-me que afinal quem segue atrás de mim é um táxi. OK, mudo de faixa, mas não consigo reparar no pequeno degrau que separa a via dos transportes públicos da via normal dos carros. Isto porque entretanto tive de me desviar do gajo que entrega pizzas apenas porque ouvi o som da scooter e uma buzinadela doutro condutor e despoletou o reflexo.
Entretanto com tanta concentração em identificar o que é carro e o que é iluminação pública no meio de tanto reflexo, enquanto tento descortinar lugares vagos para estacionar o carro um pouco mais à frente no meio de tantas luzes vermelhas, tenho de travar porque os passageiros que saltaram fora do tram parado mesmo ao meu lado esquerdo decidem sair por trás da estrutura da paragem a correr para o meio da estrada porque querem procurar abrigo da chuva o mais rápido possível.
E ainda assim lá consigo seguir caminho, sem atropelar ninguém, nem mandar uma bicicleta ao chão, e também muito importante, sem molhar os transeuntes quando o carro passa por cima das poças.

Agora só preciso de saber como me desviar a tempo porque no meio de tanta atenção com os outros em meu redor, não reparei que estão 2 luzes ali à frente a bater-me máximos e que não se pode desviar porque é um tram que vai sobre carris!
Se este texto for publicado é porque escapei por um triz...

França, Nigéria e o diferente mediatismo

Por um lado gostaria de escrever sobre outros temas e ir voltando de quando em quando a este que vai ser assunto dominante durante algumas semanas (digo eu),  mas por outro vão sempre aparecendo assuntos relacionados que despoletam em mim o processo dissertativo quase de imediato. Se estiver no computador com disponibilidade para escrever, começo logo a fazê-lo.

Várias pessoas têm-se questionado, e questionado os outros até, do porquê dos ataques de Paris desta semana originarem tanta mobilização a nível mundial, e ao mesmo tempo ataques do Boko Haram na Nigéria, sendo os ataques à bomba com meninas suicidas e o ataque total à cidade de Baga os acontecimentos desta semana, passarem para segundo ou terceiro plano.
É uma pergunta que faz muita lógica. Em Paris morreram ao todo 18 pessoas (descobriu-se que uma morte isolada na quarta-feira foi perpetuada pelo atirador de Montrouge e Porte de Vincennes), só no ataque bombista no mercado morreram 20 pessoas. O número de feridos é bem diferente. E o ataque bombista ao mercado foi com recurso a uma menina de 10 anos, certamente obrigada a isto, e quem sabe se não era uma das meninas raptadas pelo Boko Haram e que gerou a onda do #BringBackOurGirls.

Pode parecer indiferença; pode parecer hipocrisia do mundo ocidental e rico que só se interesse por tragédias no seu próprio quintal; ou simplesmente é o que é porque apesar de tudo existem diferenças entre os ataques em França, na Nigéria e mesmo os outros que vão acontecendo quase diariamente pelo resto do mundo. E essas diferenças explicam em parte o diferente tratamento.

Quando procurava uma imagem para acompanhar este post, encontrei este artigo no site da revista americana The Atlantic que aponta 2 diferenças. Listo aqui para quem não percebe bem o inglês, que são a falta de cobertura apropriada pelos media e o tratamento dado pelo próprio Governo da Nigéria ao Boko Haram que tem agido quase impunemente em partes do país e que até chega a ser ignorado em discursos de campanha pois a Nigéria vai a votos daqui a 1 mês.
O mesmo artigo menciona que o mundo não ignora propriamente essa zona do mundo pois gerou-se a onda do #BringBackOurGirls a uma escala nunca antes vista e, acrescento eu, essa onde foi muito maior do que a #JeSuisCharlie, mas também mais lenta a arrancar e mais duradoura.

Mas no meu entender há mais diferenças/justificações: o próprio facto de na Nigéria, como na Síria, Iraque e Afeganistão existir um confronto aberto, uma guerra civil mesmo, envolvendo vários grupos, já desde há alguns anos. Isso vulgariza as tragédias que acontecem nesses países. Ao fim de algum tempo já ninguém considera notícia mortes no Médio Oriente, explosões na Palestina, trocas de tiros no Leste da Ucrânia, execuções de pessoas no norte do México. Torna-se tão vulgar como noticiar um acidente de viação com vitimas mortais; choca algumas pessoas, mas ninguém pára para reflectir sobre a coisa, no máximo abranda um pouco.

Para nós ocidentais, já se tornou habitual as tragédias nesses sítios. Quantos de nós não pensa quando se ouve noticias de mortes, ataques e confrontos em África ou Médio-Oriente "Lá estão aqueles gajos a matar-se outra vez. Andam sempre nisto."?

Mas quando acontece uma tragédia, um ataque terrorista mais perto de casa, em países onde se vive uma vida pacífica e normal com poucos acontecimentos desta natureza, isto choca mais e mobiliza a sociedade. Ajuda também o facto de quase no imediato e mesmo em directo estes acontecimentos entraram nos nossos olhos e ouvidos por um sem fim de meios, como os tradicionais media, e a Internet nomeadamente as redes sociais. O facto de vermos em vídeo, pouco tempo depois de ter acontecido, a execução do polícia Ahmed num passeio de rua em Paris, é como um soco directo que nos atinge com uma violência grande, pois apercebemos-nos mais facilmente que podia acontecer connosco. Paris é logo aqui ao lado!
Mas eu não tenho duvidas que se em França durante uns meses existirem ataques similares de quando em quando, os últimos a acontecer serão tratados quase como um fait accompli, recebendo o mesmo nível de atenção e mobilização pelo resto do mundo, como os ataques recentes da Nigéria.

