Não me lembro se já contei esta história, mas se já conto novamente.
Logo nos primeiros tempos aqui nos Países Baixos deu para perceber imediatamente que os pais são diferentes dos pais portugueses. Por pais quero dizer ambos, pai e mãe.
Estava para pagar o estacionamento numa zona comercial e à minha frente estava uma senhora a pagar na máquina e com 2 filhos pequenos (ou seriam 3) mais ao lado à espera. Por trás da máquina era a parede de vidro que separava a área comercial do estacionamento e existiam umas barras de ferro baixas antes da parede, certamente para evitar que as pessoas batessem na parede com os carrinhos de compras. Uma das filhas da senhora tropeça nessa barra e cai de cu batendo com as costas da cabeça no vidro. A mãe apenas olhou para ela. A miúda parecia ser ter aleijado mas acima de tudo estava a ter dificuldades para se levantar por estar presa entre a parede de vidro e a barra. A mãe continuou a olhar, sem se abaixar e dizendo apenas uma frase curta que soou a "Demoras muito?".
Nesta semana que passou (tecnicamente é segunda-feira mas eu ainda considero noite de Domingo) voltei a assistir a um episódio similar que me fez lembrar da primeira história. Mas atenção, estes não são só os 2 únicos episódios deste género que assisti, são simplesmente o mais recente e o primeiro.
Tendo saído do infantário com o Sebastião dirigíamos-nos para o carro e no passeio vinham 3 meninas que tinham saído duma casa, com uma adulta (não sei se a mãe) mais atrás. Uma das miúdas caiu no passeio e começou a chorar logo, certamente magoou-se pela queda que vi. Uma miúda pouco mais velha voltou atrás para a ajudar a levantar-se mas a mulher adulta que vinha mais atrás continuou a sua marcha normal até chegar ao pé delas e nem sequer se baixou imediatamente para ver o resultado da queda.
É assim que a maioria dos holandeses são para os seus filhos. Ao estilo de como os nossos avós foram para os nossos pais, ou até alguns pais foram para connosco (depende da vossa idade, eu falo pelo meu circulo de amizades). Será porque não gostam ou não se importam? Não tenho competência para julgar mas apenas posso dizer que os holandeses que conheço pessoalmente demonstram gostar muito dos filhos, mesmo que não liguem tanto, ou não se preocupem tanto com estas coisas.
Qualquer um destes 2 episódios que contei a acontecer com portugueses, sobretudo em Portugal teria atitudes muito diferentes. Sobretudo das mães, que os pais são tidos como menos preocupados, mais desleixados no entender das mulheres.
Eu noto isso até em casa, onde a Carolina costuma ter um mini-ataque quando o Sebastião tem uma queda mais fora do normal, como aquelas que ocorreram nestas 2 situações.
Eu sou um pouco diferente, um pouco mais holandês, diga-se. Mas pergunto-me o quão influenciado estou por estar aqui, uma vez que sempre tinha pensado para mim mesmo antes de ser pai e de vir para aqui que não podia ser como os mais "melgas" de agora e ser um pouco mais como os de antigamente (ou seja como me lembro de ser quando era novo).
Mas não posso negar que estar aqui tem influência. Nem que seja o mostrar-me que a minha ideia de antes pode estar correcta pois é aplicada por outros povos.
Portanto ficam já avisados para não estranharem quando virem que eu reajo lentamente a uma queda do Sebastião, ou deixo-o andar um bocado à solta e digo-lhe mesmo até adeus e ele vai dar uma volta no elevador sozinho porque não queria sair quando era hora.
Não pensem que não me interesso por ele. Interesso sim, apesar de às vezes me esquecer dele. Mentira, foi só uma vez que no caminho para casa distrai-me e já estava a chegar a casa sem ter ido busca-lo ao infantário. Quando o deixei no elevador não foi esquecimento, foi de propósito só não contava que tivessem chamado o elevador antes de eu carregar no botão, e logo do 8° (estávamos no -1).
Na realidade sou um pai à holandesa. A mãe pode discordar e dizer que sou mesmo é desleixado e despreocupado.
Ao menos ofereci umas Nike ao meu filho que já duraram imenso tempo...
Logo nos primeiros tempos aqui nos Países Baixos deu para perceber imediatamente que os pais são diferentes dos pais portugueses. Por pais quero dizer ambos, pai e mãe.
Estava para pagar o estacionamento numa zona comercial e à minha frente estava uma senhora a pagar na máquina e com 2 filhos pequenos (ou seriam 3) mais ao lado à espera. Por trás da máquina era a parede de vidro que separava a área comercial do estacionamento e existiam umas barras de ferro baixas antes da parede, certamente para evitar que as pessoas batessem na parede com os carrinhos de compras. Uma das filhas da senhora tropeça nessa barra e cai de cu batendo com as costas da cabeça no vidro. A mãe apenas olhou para ela. A miúda parecia ser ter aleijado mas acima de tudo estava a ter dificuldades para se levantar por estar presa entre a parede de vidro e a barra. A mãe continuou a olhar, sem se abaixar e dizendo apenas uma frase curta que soou a "Demoras muito?".
