sexta-feira, fevereiro 09, 2018

Decisões do momento


Ontem à noite, depois das crianças estarem a dormir estávamos a conversar os três, eu, a Carolina e a minha mãe, sobre horários de trabalho e ter de tomar conta dos filhos e a conversa rumou para quando a minha mãe estava em França e começou a trabalhar. Fiquei a saber que afinal o que motivou mesmo os meus pais terem mandado o meu irmão e eu para Portugal para ficarmos com os meus avós paternos foi o não terem ninguém para tomar conta de nós, quando ela começou a trabalhar. Não foi essa a única razão mas terá sido pela menos essa a responsável pelo momento em que fomos para Portugal.
A minha mãe arranjou emprego num supermercado, o Monoprix e tinha de começar cedo, às 6:00 ou antes. O meu pai quando trabalhava mais longe também tinha de sair por volta dessa hora de casa, portanto não havia nada aberto. A maioria das senhoras que tomavam conta das crianças não aceitavam tão cedo até que a minha mãe perguntou a uma vizinha espanhola que disse que podia tomar conta sim (e levava o meu irmão junto com a criança dela à creche, às 8:00 ou assim). Só que a espanhola ia de férias nesse Verão e a minha mãe telefonou aos pais para virem buscar os netos. E foi assim que com mais de 40 anos fiquei a saber com detalhe porque é que com pouco mais de 7 meses deixei a França para ficar com os meus avós a maior parte do tempo.

Mas não era sempre, durante os 3 anos seguintes, mais coisa menos coisa, passávamos muito tempo com os meus pais em França, porque nenhum de nós estava na escola. E foi numa altura dessas que a minha mãe teve outra decisão num momento, decisão essa de grande importância.
Voltando um pouco atrás, como acabei de escrever no parágrafo anterior a minha mãe arranjou emprego num supermercado, como femme de ménage, ou seja mulher da limpeza, junto com outras 3 ou 4 portuguesas. Na altura eram todos empregados da firma, não como agora que esse tipo de tarefas são subcontratadas a outras empresas. A minha mãe contou que já tinha dito ao meu pai que não queria ficar como mulher da limpeza e assim foi. Uma senhora da fruta saiu ou estava indisponível e a minha mãe foi para lá trabalhar. Passou também pela peixaria mas foi na parte dos queijos e da charcutaria que ela mais gostou de trabalhar e mais aprendeu. Mas depois alguém voltou e já não havia lugar na loja, a minha mãe não queria voltar prás limpezas então veio para a chômage (o desemprego).

Estava ela no desemprego, e a fazer horas como femme de ménage noutros sítios quaisquer mas pela calada, quando o meu pai teve um grande acidente numa obra, resumindo foi atropelado por uma escavadora ou bulldozer. Nós estávamos por lá, e se percebi correctamente era Verão. Num sábado, a minha mãe pegou no meu irmão e em mim e foi fazer compras ao hipermercado Euromarché. E lá ia ela com o carrinho das compras e nós lá dentro, eu com um carrinho e o meu irmão com um livro segundo ela, e viu um folheto a pedir uma pessoa para a loja. Foi perguntar e mandaram-na falar com uma senhora do stand dos queijos e charcutaria. Depois de uma breve conversa a senhora perguntou se ela podia começar. "Quando?" pergunta a minha mãe. "Na segunda-feira" disse a senhora. E a minha mãe disse que sim, pois o meu pai estava em casa de baixa não havia problemas de quem ficava com os filhos.
E assim foi, a minha mãe foi com os filhos fazer compras num sábado e arranjou emprego a começar daí a 2 dias!
Contou ela que ao fim de 2 semanas a chefe do stand ia de férias, perguntou-lhe se ela sabia fazer o inventário e como a minha mãe sabia, deixou a minha mãe responsável pelo stand.
E foi assim que numa decisão do momento definiu a carreira da minha mãe que trabalhou em hipermercados, sobretudo nos queijos e charcutaria durante quase 30 anos.

Eu pensei que com esta história eu também podia contar a minha decisão do momento que definiu a minha carreira e foi a principal responsável por estar aqui hoje onde estou, mas a verdade é que já contei o episódio e de como tomei a decisão há quase 3 anos atrás.
Posso só acrescentar que essa foi a primeira parte da decisão, decidir que queria trabalhar com computadores. Mas houve outra que também tomei num momento igualmente importante.
Estaria ainda no primeiro ano do curso Técnico-Profissional de Informática quando o professor, cujo nome me esqueci, de Cálculo Numérico nos diz numa aula que se fossemos bons podíamos arranjar o estágio no Centro de Estudos e Telecomunicações (CET) e depois ficamos por lá como outros colegas no passado, a ganhar bom dinheiro e a conduzir altos carrões. Essa frase fez-me logo decidir nesse momento que ia escolher estagiar lá. E assim foi. Apesar de ter de esperar vários meses, já outros colegas tinham acabado os estágios deles (feitos no Verão, Julho a Setembro) e já eu tinha recusado 2 ofertas de estágio, teimando que tinha de ser no CET. Em Novembro ele lá começou e lá fui escolhido para o projecto da ELD (o primeiro estagiário sem Ensino Superior que aquele departamento escolheu) que envolvia a SISTEL (vejam a foto deste outro texto), mais tarde NEC Portugal, e que me levou a ter este percurso até agora...

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