E ao mesmo tempo que nos queixamos que ninguém fala da Nigéria, já "nos esquecemos" também dos ataques dos talibans à escola no Paquistão (pelo menos 141 mortos grande maioria crianças) que até já foi no ano passado. E já nos esquecemos da situação (que é ainda) de guerra civil no Leste da Ucrânia.
Como humanos que somos, temos quase todos as mesmas falhas e somos também influenciados pelos acontecimentos do agora e do que se fala nos media e pela Internet. Não nos esqueçamos disso.

Concluindo: sim é injusto que o mundo apenas se revolte com estes atentados quando crimes bem maiores acontecem no resto do mundo que apenas têm direito a um pensamento e uma nota de rodapé. Mas é compreensível que os casos sejam tratados diferentes, porque sendo iguais na essência, são diferentes no resto.

domingo, janeiro 11, 2015

"Voltem para casa se não gostam de aqui estar"

Parece que ainda impera uma certa ideia que o semanário Charlie Hebdo apenas satirizava o Islamismo e por outro lado tinha medo de o fazer com o Judaísmo por causa das acusações de anti-semitismo, que a bem de verdade, surgem muito rapidamente de vários sectores da sociedade quando alguém se vira contra os judeus. Comprova-se é que ninguém se chateia com a sátira ao Catolicismo...
Mas não é bem sobre isto que quero dissertar, isto foi só para começar com polémica.

Uma vez que estou a ver o directo da Marcha Republicana em Paris transmitida pela TV5 Monde, mas imagens da France 2 (canal público francês), é indicado voltar a dissertar sobre temas relacionados que surgiram na sequência dos ataques em Paris desta semana.

Foram perpetuados por franceses, de origem estrangeira. Aparentemente ligados a grupo(s) dito perigoso(s), composto(s) sobretudo por outros franceses de origem estrangeira.
De certa forma é chocante ver pessoas que cresceram e vivem numa sociedade ocidental democrática e livre, mesmo com todos os seus defeitos, virarem-se contra os próprios países. Não é só de agora, basta ver os milhares de europeus que se juntaram às fileiras do Estado Islâmico, trocando uma vida que nos parece boa por outra de violência, intolerância e extremismo.
Perante isto muitas pessoas afirmam, e com uma certa razão, que se as comunidades estrangeiras na Europa não gostam nem concordam com a vida e valores de cá, que regressem aos seus países.
Como disse, é um argumento válido mas que falha um aspecto importante: a maior parte dos jovens que se juntam a grupos extremistas e se viram contra os valores europeus e ocidentais não são realmente estrangeiros. O problema é que não são estrangeiros nem europeus. Na verdade, e sobretudo para eles próprios, não são ninguém.

Eu noto isso pela minha própria experiência, filho de emigrantes em França, e pelo que vejo da familiares meus que estão noutros países, assim como o que vejo aqui na Holanda.
Os 3 implicados nos ataques desta semana eram todos franceses. Sim, a sua origem era em África (Argélia e Mali) mas eles eram nascidos e criados em França. No entanto os seus pais não são franceses (julgo eu) e como muitos outros que eu vejo, apesar de crescerem em França e estudarem no ensino francês, eles deverão ter crescido, como muitos outros, numa comunidade que se considera ainda argelina ou mali ou outra coisa qualquer menos francesa!

Até os filhos de emigrantes portugueses não são nem franceses nem portugueses. Nascem em França mas são filhos de estrangeiros. Crescem, educam e vivem como qualquer outro francês, mas têm sempre o estigma de serem estrangeiros. No entanto de Portugal conhecem apenas as férias, a língua e às vezes nem isso, os familiares distantes, o futebol e com sorte parte da cultura. Conhecem também o símbolo da Federação Portuguesa de Futebol que parecem confundir com o Escudo de Portugal presente na bandeira...
Mas os portugueses e seus filhos são europeus. Partilham muitas coisas em comum com os franceses e integram-se muito bem. Desde há algumas décadas estamos todos unidos na mesma entidade europeia e agora até partilhamos a mesma moeda.
Por isso um franco-português é só uma curiosidade.

Mas aqueles que têm outra cor, outra religião e vêm de outro continente ou qualquer lugar mais distante e diferente, carregam sempre esse estigma praticamente a vida toda. Mesmo passados tantos anos ainda não são vistos como franceses. Mesmo que já o sejam à varias gerações!
Só os bem sucedidos, como os ricos, desportistas, políticos, etc, são vistos como franceses de pleno direito.
Os Kouachi e Coulabily são aqueles que não têm pátria. Por isso são presas fáceis dos radicais que os convencem que eles têm de destruir a casa actual e construir uma nova à imagem deles (deles dos radicais). Isto pelo menos até eles se aperceberem que não podem fumar cigarros ou cenas, ver fotos de gajas nuas, sacar músicas no iTunes ou usar roupas e calçado de marcas ocidentais porque é tudo proibido...

Portanto mandar os jovens que se radicalizam de volta para casa não é solução. Eles não têm casa para voltar, e o país onde estão é a coisa mais próxima de casa que na realidade têm.
A solução passa por fazer da Europa, dos seus valores e ideias, a sua verdadeira casa.
Mas como se faz isto? Eu sinceramente não sei e acho que só o tempo vai resolver este problema.
Mas ainda muitos conflitos vão haver e muito sangue inocente vai jorrar até o equilibro aparecer, e os interesses obscuros que manipulam as peças nos bastidores perderem poder.
Mas depois outro qualquer problema social vai aparecer para trazer este tipo de conflitos de volta à Europa ou a outra parte do mundo.

