quinta-feira, agosto 25, 2022

Ainda se questiona a mortalidade durante a pandemia



Há 11 dias estava eu na boda do meu cunhado, e o tema COVID-19 e as mortes da pandemia vieram à baila na nossa mesa, onde estavam 2 grandes amigos meus, os 2 outros membros mais seniores dos S3nhoBoyZ depois de mim, pessoas inteligentes e com quem se pode debater vários temas. Curiosamente um deles até está casado com alguém do sector da saúde, o que poderia dar algum conhecimento extra de quem está por dentro.
Durante a conversa eles vieram com o argumento que muitas pessoas morreram oficialmente de COVID-19 quando morreram de outra coisa, mas porque assim era mais fácil ou menos burocrático. Fosse lá a razão que fosse. Contrapus com aquilo que sabia ser verdade, e um facto inegável: primeiro que a causa de morte era sempre o que os médicos punham na certidão de óbito e não decidida pela DGS, logo se estava errado era culpa dos serviços médicos (e apontei para a estupidez de um médico ter se queixado das mortes inflacionadas no serviço dele quando era o próprio o responsável por especificar a causa de morte) e que em toda a Europa o excesso de mortalidade (o número de mortos a mais para o que é considerado normal) era ainda mais elevado do que as vítimas oficiais da pandemia, prova que as mortes indirectas eram superiores ao normal (coisa que escrevi diversas vezes aqui e meu blog).
Concordaram comigo nesse ponto mas voltaram à carga com outro argumento usado inicialmente pelos "cépticos": que a gripe em 2017/18 tinha feito mais mortes ao que eu rejeitei completamente pois sabia que nem era comparável sequer, a única coisa em que os tais "cépticos" tiveram razão foi no início da pandemia quando morriam muitos em Itália mas em Portugal não, só que Janeiro de 2021 foi uma razia em Portugal e só esse mês foi muito pior que toda a época da gripe (são 6 meses salvo erro) pior que o país enfrentou antes.

Usei então o meu trunfo, há muito tempo guardado e acho que nunca antes partilhado: existem casos sim de pessoas que não terão morrido de COVID-19 mas foram contabilizadas como vítimas da pandemia, só que este tipo de situação NUNCA vi mencionada nos media ou nas redes sociais. E essa situação é qual? Pessoas que morreram sem causa conhecida, em casa, e que levaram COVID-19 como causa de morte pelos médicos para evitar autópsia (a pedido da família). Aconteceu com a minha avó, por exemplo, logo não terá sido caso único no país inteiro (Eu gosto sempre de usar exemplos que entram na linha da excepção que confirma a regra mas que até são desconhecidos pelo "outro lado" para mostrar que não vejo as coisas só com um filtro e que sei/aceito existirem situações não conformes, só que as mesmas não justificam todo o argumento).

Apesar de existirem certamente vítimas "mal contadas", os totais dos números não mentem. Na altura da conversa estávamos a comer e beber e eu não queira fazer o que costumo, mas esta noite antes de ir tomar duche para me deitar, lembrei-me disto e fui ver.
O PORDATA já tem dados sobre 2020 por causa de morte. Pode-se ver que não existe redução nas mortes por outras doenças, algumas até subiram (o esperado pois o SNS estava a rebentar pelas costuras) e só doenças respiratórias baixaram (lógico, a COVID-19 entraria neste grupo) mas temos 7107 mortes por COVID-19 para além das outras: Óbitos de residentes em Portugal por algumas causas de morte
Quando aparecer os dados de 2021 será na mesma linha.

Portanto eis o comprovativo de tudo aquilo que disse e que na verdade já sabia.
Não sei se os meus amigos ficaram convencidos na altura, mas tentei argumentar sem contrariar e apenas tentando mostrar a falha dos argumentos sobre pessoas terem morrido de COVID-19 durante a pandemia mas que teriam morrido na mesma de outra coisa qualquer.
Não, morreram mesmo pessoas de COVID-19 que não teriam morrido de outra coisa qualquer e teremos também mais tarde a confirmação estatística que morreram pessoas de outra coisa qualquer que sem a pandemia não teriam morrido (especificamente por falta de cuidados médicos que teriam em circunstâncias normais).

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