sábado, março 22, 2014

Exerci o meu dever cívico

Ao fim de quase 3 anos e 4 meses fiz neste meu novo país uma das coisas que pretendo continuar a fazer sempre: votar em eleições.
Sou um acérrimo defensor do direito, ou dever, de voto, pois é a única forma que temos de manter a democracia, por si já cheia de defeitos, a funcionar o melhor possível.
E acredito sempre que o nosso voto pode fazer a diferença, mesmo que se ache que vá tudo dar ao mesmo.

Ora aqui na Holanda um cidadão da UE registado pode votar imediatamente para as eleições municipais onde reside. Os outros estrangeiros têm de esperar 5 anos, mas os da UE não e acho que está muito bem.
Tal como já mencionei noutro dia, recebi em casa uma carta com 2 coisas chamadas stempas, que traduzido dá em passe de voto. Ora portanto o eleitor não precisa de se recensear, ao estar registado num município está automaticamente recenseado no mesmo. Mas é necessário usar o stempas para poder votar, pois ele é que é a prova que estamos autorizados para votar.
Para estas eleições recebemos 2, um para a Gemeente (Câmara) e outro para o Stadsdeel (Freguesia).

O curioso é que com o stempas podemos ir votar onde bem quisermos. Para a Gemeente pode ser em qualquer assembleia de voto na cidade, mas para o Stadsdeel tem de ser num local dentro do próprio.
E também podemos delegar o voto noutra pessoa, ao assinarmos o stempas e especificarmos quem vai votar por nós.

Quando fui ver no mapa reparei que existiam imensos locais de voto espalhados pela cidade. Tinha um aqui mesmo no edifício ao lado, a 200 metros ou assim. Julgo que isso é assim para facilitar uma vez que o dia das eleições é sempre a uma quarta-feira daquilo que me disseram os meus colegas. Por essa razão é que os locais de voto abrem das 7:30 até às 21:00.
E aqui vota-se com um lápis vermelho e não se faz cruz. Enche-se um circulo que corresponda ao nosso voto, daí o símbolo das eleições ser precisamente o lápis vermelho.
Dizia um colega meu ontem ao almoço que o lápis vermelho é o melhor método para impedir falcatruas...

Como já tinha dito, já sabia o partido em que iria votar, mas não contava ter um boletim de voto do tamanho de um lençol!



É que aqui na Holanda existe um conceito de eleição directa. Para além de escolhermos o partido, escolhemos também quem queremos que tenha assento na assembleia desse partido. Por isso os boletins trazem as listas completas dos partidos e podemos escolher qualquer um dos candidatos.
No mesmo voto dizemos que partido queremos (portanto a percentagem dos votos totais) mais o nosso candidato escolhido dentro do partido.
Imaginando que um partido recebe votos para eleger 4 deputados municipais, os 4 mais votados da lista desse partido são os que irão ocupar o cargo, e não os 4 primeiros da lista ou os 4 que o partido decida eleger entretanto.

Eu fiquei um bocado confundido; tinha-me preparado para o partido mas agora escolher quem? Acabei por seguir uma regra, a primeira gaja que aparecesse na lista para o partido em questão, porque gosto de gajas.
Se as gajas que escolhi chegaram a ser eleitas ou não, não sei, mas o meu voto contribuiu para acabar com 66 anos de domínio do partido PvdA (Socialistas) em Amesterdão, chegando agora ao poder os sociais-liberais do centro (pois não são esquerda nem direita) do D66.
Eu portanto estou do lado dos vencedores...

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