PS - Como comecei a escrever isto antes das 16:00 e estou a acabar às 19:00, devido às interrupções típicas de quem tem filhos pequenos, parece-me que a qualidade do texto decaiu ao longo dos parágrafos pois os pensamentos "brilhantes" que surgiram ao reflectir nestas vicissitudes duma vida actual na Europa destes tempos foram-se esbatendo ao bater do teclado...

Gustavo Santos e Ana Gomes e o direito à idiotice

Comecei a pensar neste texto logo depois de publicar a dissertação anterior pois foi-me surgindo enquanto tomava duche e quando acabei fui escrever o rascunho com os pontos principais. Entretanto já apareceram textos públicos de celebridades maiores que eu que abordam o mesmo tema, portanto ainda sou capaz de ser acusado de plágio. Que assim seja, têm direito a o fazer e me insultar até, sob o risco de receberem um insulto ainda pior de volta.

Sobre o que escreveu Gustavo Santos já quase toda a gente deve saber. Muita gente criticou e até apareceu a hashtag #GustavoVaiProCaralho por não concordarem com o que ele disse. Para mim ele disse uma idiotice, não tão grave como pode parecer pois realmente ele não afirmou que os cartoonistas mereceram o ataque, mas por insinuar que estas coisas acontecem quando se abusa das sátiras. Para mim a idiotice é não perceber que afirmar que as pessoas têm de se conter no que dizem pois vão existir represálias é aceitar pressões externas, neste caso vindo do terrorismo que nos verga pela imposição do medo, e por outro lado dar a entender que temos de ser todos insossos e politicamente correctos quando se fala de alguma coisa para não ofender ninguém pois isso é mau.

Mas teve outra personagem que disse uma coisa ainda mais idiota, e pelos vistos passou bem mais incógnita pois só vi uma publicação no Facebook sobre ela. Foi a Ana Gomes, euro-deputada socialista, que disse que os ataques eram também resultado do excesso de austeridade (é isso que quer dizer austerismo) na Europa! Sim, a austeridade pode criar cisões na sociedade e levar a actos de revolta, mas estes actos terroristas não me parece. Cara Ana Gomes, estes ataques foram em França onde temos um Governo Socialista no poder cujo presidente queria romper com a tal austeridade e implementar políticas de crescimento.
Depois se a austeridade fosse realmente uma causa possível e factor relevante para levar alguém a cometer estas barbaridades porque é que não houve algo similar quando lá estava o Sarkozy a fazer austeridade com força e a gerar mais divisão social? E porque é que algo parecido não aconteceu ainda na Grécia, Portugal Espanha ou Itália, países que parecem ter sido bem mais afectados do que a França?
Acho que a Ana Gomes quis logo fazer um aproveitamento político de um acto terrorista com ligações extra-europeias, perdendo uma boa oportunidade para ficar calada e demonstrando outra grande idiotice.

Mas o ponto fulcral de toda a recente discussão está mesmo aqui. Apesar de achar idiotas os textos do Gustavo Santos e da Ana Gomes, respeito o direito que eles têm a dar a sua opinião. Aliás se não a dessem não tínhamos coisas para criticar a até insultar. E eles podem responder, com todo o direito, a nós que os atacamos. Podem até mesmo levar o caso à justiça se assim o quiserem.
E é mesmo assim que deve ser e se procede numa sociedade de direito, livre e democrática.

Eu tenho algumas máximas, ou dizeres, pelos quais me rejo a maioria do tempo:
  - Respeitinho (por mim e outros) é bom e eu gosto;
  - A minha liberdade acaba onde começa a liberdade do outro.
Mas por outro lado
  - Nada é tabu nem imune à piada;
  - Do mesmo modo que perguntar não ofende, não nos devemos ofender pela resposta;
  - As opiniões são como as vaginas, cada um tem a(s) sua(s) e dá-la(s) como bem entender.

Sei que nem toda a gente segue as mesmas regras, mas acho que é bom que vivamos numa sociedade onde podemos seguir (certas) regras diferentes e mesmo assim conviver. Certo que de vez em quando a malta chateia-se e outros metem gente em tribunal por difamação ou agressão verbal. É mesmo assim que funciona e assim deve continuar a ser.

Só um outro apontamento: Tenho notado agora que a coisa arrefeceu o aparecimento de vários textos críticos em relação à onda do #JeSuisCharlie e todas as suas variantes. Tem razão quem diz que não somos todos Charlies. Não sei se tem razão em dizer que muitos são hipócritas ao utilizar estas palavras. Acho que estes críticos estão-se a esquecer que a utilização da imagem e destas palavras é também, e digo mesmo é sobretudo, uma forma demonstrar a sua tristeza pelo ataque e solidariedade e apoio às vitimas e pessoal relacionadas. Da mesma forma que o mundo inteiro escreveu #BringBackOurGirls sem que no entanto fossem pais ou familiares das raparigas sequestradas pelo Boko Haram, nem sequer ponderar ir até à Nigéria e ir buscar as raparigas.
Outros terão também usado a hashtag para dar visibilidade aos seus textos, tal como eu notei ao usar esta hashtag tão em voga, e ter de repente mais seguidores e twits re-twitados em poucos dias depois de anos quase no anonimato no Twitter...
Mas sim, também há aqueles que empunharam as palavras apenas para ter aproveitamento e fazer campanha política. Tal como a Ana Gomes tentou sugerir que com as suas políticas de crescimento, estes atentados não aconteceriam...

