Como qualquer outro assunto quente nos dias de hoje, a COVID-19 causa muitas reações e polémica nas redes sociais. Por um lado os que estão preocupados, por outro os que estão chateados porque isto não é nada, e obviamente aqueles que acreditam que isto é mentira mas também ao mesmo tempo que isto é uma arma biológica que os Chineses trabalhavam mas largada de propósito para prejudicar a economia da China porque uma empresa qualquer americana já tinha patentes do coronavírus há vários anos. Conseguem ver as incoerências disto?
E depois, existe muita desinformação onde muitos dos media são culpados por nem sequer usarem a terminologia correcta.
E começa logo com o nome do vírus. Se repararem no título vêm que escrevi "e outras doenças", e sabem porquê? Porque o D em COVID vem do inglês "disease" que é doença. COVID-19 não é o nome do vírus mas sim da doença que o mesmo causa. A 13 de Fevereiro (ou seja há mais de 3 semanas) que escrevi, algo irritado, no Facebook que:
- Coronavírus é um grupo, ou família, de vírus, que causam doenças em mamíferos e aves. Nos humanos causam infecções respiratórias que são normalmente moderadas mas alguns, como o SARS, o MERS e agora este último podem ser letais. Os coronavírus foram descobertos nos anos 60. Os primeiros 2 descobertos em humanos foram designados por human-coronavirus 229E e human-coronavirus OC43. Outros membros desta família foram identificados mais tarde, incluindo SARS em 2003, HCoV NL63 em 2004, HKU1 em 2005, MERS em 2012, e agora este novo em 2019;
- Este coronavírus actual foi chamado 2019-nCoV (2019 novel coronavirus) inicialmente mas mais tarde recebeu a designação oficial SARS-CoV-2 (severe acute respiratory syndrome coronavirus 2) o que pode causar alguma confusão pois não é o mesmo que o SARS de 2003.
- COVID-19 é o nome que a OMS deu no dia 11-Fev-2020 à doença actual. Significa "coronavirus disease 2019" mas também é conhecida por "2019-nCoV acute respiratory disease" (2019-nCoV ARD) e "novel coronavirus pneumonia" (NCP). COVID-19 não é o nome oficial do vírus como muitos órgãos de comunicação social, e não só, têm reportado!
- Os pontos anteriores podem ajudar a clarificar porque é que já tivemos outros casos de coronavírus (eram diferentes), porque é que alguns produtos (como o Dettol) dizem que eliminam coronavírus humano (referem-se aos menos perigosos descobertos nos anos 60) e também que de vez em quando aparece um novo perigoso.
- E querem saber? Lá para meados de 2030s vai surgir um novo proveniente de animais (outra vez), vai causar uma nova epidemia e as pessoas vão reagir como agora, escrevendo que o vírus já era conhecido e repetindo as mesmas teorias da conspiração...
Eram certamente só sintomas de constipação ou a minha rinite, mas tinha razão em estar preocupado pois as autoridades holandesas diziam que os riscos eram poucos mas chegou cá na mesma (através de Itália) e já morreu 1 pessoa (até ao momento que escrevo isto).
Então, e estou preocupado em apanhar? Nada disso, mesmo tendo rinite ou bronquite asmática ou coisa que o valha. Tampouco me preocupa os meus miúdos apanharem pois a faixa etária dos 0 aos 9 anos é, até à data, a menos afectada pela COVID-19. Mas a verdade é que já estou a trabalhar de casa desde terça-feira e a minha empresa cancelou vários eventos, assim como muitas outras empresas. O que me preocupa mais é o impacto que esta pandemia possa ter na economia e por conseguinte nas nossas rotinas diárias. Mas parte dele é positivo, bastando ver o quanto baixou a poluição na China nestas semanas. Mas se os miúdos tiverem de ficar em casa durante 2 semanas (e 2 semanas é pouco, trust me I'm an engineer) connosco, vamos dar em malucos!
Mas brincadeiras à parte (vendo bem, não é bem brincadeira) a verdade é que o isolamento social e medidas como trabalhar em casa, não são exageros. Sim, a COVID-19 matou até agora 6% dos infectados (casos fechados) e 15% das pessoas ficam em estado de saúde grave ou critico. E sim, mata sobretudo os mais velhos e quem já tem outras doenças sérias mas se surgir no teu circulo familiar ou de amigos, vai haver alguém que conheces que morrerá!
E sim, há sempre alguém conhecido a morrer (sobretudo agora que estamos mais velhos) mas como perguntei a um colega do trabalho que dizia que ninguém no escritório iria sofrer com isto e estávamos a exagerar com a recomendação de trabalhar de casa: como ficarias se apanhasses e depois morre alguém que conheças e poderás ser tu o "responsável"? E ele não me soube responder...
