sexta-feira, agosto 19, 2016

Ele não para


Na terça-feira passada estava a falar com o Bren no trabalho sobre os miúdos pois ele também tem um rapaz um pouco mais velho que o Bastião mas que é do mesmo género.
E contava-lhe eu que num destes dias, talvez no fim-de-semana, a Carolina estava no sofá da sala com a Amélia ao colo, eu estava de pé entre a mesa e o sofá a conversar com ela e o Bastião andava a correr à minha volta, a fazer um barulho qualquer, sem parar. Eu lembro-me de olhar para a Carolina com ar resignado e pensamos os dois ao mesmo tempo: "mas fazer o quê?".

O Bastião é assim, não para. Tal como o filho do Bren aparenta ser, ele tem uma energia quase infinita. Eu tenho muitas dificuldades em o acompanhar, em ter pedalada para ele. O que vale é que ele ainda é pequeno e relativamente leve, o que faz com que eu ainda o consiga apanhar e segurar. Mas mesmo assim é difícil. Ele tem muita força, provado por ele conseguir pegar no saco do lixo do chão, que a Carolina acha pesado, e metê-lo no contentor (são baixos, ficam à altura da cabeça). Ou no outro dia que fomos levar o Tio João e a Tati ao aeroporto e ele andou a puxar a mala do tio que pesava 10 quilos ou mais.

Poder-se-ia dizer que é por eu ser gordo e não estar em forma que sinta dificuldades em o acompanhar mas o meu cunhado, o Tio João do Bastião, esteve cá de visita rápida e num dos dias virou-se para a namorada, a Tati, e disse algo como (eu não vi, foi a Carolina que me disse) "Agora és tu que eu já não aguento mais". Os meus pais já não têm coragem de sair com ele à rua sozinhos, quero dizer apenas um deles, e mesmo com os dois sabem que é complicado, pois caso lhe dê para sair disparado não os estou a ver a apanha-lo pois o meu pai não consegue correr e a minha mãe não tem perfil de atleta...

Mas não é só na actividade física que o Bastião não para. Ele está naquela fase em que não para em tudo. Quer fazer tudo e não sabe quando parar. Fala, fala e não para de falar. Quando pega no tablet para ver vídeos no YouTube não sabe parar para ver um até ao fim e está sempre a mudar, nem para de ver. Até a lidar com a Amélia, que é dar beijinhos e abraços, ele não para, só quando nos chateamos porque já está a incomodar a pequena.

Mas o episódio mais caricato em que a frase "ele não para" saiu mesmo como uma espécie de queixa, foi na creche.
Não sei sinceramente se cheguei a falar nisto por aqui, mas há uns tempos disseram-me na creche que ele não falava nada em holandês e notava-se que percebia quase tudo, mas na mesma estava a ficar para trás dos outros. Pediram-me para praticarmos mais o holandês aqui em casa, o que vai até contra quase tudo o que está escrito para ambientes bilingues, em que os pais devem falar a língua nativa sempre em casa pois os miúdos vão aprender a outra no exterior. Não ligamos muito ao que me disseram e continuamos na mesma.
Verdade é que chegou aquele momento em que lhe fez o clique e o Bastião passou do não falar quase nada para falar quase tudo. Há umas semanas disse-me uma educadora "ele agora está sempre a falar, fala muito" e 2 semanas depois diz-me a educadora espanhola com ar algo cansado "ele não para de falar!".

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