PS - Quem está a ler é livre de concordar com o Gustavo Santos e a Ana Gomes e eu sou livre de continuar a achar uma idiotice.

sábado, janeiro 10, 2015

A ausência da coerencia de todos nós

Todo este tema dos ataques em Paris tiveram um impacto um pouco maior do que o costume em mim. Como escrevi por ser 1/3 francês e por achar que a França, com a sua maior comunidade muçulmana na Europa, a sua diversidade e sociedade multi-cultural, e enfrentado já problemas étnicos desde há alguns anos, seria o exemplo do futuro da Europa depois de encontrar o equilíbrio semi-perfeito.

Não sei se algum dia chegarei a dissertar sobre isto, pois vários pensamentos já me passaram pela cabeça, já escrevi várias coisas do momento, seja aqui, no Facebook, em comentários a outros blogs e pelo Twitter que se tornou o principal meio de partilhar pensamentos e notícias.

No entanto quero apenas dissertar rapidamente sobre os comentários que tem surgido por todo o lado, e até o que eu tenho constatado e pensado por mim, pois sou por vezes tão incoerente como os outros.

A Carolina ontem disse-me que estava a seguir pela CNN e que era uma maluqueira porque eles só falavam que nos EUA nunca aconteceria isto porque os gajos já eram conhecidos dos serviços de vigilância, enfim o paleio do costume. Parece que os americanos se esqueceram dos irmãos Tsarnaev que fizeram o ataque da maratona de Boston. É certo que esses irmãos era muito mais low profile, mas estavam também referenciados, pelo menos o mais velho, nos serviços de vigilância.

Uma das coisas que mim me chocou é que 2 dos 3 supostos terroristas (terroristas porque espalharam o terror e não por serem necessariamente afiliados de organizações ditas terroristas) já terem estado presos precisamente por ligações a conhecidos, e condenados, terroristas. Li escrito no Le Figaro que o Amedy Coulibaly, de origem mali, que já tinha estado preso e tentou fugir em 2010, foi condenado em 2013 a 5 anos de cadeia. Curiosamente pouco mais de 1 ano e estava cá fora a matar pessoas. Bonito né? E as pessoas perguntam-se, incluindo eu, como é possível isto? Mas por outro lado, muitas outras vezes, às vezes as mesmas pessoas de agora, queixam-se que se vive num estado repressivo e policial e se prende demasiadas pessoas. Portanto Amedy Coulibaly estar cá fora e ter acesso a armas e continuar em contacto com outros malucos como ele, é normal e apenas o reflexo duma sociedade que acha que não se deve punir. Mas depois a mesma queixa-se que se pune pouco, quando as coisas correm para o torto. Tipo como o caso do juiz que mete um assaltante de carros 4 dias consecutivos cá fora apenas com termo de identidade e residência até que o mesmo assaltante, ironia do destino ou justiça celestial, rouba o carro do próprio juiz à saída do próprio tribunal (aconteceu em Aveiro)!

Temos também o caso das pessoas acharem que existe muita pressão sobre os media, e falta de verdadeira liberdade de expressão pois alguém que fale contra o poder estabelecido arrisca-se a perder o emprego ou a ser alvo de investigações e ameaças, mas depois quando 2 palermas levam essas ameaças por diante, muitas das mesmas pessoas já acham que tem de se ter cuidado no que se diz e que não se pode ofender certas entidades ou grupos.
Ao mesmo tempo que se pede liberdade diversas vezes ao longo do ano, estamos dispostos a abdicar de parte dela e ficar caladinhos e quietinhos em relação a certos temas dito polémicos, com medo de sofrer represálias. É esta a verdadeira vitória do terrorismo; basta nos impor o medo e com ele conseguir vergar as pessoas de bem.

E o reverso da medalha de todos estes ataques é que volta novamente a ganhar força as ideias que tudo tem de ser escrutinado e controlado. Falo mais especificamente nas comunicações, incluindo a Internet, e até mesmo da vida privada das pessoas. Já existe um abuso na monitorização das vidas privadas de certas pessoas, e muitos de nós sabemos disso e falamos sobre e contra isso, mas agora, como houve merda, lá vêm os "vira-casacas", que só andam ao sabor da maré, dizer que é preciso controlar, vigiar e escrutinar ainda mais.
Mas os mesmos que agora dizem isso, estarão daqui a uns meses a brandir aos céus a sua revolta por terem de demorar ainda mais tempo a passar a segurança nos aeroportos, que o Google e o Facebook controlam tudo e sabem tudo, e que os Governos estão a ser cada vez mais um Big Brother e ninguém é realmente livre...