Muita gente pensa que é uma parvoíce pegada tudo o que está a acontecer, mas para mim estas medidas, que concordo e eu próprio tento seguir, para conter o contágio é tal e qual como a vacinação e a proteção de grupo: temos de as tomar para proteger a (baixa) percentagem que morre se apanhar e também a (não tão baixa) percentagem que fica em estado grave ou crítico.
Mas eu compreendo que duvidem do que estou a dizer. Porque é que a minha opinião é a certa ou conta? Tal como disse o Jürgen Klopp, eu sou um gajo que está de pijama sentado no sofá a escrever isto a um sábado às 6 e tal da manhã. Eu acho que estou informado mas questionem o que escrevi, tal como eu questiono quase sempre as minhas próprias ideias e opiniões. Vejam por exemplo o que tem a dizer uma das maiores autoridades mundiais na matéria, neste vídeo aqui (está em inglês e não sei se as legendas funcionam bem).
E a tal cena das outras doenças? Bem isso era para ser a segunda metade da dissertação quando me lembrei de a escrever há umas semanas atrás. Mas agora escrevi muito mais sobre a COVID-19 e as outras doenças serão apenas o apontamento final, para desanuviar o ambiente.
A COVID-19 é uma doença que está muito associada a viagens (dai afectar primeiro países onde as pessoas viajam muito, depois da China, ponto de origem). Mas desde que me juntei à Atlassian que reparei que muitos colegas apanham doenças quando viajam.
No outro dia um deles esteve 1 semana em Portugal e quando voltou ficou de baixa porque tinha apanhado a Gripe Portuguesa. Se calhar por eu próprio ser português desconheço a doença (deve só infectar os turistas).
Quase toda a gente lá que viaja, tem de ficar em casa 2 ou 3 dias porque estão doentes. Tem lá 2 gajos que já estão num nível mais à frente, porque costumam ficar doentes também 1 ou 2 dias antes de irem de ferias. É curioso não é?
Uma coisa é certa: viajar, mas sobretudo passar por aeroportos, aumenta imenso as hipóteses de apanharmos doenças. Tal como escrevi em cima por causa da COVID-19, estamos num ambiente com milhares de pessoas que vêm de todo o mundo e mesmo que mantenhamos distância, vamos tocar em sítios que milhares de outras mãos tocaram em pouco tempo. Tem toda a lógica as pessoas ficarem doentes quando viajam (e não é por causa dos ares condicionados) e quanto mais se viaja e quanto mais longe é o destino, maior é o risco, E na Atlassian viaja-se muito (em trabalho e em férias).
Mas eu não fico sempre doente quando vou a Portugal ou a outro país aqui ao lado. Mas se calhar qualquer dia tenho de pôr baixa porque apanhei a Gripe Dinamarquesa...
Um ex-colega do Ricardo ficava uma semana doente quando voltava de férias, no mínimo!
ResponderEliminarE os miúdos têm a mesma capacidade de contrair coid-19 mas os sintomas são, por norma, muito menores sintomas o que acaba a passar despercebido.
Quanto à taxa de mortalidade não sei de onde tiraste os 9% mas a WHO diz que é de 34% (https://www.ecdc.europa.eu/en/geographical-distribution-2019-ncov-cases)
Já tivemos (ou se calhar ainda temos) esta discussão pelo FB mas fica aqui tb para quem ler por aqui.
EliminarA taxa da WHO (ou OMS em PT) é 3,4% e aplica-se a todos os infectados. É a oficial mas para mim é incorrecta pq dos casos activos ainda vão morrer alguns pacientes. Os 6% (e não 9%) são dos casos encerrados, pessoas que já não têm. Foi tirado daqui https://www.worldometers.info/coronavirus/
Como escrevi no FB, 3,4% é para o total dos 106 mil infectados (ao momento deste comentário) mas desses quase 44 mil ainda são casos activos, sendo 14% desses casos graves ou críticos. Ou seja vai morrer gente desses 14%, e qd a taxa de novos infectados não aumentar, a taxa de mortalidade oficial aumentará, pq vão continuar a morrer alguns doentes. Por isso é que eu considero os 6% (dos casos encerrados) um valor mais ajustado à realidade. Os 3,4% seriam correctos se todos os casos activos sobrevivessem (mais ninguém morresse) mas não vai ser o caso.
Dos miúdos eu só disse que eram os menos afectados, não que eram quem apanhava menos.
EliminarE acrescento um outro link que explica como se calcula a taxa de mortalidade durante um surto (pois a verdadeira só se sabe quando o surto acaba):
https://www.worldometers.info/coronavirus/coronavirus-death-rate/#correct
E acrescento que várias situações podem levar a uma alteração drástica desta taxa:
- Se por ventura alguém arranjar uma cura (que não acredito pois isto é uma espécie de pneumonia) todos os pacientes podem salvar-se;
- Se os serviços de saúde colapsarem nalguns sítios por falta de meios e/ou doentes a mais, podem morrer mais pessoas que até agora simplesmente por não receberem os devidos tratamentos para as infecções respiratórias.