Setembro foi o mês ... e Novembro já está à porta

Foi à praticamente 2 meses que publiquei aqui qualquer coisa e o blog ficou assim, parado. Mas várias vezes estive para publicar algo.
Pensei em finalmente acabar um texto sobre uma das voltinhas que se tornou das minhas favoritas aqui, coisa que ando para fazer desde Agosto do ano passado mas que sempre que vou a esse texto tenho aquilo que é designado por writer's block, também conhecido por bloqueio criativo.
É um problema que tenho muitas vezes. Dou por mim a criar textos que me parecem fixes quando vou a conduzir, ou a fazer outra coisa qualquer banal mas depois quando ao fim do dia tenho tempo e pego no computador para passar para o papel virtual que é o blog, fico sem inspiração, que é como quem diz não me recordo de mais de metade do que "criei" antes ou então a coisa já me parece fraca e desisto.

Estive também em Portugal a segunda metade de Setembro e várias vezes arranjei um tema para escrever. Mas apenas uma vez peguei no computador para começar a escrever. O título ia ser "Como um desterrado" mas depois lembrei-me que já tinha usado esse título antes e estava certo.
Então mudei para a "A problemática do emigrante" mas sem estar plenamente satisfeito. Enquanto me debatia com o alinhavar da coisa e ao mesmo tempo ver se arranjava um título brilhante (eu tento sempre arranjar títulos brilhantes que por si sós atraiam a curiosidade dos internautas) tive de ir fazer outra coisa e reparei agora há pouco que nem um rascunho ficou guardado. Que chatice.

A problemática não é uma, são várias, e eu sofro bastante quando vou a Portugal. Raramente saio satisfeito de lá. Porque cada vez mais o país e as pessoas me parecem diferentes, porque nós deixamos o país e as pessoas num certo ponto, mas a vida avança para todos. Quando voltamos a nossa recordação é do ponto anterior mas entretanto passaram-se meses, quiçá mesmo um ano, ou no caso de alguns lugares e pessoas passaram mesmo anos, e por isso está tudo num ponto mais avançado.
Eu venho sempre insatisfeito porque faço menos de metade do que queria fazer e nunca estou o tempo que queria com as pessoas (algumas não estou sequer tempo algum).
E mesmo quando passamos algum tempo com velhos amigos, existe agora uma certa distância que não havia antes, pois é preciso recuperar parte do que se perdeu durante a nossa ausência e por isso o primeiro contacto e os primeiros momentos são sempre um pouco estranhos.
E agora que temos não 1 mas 2 crianças pequenas tudo isto é aumentado pois o tempo e a atenção para os amigos e para os lugares é ainda menos.
Por isso é que muitas vezes quando regresso de férias passadas em Portugal e sobretudo as férias que foram apenas passadas em Portugal que na realidade não são mesmo férias, existe um período que fico mais desligado. É aquele período de reflexão e aceitação que agora sou um outsider, um estranho, tanto aqui onde estou agora como também na minha terra que me viu crescer.

Não é também alheio o facto de voltar para uma mudança profissional que é mais mudança no papel do que na realidade.
Apesar de não ser antes trabalhador da IBM eu trabalhava para a IBM. Agora não, trabalho para uma empresa indiana que se chama HCL Technologies (apesar de quase toda a gente apenas dizer HCL) mas estou a fazer precisamente a mesma coisa que antes e continuo aliás a trabalhar no edifício da IBM apesar de que os planos são de ir para outro escritório assim que eles arranjarem um aqui na zona de Amesterdão.
Portanto mudei de emprego sem ter mudado (até porque continuo como contractor pela mesma agência que antes).
E continuo a sina de trabalhar para empresas cujo nome é uma sigla de 3 letras e a cor da empresa é o azul!
Foi por essa razão que a 8 de Julho partilhei no Facebook este triste constatação aqui do blog fazendo sobretudo referência à ultima parte. Porque nessa altura sabia que iria ser HCL.
Estava optimista nesse dia, entretanto fiquei menos mas sem que as razões que para o tal optimismo tenham mudado. A ver vamos, mas como acabei de dizer na prática é tudo igual a antes, pelo menos até Setembro do próximo ano.
Depois logo se vê, como tem sido a minha maneira de ver as coisas desde que vim para aqui. Não vale a pena planear a longo prazo, de repente muita coisa pode mudar por isso depois logo se vê.

Por exemplo amanhã posso ficar milionário e assim os planos mudam logo, mas mesmo que isso aconteça também é preciso ter calma e esperar, mas se isso acontecer vocês vão ver eventualmente, pois este texto tornar-se-a eventualmente o último do blog...