Termino com o pensamento que me surgiu logo que li os primeiros relatos que os assassinos gritaram Allāhu Akbar quando atacaram a redacção do Charlie Hebdo.
É conveniente e simples que os atacantes sejam extremistas islâmicos. Da mesma forma que é natural em muitas cidades que um vulgar assaltante seja um negro. Mas o que pensei mesmo é que iriam surgir em pouco tempo as típicas teorias da conspiração que estes actos, tal como os 2 voos da Malaysia Airlines, tal como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico (ISIS), tal como o conflito na Ucrânia, são obra dos Americanos e Judeus (Israel). No caso da Al-Qaeda e do ISIS é verdade até certo ponto. Mas continuando, já era de esperar essas teorias. E na realidade têm pontos válidos, como o conveniente que foi um dos irmãos ter deixado o seu cartão de identidade no carro, eles terem sido cordiais com as pessoas que assaltaram e terem deixado instruções claras para dizerem aos media que eram da Al-Qaeda do Yemen, e como os 3 entraram em contacto com a BFM para repetirem a mesma mensagem, apesar do gajo na Porte de Vincennes dizer que era do Estado Islâmico. E depois são os 3 mortos para que não haja azo a negações e contradições durante o interrogatório (e mais tarde julgamento).
É tudo verdade e verosímil, mas não podemos deixar de notar que num caso como este as autoridades conseguem encontrar muitos indícios e existem várias testemunhas e vitimas que deram declarações. Todas estas pessoas tiveram de ser compradas e se o golpe é dos Americanos, temos de ter franceses e muitos deles críticos do poder, a fazer o joguinho de estrangeiros e do poder estabelecido.
Não se esqueçam que os membros do Charlie Hebdo já criticavam tudo e todos e duvido seriamente que os sobreviventes agora vão ficar calados e pactuar na maior com uma conspiração internacional.

Costuma se dizer que a explicação mais simples e que responde melhor a uma questão é, na grande maioria dos casos, a correcta. É fácil e é conveniente para muitos interesses, mas acredito por enquanto que os principais responsáveis por estes ataques foram os 3 palhaços mais os que os suportavam e influenciaram. Que há interesses maiores e obscuros por detrás de tudo isto, também não tenho dúvidas nenhumas.

O pior disto tudo foram as 17 vítimas mortais, os 12 no ataque ao Charlie Hebdo, a polícia municipal em Montrouge no dia seguinte e ontem as 4 no super-mercado kosher na Porte de Vincennes.
Paz à sua alma e que as suas mortes não sejam em vão e sejam infelizmente um passo triste na direcção correcta que é a vivência cordial e pacífica entre credos, etnias, raças e classes.
Mas até lá chegarmos vão continuar a haver mais vitimas, como continuaram durante estes dias na Nigéria, Iraque, Síria, Líbia, Ucrânia e tantos outros países onde as pessoas matam pessoas porque ainda não evoluímos o suficiente.

quinta-feira, janeiro 08, 2015

Carta aberta a 2 palermas

Ola palermas homicidas,

Ainda não sei quem são vocês, mas tenho agora quase a certeza absoluta que são sobretudo 2. Falou-se em 3 e mais pessoas poderão estar envolvidas, mas as imagens, vídeos, testemunhos e outros relatórios claramente apontam para 2 burgessos que se armaram em Rambo ou em Expendables mas na vez de entreterem o pessoal, como esses filmes, entretiveram-se vocês a meter balas em perto de 2 dúzias de seres humanos, tendo morto metade eles.

Cabrões, filhos da puta. Como disse o meu pai, deviam pegar na AK-47, ou na bazuca que é maior, que vocês usaram contra os outros, e enfia-las pelo cu acima, o mais que puder. E depois disparar as mesmas a ver se gostam.

Cabrões, filhos da puta, suas bestas. vocês acham que mataram o Charlie Hebdo como berraram na rua, tipo vacas com cio? Mataram é o caralho! O que vocês mataram foi pessoas, pelo menos uma delas um outro seguidor do mesmo Profeta e do mesmo Deus a quem vocês bradaram, que defendia a liberdade dos outros, enquanto lhe enfiavam uma bala na cabeça a sangue frio quando o coitado se encontrava ferido no chão. Essa choca mais porque foi filmada, mas de acordo com testemunhos fizeram o mesmo dentro da redacção, chamando uma pessoa de cada vez e executando-a.

Cabrões, filhos da puta, suas bestas do caralho, imbecis da merda. O que vocês ajudaram a matar é a tolerância religiosa (entre outras) e mataram um pouco mais da convivência ente povos diferentes. "Olho por olho, dente por dente" dizem muitos textos religiosos, e temo que muita gente comece a seguir cada vez mais esta ideia.

2 nomes foram dados pelas autoridades. Não sei se são realmente vocês, os grandessíssimos animais anormais que tiveram esta brilhante ideia de bosta de ir matar uns cartoonistas satíricos e outros. Eu gostava que vocês fossem apanhados vivos, que se ouvisse bem a vossa história para se perceber melhor tudo o que passou pela vossa cabeça oca cheia de ódio. Mas acho que vocês, seus cabrões, vão se ver encurralados e entre gritos de Allāhu Akbar vão acabar por se matar (indirectamente), num tiroteio com as autoridades.
Por outro lado era giro que fugissem (novamente) para a Síria ou Iraque, e andassem lá com os outros estúpidos como vocês, porque mais tarde ou mais cedo, ou iriam fumar um cigarrito ou ver umas fotos de gajas nuas e depois cortavam-se-lhes a cabeça porque lá, apesar de toda a gente adorar o Profeta, ainda há menos liberdade do que aquela que vocês querem impor.

Cabrões, filhos da puta, suas bestas do caralho, imbecis de merda, anormais e animais escumalha. Palermas estúpidos. Vocês já "morreram", não há lugar para vocês na sociedade de hoje. Vocês parecem ser cada vez mais mas o dia do ajuste de contas chegará e as vossas ideias e supostas ideologias irão morrer. Mas não o Charlie Hebdo e tudo o que ele representa...

Cabrões, filhos da puta, suas bestas do caralho, imbecis de merda, anormais e animais escumalha. Palermas estúpidos.

