sábado, março 21, 2020

Comunicação ao povo


Caros leitores, amigos das redes sociais, seguidores ou apenas interessados,

Este é um comunicado ao fim de 1 semana (e 1 dia) de quarentena duma família de 4 (2 adultos e 2 crianças) devido a estarmos com sintomas de COVID-19. Decidi fazer esta comunicação pois tenho recebido vários pedidos de informações e assim esta comunicação cobrirá tudo.

Fazendo um resumo, e para quem ainda não está a par pois fi-lo pelo Facebook, no dia 12 de Março à tarde, tanto eu como a Carolina começamos com sintomas similares aos da COVID-19 (doença do novo coronavírus), depois do nosso filho Sebastião ter tido na semana anterior febre e tosse seca. A diferença é que nessa quinta-feira tínhamos acabado de saber que a mãe de um colega do Sebastião tinha estado em Itália pelo Carnaval e regressado doente, tendo a família dela toda ficado doente depois também. Havia então um elo a uma zona de risco. No dia seguinte telefonei para quem de direito pois estávamos pior mas disseram-nos que não fariam o teste pois só testavam os casos graves (pessoas que precisassem ou fossem hospitalizadas). O fim-de-semana foi assim-assim, connosco a acordar melhor e ficando piores ao final do dia. Na segunda-feira a Carolina estava pior e telefonei ao médico que decidiu vir a casa observá-la. Tensão e nível de saturação estavam bons e não tinha febre na altura (mas tinha tido 40º durante a noite) por isso o médico não achava que fosse COVID-19 mas ele detectou uma infecção pulmonar e receitou antibióticos. Os dias continuaram a ser assim-assim, eu a aguentar melhor que ela e na quarta o médico queria observar novamente a Carolina mas desta vez disseram para ela ir à clínica. Estava admirado do antibiótico não estar a ter efeito, achava que era pneumonia e receitou 1 antibiótico mais forte e um relaxante que era para tomar com inalador. Eu mesmo fui buscar à clínica e ela tomou os 2. Pouco depois começou a sentir-se pior até que teve ataques sucessivos de tosse e não estava a aguentar mais. Chamei uma ambulância e ela foi para o hospital onde finalmente lhe fizeram o teste ao coronavírus. O raio-x veio limpo e diagnóstico do médico é que não tinha pneumonia e a infecção era viral por isso largar os medicamentos e tomar paracetamol e esperar (o conselho típico dos médicos aqui nos Países Baixos). Eu mesmo fui busca-la ao hospital, ela comeu o arroz de pato que estávamos a fazer quando tive de ligar para o 112, e foi-se deitar. Ontem foi novamente um dia mais "normal", connosco a continuar a tossir mas sem febre e sem estarmos piores.

E finalmente ao fim de uma semana de suspeita de termos COVID-19 ficamos a saber o resultado do teste, mas apenas porque eu telefonei para o hospital para saber.
O teste foi negativo.
Por um lado fico desapontado por diversas razões:
  1. É uma desilusão para aqueles que estavam a par, pois afinal tanta coisa e nada, e assim muitos continuam sem ter ninguém conhecido que esteja infectado;
  2. Não temos o vírus mas continuamos doentes por mais de 1 semana, com sintomas diferentes de tudo o que tivemos no passado. Ou seja temos outro vírus qualquer e um pouco diferente do que apanhamos em outros anos;
  3. Podemos vir a ficar infectados com o coronavírus no futuro próximo e passar por tudo outra vez, incluindo nova quarentena;
  4. La se vai a fama e atenção que tive nestes últimos tempos pois metade da audiência vai-se embora desiludida com o plot twist...
E a única mudança positiva que vejo é que podemos relaxar um pouco a nossa quarentena/isolamento, simplesmente porque sabemos que não existe para já o risco de infectarmos outros, mas agora existe o risco (novamente) de sermos infectados. Por isso pouco muda, a não ser que pode vir aqui alguém a casa sem tantos receios, porque é para já uma casa livre de SARS-CoV-2 (o coronavírus).
Por esse motivo vêm a foto de cima, pois aproveitei e fui dar uma voltinha de carro com os miúdos que estavam há 1 semana fechados em casa, só indo brincar no pátio. Só paramos no local de plane-spotting pois tinha muito pouca gente, mas ficamos afastados e não tocamos em nada. Tinha de ser, e os miúdos só de irem de carro a ver as vistas estavam super contentes.

Os próximos dias vão continuar como até agora, estaremos em quarentena mais 1 semana e espero que a tosse desapareça até lá. Para a semana irei trabalhar, mas de casa, como já estava desde o dia 3 de Março. Vamos continuar com o ensino em casa, seguindo o plano dos professores, mas só tendo mais cuidado com a gestão de tempo uma vez que irei trabalhar, mas eu também farei um horário mais alargado com mais pausas para ajudar a Carolina no dia-a-dia.
O mais curioso desta experiência é ver comentários de outros pais (tanto de colegas meus, amigos nossos ou os outros pais da turma do Sebastião) e descobrir que afinal não somos tão maus como pensávamos, ou que os outros não são tão "perfeitos" como pintavam.
Também não tenho dúvidas que vamos aguentar bem estas semanas de distanciamento social ou quarentena, pois para além de já estar muito tempo em casa há 17 dias, passamos 1 semana inteira sem sair (excepto o mencionado em cima), com 2 miúdos e falando apenas cara-a-cara com a Vera que nos veio trazer compras e ninguém se matou nem nomeamos o outro cônjuge para sair (os miúdos sim, nomeamos constantemente). Volta e meia refilamos um com o outro, mas também tivemos um stress extra que ainda não acabou: estamos doentes e não sabemos exactamente do quê.

E agora uma montagem de fotos que espelha a nossa semana (está por ordem cronológica):


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