Nesta semana que passou (tecnicamente é segunda-feira mas eu ainda considero noite de Domingo) voltei a assistir a um episódio similar que me fez lembrar da primeira história. Mas atenção, estes não são só os 2 únicos episódios deste género que assisti, são simplesmente o mais recente e o primeiro.
Tendo saído do infantário com o Sebastião dirigíamos-nos para o carro e no passeio vinham 3 meninas que tinham saído duma casa, com uma adulta (não sei se a mãe) mais atrás. Uma das miúdas caiu no passeio e começou a chorar logo, certamente magoou-se pela queda que vi. Uma miúda pouco mais velha voltou atrás para a ajudar a levantar-se mas a mulher adulta que vinha mais atrás continuou a sua marcha normal até chegar ao pé delas e nem sequer se baixou imediatamente para ver o resultado da queda.
É assim que a maioria dos holandeses são para os seus filhos. Ao estilo de como os nossos avós foram para os nossos pais, ou até alguns pais foram para connosco (depende da vossa idade, eu falo pelo meu circulo de amizades). Será porque não gostam ou não se importam? Não tenho competência para julgar mas apenas posso dizer que os holandeses que conheço pessoalmente demonstram gostar muito dos filhos, mesmo que não liguem tanto, ou não se preocupem tanto com estas coisas.
Qualquer um destes 2 episódios que contei a acontecer com portugueses, sobretudo em Portugal teria atitudes muito diferentes. Sobretudo das mães, que os pais são tidos como menos preocupados, mais desleixados no entender das mulheres.
Eu noto isso até em casa, onde a Carolina costuma ter um mini-ataque quando o Sebastião tem uma queda mais fora do normal, como aquelas que ocorreram nestas 2 situações.
Eu sou um pouco diferente, um pouco mais holandês, diga-se. Mas pergunto-me o quão influenciado estou por estar aqui, uma vez que sempre tinha pensado para mim mesmo antes de ser pai e de vir para aqui que não podia ser como os mais "melgas" de agora e ser um pouco mais como os de antigamente (ou seja como me lembro de ser quando era novo).
Mas não posso negar que estar aqui tem influência. Nem que seja o mostrar-me que a minha ideia de antes pode estar correcta pois é aplicada por outros povos.
Portanto ficam já avisados para não estranharem quando virem que eu reajo lentamente a uma queda do Sebastião, ou deixo-o andar um bocado à solta e digo-lhe mesmo até adeus e ele vai dar uma volta no elevador sozinho porque não queria sair quando era hora.
Não pensem que não me interesso por ele. Interesso sim, apesar de às vezes me esquecer dele. Mentira, foi só uma vez que no caminho para casa distrai-me e já estava a chegar a casa sem ter ido busca-lo ao infantário. Quando o deixei no elevador não foi esquecimento, foi de propósito só não contava que tivessem chamado o elevador antes de eu carregar no botão, e logo do 8° (estávamos no -1).
Na realidade sou um pai à holandesa. A mãe pode discordar e dizer que sou mesmo é desleixado e despreocupado.
Ao menos ofereci umas Nike ao meu filho que já duraram imenso tempo...
Sim acho que eles são mais relaxados nestas coisas e a verdade é que os putos não se saem mal, na maioria das vezes deixá-los sair de situações como estar preso entre uma barra e um vidro pode ser pedagógico, leva a aprender a resolver os problemas em que se meteu.
ResponderEliminarMas noutras é muito mau porque já vi e ia atropelando uma criança que vinha de trás de uma carrinha a correr para a ciclovia e a "adulta" nem estava perto...
Acho que o ideal é um meio termo :D
Eu escrevi no texto que não tenho competência para os julgar e deveria ter ido mais além e dizer que não tenho competência para dizer o que é melhor ou pior. Apenas acho que eles agem de forma similar ao que era habitual quando eu fui criado e quando os meus pais foram criados.
EliminarEu considero que a minha geração tem muito boa gente, bastante equilibrada, que infelizmente parece que se esqueceu como foram criados e educados e não fazem igual.
Qt ao exemplo que deste aconteceu em todo o lado, uma amiga minha atropelou (e matou) uma criança em PT que saiu disparada par ao meio da rua e os adultos até estavam por perto. Não acho que lhes dar liberdade aumenta o perigo de acidentes deste género, até pq diria que a maioria habitua-se mais cedo aos perigos da rua...