Assinado,
Bruno #JeSuisCharlie BaKano

quarta-feira, janeiro 07, 2015

Je suis Charlie (Hebdo)


Aconteceu esta manhã, ainda não se sabe bem o que foi, mas obviamente e devido a todas as circunstâncias e aparentes provas circunstanciais já recolhidas, terá sido um atentado terrorista, quer dizer que foi um acto terrorista não temos qualquer dúvida, para retaliar os vários cartoons satíricos que o Charlie Hebdo publicou ao longo de muitos anos, nomeadamente os que visavam o fanatismo islâmico.

A seu tempo este acto selvagem e mesquinho será reflectido com mais ponderação, apenas queria deixar umas palavras do porquê este acontecimento marcar-me seriamente, mais do que outros que aconteceram.

Eu nasci em França, na região de Paris. Os meus pais ainda moram na região parisiense. Apesar de criado e educado em Portugal sempre senti grande proximidade e afinidade com a minha terra natal. Considero a França como a minha segunda pátria (a Holanda é a minha segunda casa). Devo por exemplo ao ter nascido em França e a proximidade com o país o meu actual emprego (conhecimento do Francês). Considero que da França já saíram coisas muito boas para o resto do Mundo, e apesar de todos os defeitos dos franceses continua a ser um dos pilares fundamentais da união europeia (em minúsculas porque não queria confundir com a UE).
Este ataque e homicídio bárbaro deixou-me muito sentido, também porque é um ataque à comédia e à critica social, que o Charlie Hebdo representa e que tanto eu gosto de ler e mesmo de fazer.

Por todas estas razões: aujourd'hui Je Suis Charlie!

terça-feira, janeiro 06, 2015

Afinal é preciso ter super-poderes no mundo financeiro

Os depoimentos na Comissão de Inquérito ao BES das pessoas envolvidas no Banco e no Grupo chegam a ser hilariantes.
Não fosse a situação ser séria e prejudicial para quem lá trabalha, os clientes, as empresas com quem tinha negócios e até mesmo os portugueses que arriscam-se a ter que financiar esta trapalhada toda, isto que estamos a assistir dava para fazer uma comédia, ou vários espectáculos de stand-up comedy.

Hoje ficou-se a saber que para realmente se poder trabalhar no mundo financeiro, tem de se ser bruxo. Portanto é preciso ter super-poderes. É curioso que muitos administradores e gestores quase que afirmam tê-los quando é hora de pedir honorários ou vangloriarem-se dos bons resultados obtidos, mas quando algo está a correr mal, eles ganham o poder da ignorância ou invisibilidade, e depois quando arrebenta e vem à tona que está tudo f*dido, afirmam que nada poderiam fazer pois, e citando o contabilista do grupo, "não sou bruxo, não podia adivinhar o que se passava"!

Esta é só mais uma frase no meio de tantas outras similares, onde os mandantes do Banco e Grupo afirmam que não podiam prever o que aconteceu, que nada sabiam dos problemas ou que tal como todo o resto do mundo, tinham confiança plena, e cega, em Ricardo Salgado.
Como um deputado da comissão já se queixou, ninguém assume responsabilidade de nada. Quer dizer, o gajo do BES-Angola assumiu, portanto ao menos tem isso a seu favor, mas parece-me que só depois da derrocada é que assume erros.

A coisa mais fantástica que retiro de toda esta situação é que estes grandes gestores e empresários, que quando tudo corre bem chamam a si os louros todos, pagam-se à grande e à francesa e ainda gostam de mandar recados a outros, afinal assumem a sua incompetência nestas alturas.
Era bom que os accionistas, aqueles que realmente são empreendedores e querem que o negócio corra bem e dure muito tempo, se lembrem disto para no futuro manter os administradores e gestores que eles nomeiam com rédea mais curta e não lhes dar mundos e fundos mais carta branca.
Ou então que arranjem alguém com verdadeiros super-poderes, e não apenas alguém que afirma tê-los.

segunda-feira, janeiro 05, 2015

Fascina-me mas já não tenho pachorra

Diz-nos a Porto Editora que política é a "ciência ou arte de governar". Como acredito na ciência, gosto de artes e sei que todos nós temos que nos governar, a política fascina-me.
Ainda para mais quando política é também "conjunto dos princípios e dos objectivos que servem de guia a tomadas de decisão e que fornecem a base da planificação de actividades em determinado domínio". Ora como o nosso dia-a-dia requer planificar actividades e tomar decisões, precisamos de uma política.

No entanto nos dias de hoje nós associamos Política (com P maiúsculo) sobretudo a "orientação administrativa de um governo" e "princípios directores da acção de um governo". E na realidade para muitos de nós, Política confunde-se com Sistema Político, e isso nem se pode sequer considerar um erro. É o que é.

Das coisas mais caricatas são 2 sentidos figurados que atribuímos a política. Ela é a "habilidade para lidar com qualquer assunto de forma a se obter o que se deseja", uma estratégia e uma táctica para esse efeito. É também sinónimo de "astúcia, esperteza e maquiavelismo" e temos de ler estes 3 juntos, para se compreender que não é propriamente uma (boa) qualidade.

É precisamente o casamento entre o Sistema Político com estes 2 sentidos figurados que damos ao termo, que faz com que não acha pachorra para a política da actualidade.
E isto praticamente a nível mundial, apesar do exemplo português ser o que melhor conheço, ou julgo que conheço.

Como já tantas vezes disse, ou escrevi, anteriormente, certos partidos e sistemas são para mim agora obsoletos e custa-me entender como ainda existem, tal como o Comunismo em geral sobretudo o Estalinista. Mas quando vejo o panorama político nacional e as coisas que dizem e fazem, só me apetece esganar toda a gente.

Os Socialistas tiram-me do sério com aquela mania deles, de serem os únicos que têm direito à democracia e o diabo a quatro.
O Mário Soares que conseguiu proibir o lançamento de um livro que descrevia podres seus e da sua família, berra quase sempre desde que o PSD e o CDS/PP chegaram ao Governo, que há défice democrático. E agora com a prisão preventiva de um dos seus, até põe em causa a mesma Justiça que tão bem lhe, e lhes, serviu no passado.
O Sócrates, cujo governo foi dos piores a manipular e pressionar os media, exercendo o seu controlo sobre várias empresas do sector; que ficava escandalizado quando se pedia a demissão de um membro do Executivo que fazia, ou dizia, merda da grossa; agora dispara em todas as direcções e faz-se de pobre coitado.

Mas não ficamos por aqui.
O Paulo Portas, praticamente a única cara do CDS/PP é aquela víbora que já muito critiquei.
Este PSD do Passos Coelho parece ser mais sério nestes tempos, porque está no Governo, mas está carregado de velhas glórias, daquelas que estiveram envolvidas em assassinatos dos próprio líderes (Camarate), que iniciaram o processo de asfaltar e cimentar o país de Norte e Sul, que foram pioneiros na promiscuidade entre negócios públicos e parcerias privadas e instauraram o esquema dos "jobs for the boys" (que o Partido Socialista tão bem assimilou e passou para o nível seguinte).

Dos partidos com representação parlamentar, resta Os Verdes mas esses estão sempre coligados com os Comunistas por isso é para esquecer, e o Bloco é um partido a desintegrar-se e apesar de ser importante que exista para trazer certas discussões e verdades à ribalta, é aquela chamada esquerda caviar que é muita muita parra, mas pouca pouca uva.

Verdade é que existem, ou existiram, partidos de gente que ainda não tiveram oportunidade para mostrar o que valem (ou não valem), gente que é aparentemente decente e discursos e programas interessantes, sem se poder designar como sendo de direita ou de esquerda, liberais ou conservadores, ou outra qualquer etiqueta. Mas a malta não parece lhes querer dar o benefício da dúvida e portanto esses gajos tendem a desaparecer.
E não estou a falar de um Marinho Pinto, para que fique esclarecido.

E é por isto que mesmo tendo fascínio pela política e como funcionam essas coisas, começo a não ter pachorra para acompanhar, comentar ou tentar fazer algo (muito pouco eu sei) a este respeito.
A imagem que escolhi é enganadora mas é um exemplo dos exemplos que a política mundial, não só a portuguesa, nos dão.
Apesar da notícia sobre o fim da ajuda aos sem-abrigo ser devido ao subir das temperaturas, o que leva à desactivação do plano de ajuda especial, é muito irónico que o Facebook sugira como notícia relacionada, logo por baixo, as doações da Câmara à Fundação Mário Soares. Mas temos casos em que uma entidade corta ajudas sociais a desfavorecidos mas ao mesmo tempo gasta dinheiro noutras coisas de interesse duvidoso.
E isto pode dar-se com o PS, com o PSD e com o CDS/PP, e até mesmo qualquer outro partido mais pequeno ou mais ideólogo! Exemplos disto não faltarão e eu até sei de uns poucos.

Como diz uma das definições da Porto Editora, política é a habilidade para lidar com qualquer coisa de forma a se obter aquilo que se deseja. Podem continuar a dizer que é uma coisa nobre e se serve o país e os cidadãos. Idealmente concordo, e por isso até gostava de ser político, mas é tudo conversa da treta e portanto há cada vez menos pachorra para isto.

domingo, janeiro 04, 2015

Estrela cadente

Acabou de acontecer por isso nem leva a imagem a acompanhar pois vai ser "uma rapidinha".

Ele: Ui, uma estrela cadente!
Ela: Pede o EuroMilhões, c*r*lho!
Ele: F*da-se! P*ta que pariu!
Ele (a pensar pra dentro, talvez em voz alta): EUROMILHÕES, EUROMILHÕES!
Ela: Se ainda não tinhas pedido nada, conta!

Portanto terça-feira vamos ser milionários ou excêntricos ou lá o c*r*lho...

sábado, janeiro 03, 2015

Jardim Suspenso da Madeira

Tão preocupados andamos nós com o final do ano, as festas ou o desastre do voo AirAsia QZ8501 que quase parece que este acontecimento histórico passou despercebido.

Alberto João Jardim deixou de ser o líder do PSD-Madeira, e como já tinha anunciado no início de Dezembro, vai deixar de ser o líder do Governo Regional a 12 de Janeiro.
Eu estava convencido que o João Jardim sempre tinha mandando lá na Madeira, mas afinal ele foi apenas o 2° Presidente do Governo Regional. Antes dele houve outro, por 2 anos, que "reinou" de 1976 a 1978. Em 78 foi quando João Jardim assumiu o cargo.

Apesar de ter havido um antecessor, João Jardim mandou durante todos os mandatos do Governo Regional pois assumiu a presidência a meio do primeiro mandato. E venceu 9 eleições regionais.
Depois de quase 37 anos a governar a Madeira como se fosse o seu próprio quintal (apesar de ele ser Jardim) sai finalmente.

Pessoalmente, tinha-me escapado completamente a notícia que ele se tinha já demitido da presidência do PSD-Madeira, ou que não se ia recandidatar novamente. Só soube mesmo que ele estava de saída ao ler a notícia de quem era o novo presidente do partido regional.
Isto é uma marco importante na história política de Portugal, sobretudo da Madeira. Os Portugueses e sobretudo os Madeirenses nem devem saber o que é não ter o João Jardim a mandar por lá e a mandar bitaites constantes para a malta do "Contenante".

O novo líder, e que a 12 de Janeiro deverá assumir o cargo de Presidente do Governo Regional caso o Representante da Republica não dissolva a Assembleia Regional e convoque eleições antecipadas, de seu nome Miguel Albuquerque, já veio dizer publicamente que "não é aos berros que se defende os interesses da Madeira".
Pelos vistos o homem quer cortar com o Jardinismo, mas os opositores afirmam que ele é da mesma escola. O que aliás era de esperar pois se Jardim foi rei e senhor do PSD-M e da Madeira estes anos todos, não parece fazer grande sentido que os membros do partido escolhessem outro que não um sucessor já designado do anterior rei (o Jardim era o Verdadeiro Rei do Carnaval e espero que o Miguel Albuquerque assuma esse lugar também já este Fevereiro).

Por isso apesar de Alberto João sair de cena, eu continuo a pensar que ficará a controlar nos bastidores. Pelo menos a sombra de Jardim pairará sobre os novos dirigentes e por todo os Madeirenses.
Por isso é que o título deste post é Jardim Suspenso da Madeira.
Tal como a Maravilha do Mundo Antigo, Alberto João, que é um dinossauro da política portuguesa, vai continuar a espalhar a sua sombra por toda a ilha e quem lá vive. E no "Contenante" também, pois pelos vistos virá para a Assembleia da Republica, pelo menos de vez em quando.
Os Jardins Suspensos da Babilónia desapareceram e muita gente nem tem a certeza que alguma vez terão realmente existido, mas temo que o Jardim Suspenso da Madeira ainda dure muitos anos, e poucas dúvidas haverão sobre a sua existência.

Já agora, gostaram da imagem que arranjei? É uma das representações antigas dos Jardins Suspensos da Babilónia, com um Alberto João em traje de banho, e gigante tal como o seu legado, por lá. Giro não? Fui eu que fiz.

sexta-feira, janeiro 02, 2015

Esta coisa da parentalidade...

... tem os seus momentos curiosos.
Desde que fomos pais que as passagens de ano foram passadas em casa só entre nós, muito calmas e com a malta (todos, gata incluída) a dormir ainda antes da meia-noite, acordando apenas (menos o puto) para ver o fogo de artifício.
Quer dizer, posto desta maneira até parece que já é uma tradição, mas na verdade só aconteceu nos 2 últimos anos, e o miúdo ainda nem tem 15 meses por isso é natural que assim tenha sido, quase que nem podia ser doutra forma.

Mas a curiosidade da parentalidade prende-se com os próprios comportamentos, ou momentos do miúdo.
Durante a passagem de ano, no meio do caos e terrorismo que é o fogo de artifício aqui pela Holanda, o puto dormiu o tempo todo como um verdadeiro anjinho, sem nem sequer dar um choro ou suspiro durante toda a noite.
E isto com autênticos morteiros a rebentar mesmo ao lado do quarto dele.
Passou impávido e sereno por este espectáculo todo:


O vídeo acima é uma amostra do que por aqui se passa nesta altura e apesar de ter feito o ultimo à 01:00, pelas 3:00 ainda havia gente a lançar foguetes nas redondezas e pouco antes das 4 rebentaram 2 morteiros mesmo junto ao prédio que mais parecia um ataque dos Israelitas na Faixa de Gaza.
Nada disto o perturbou, nem tampouco o facto de entrarmos 2 ou 3 vezes no quarto dele, uma delas para tirar uma selfie (que quase não apanha ninguém) com flash e tudo.


Ontem foi um dia animado, com 2 casais amigos com quem tínhamos partilhado a passagem de ano 2 anos antes e que também agora tem um rebento cada um, e o puto fartou-se de brincar e interagir com as 2 outras meninas. O revés da medalha é que com toda a comoção dentro de casa, ele não fez nenhuma soneca. Muitos diriam que o brincar a tarde toda o deixaria cansado e ele aterraria na cama. Mas não, apesar de perdido de sono foi uma chinfreira descomunal. A pior birra para dormir que alguma vez fez, apesar de já nem ser bem birra, mas sim cansaço extremo que deixa as crianças num estado tal que querem dormir mas nem conseguem. Depois de muitas tentativas (e stresses dos pais à mistura) ele lá aterrou e dormiu quase 12 horas (apesar de um chorito que passou sem intervenção às 3:00).

Mas quando ele adormeceu ontem à noite (ou anoitecer pois foi entre as 19:15 e as 19:30) pensei mesmo: Numa noite é uma maravilha e nada o perturba, na noite a seguir é um martírio para adormecer.
Mas tudo tem explicação. Nós já sabemos que quando ele não dorme nada durante o dia (mesmo que apenas meia-hora em cada soneca) está o caldo entornado ao final do dia. É só mais uma das maravilhas da parentalidade.

Uma nota extra: deixei o vídeo com a amostra da doideira desta malta com o fogo de artifício. Relembro que isto é tudo obra das pessoas que compram (em média €500 por habitante).
Queria partilhar com vocês 2 outros vídeos de conhecidos meus aqui, um em Nieuw-Vennep e outro filmado no centro a partir da Magere Brug, mas eles partilharam no Facebook apenas para os amigos, por isso enquanto não descobrir onde é que estão guardados em cache no meu disco, não posso partilhar outras visões do caos desta noite...