sexta-feira, abril 29, 2016

Eu sou a favor do Brexit


Hoje ao levar o Sebastião à creche notei que havia mais lugares de estacionamento vagos do que o costume. Ao ir depois para a IBM notei menos trânsito e na IBM estava tudo muito calmo, nem sequer havia ninguém a ir ou vir do bar nem à espera do elevador. Ao almoço pouca gente e a cozinheira tinha muita comida de sobra às 13:00 (normalmente já tem pouco a essa hora).
Em Portugal costuma-se dizer que os portugueses adoram pontes mas parece-me que em países onde se trabalha muito também se faz, e aqui sendo tudo melhor é logo uma ponte de 2 dias. Claro está que a ponte é feita à custa de dias de férias, na maioria senão na totalidade dos casos, mas muitas das pontes que os trabalhadores portugueses têm também são dias de férias.

Mas obviamente não é por causa de pontes e férias que eu vou falar do Brexit. Eu queria aliás falar de várias coisas: as pontes (já foi no parágrafo anterior), kebabs, a exploração de petróleo no Algarve, o Brexit e uma outra coisa qualquer mais pessoal que agora não me lembro porque a minha cabeça viaja muito depressa e de repente já estou noutra onda...

Vamos lá ao tema principal: Eu não quero que o UK saia da UE, ou melhor dizendo eu preferia que nenhum país saísse da UE, mas estamos mesmo a precisar que um saia e o UK é o mais indicado pois sempre se considerou à parte dos restantes.
A razão para querer que o Brexit aconteça é somente uma, e é sobretudo prática: eu quero ver o que acontece realmente e se é bom ou mau, tanto para a UE como para o país que sai.
Com tanta gente a dizer que o estado actual de tudo (que concerne a UE) é muito mau e que tem de se romper com tudo, eu quero saber o que acontece mesmo num caso prático.

É um paralelo com o que aconteceu na Grécia e eu ter ficado contente com a vitória do Syriza. É um tira-teimas!
O Syriza defendia um caminho diferente, sobre o qual eu tinha muitas dúvidas. Só para esclarecer eu sou da opinião que as medidas de austeridade aplicadas na Zona Euro aos países em crise de dívida pública foram mal feitas e devia-se ter feito muito melhor ... MAS ... não acreditava, e continuo a não acreditar, que as ideias do Syriza, e de muitos partidos de esquerda noutros países como Espanha e Portugal, iriam funcionar.
O resultado até agora parece-me dar razão: o Syriza vinha acabar com a austeridade e no final ficaram com ainda mais austeridade!
A questão é que muita gente põe as culpas desse falhanço na UE que são uns maus. E por isso põe-se em questão todo o projecto Europeu e por conseguinte como a UE só faz a maioria dos países ficaram piores para benefício apenas de uns poucos, sobretudo a Alemanha, deve-se acabar!

Já o disse várias vezes no passado e volto a dizer: eu sou um europeísta convicto. Acima de tudo sou europeu e depois é que sou português. Acredito no projecto europeu e na UE, e acho até que devia haver mais federalismo.
O projecto em teoria é uma coisa espectacular e toda a gente, sem excepção já beneficiou do livre trânsito e livre comércio.
Mas então o que está errado na UE? Parece ser a implementação e gestão da mesma. E porquê? Porque a UE é gerida pelos mesmos políticos que todos nós, em quase todos os países que constituem a UE, achamos serem uns merdas. É até pior, porque muitos dos que estão nas entidades políticas da UE já foram "corridos" do próprio país depois de terem feito asneira ou arruinado ainda mais, e à boa maneira política foram responsabilizados ao serem promovidos para um tacho na Comissão ou no Parlamento.
Portanto a UE é governada pelos mesmos políticos que arruinaram os estados membros, logo o mais certo é que arruínam também o projecto europeu!

Sendo assim parece fazer sentido acabar com a UE, e parece fazer sentido que acontecendo o Brexit o UK vai ser beneficiado. Mas será que é mesmo assim?
Eu acho que não. Tendo lido algumas coisas e vendo o impacto da UE no dia-a-dia de muita gente e sobretudo dos negócios, a minha opinião formada mas também a minha intuição é que a maioria das pessoas desvaloriza os benefícios da União.
Até mesmo um país como o UK que sempre se quis manter mais afastado do continente, ganhou e muito com a UE. E a maioria dos argumentos, sobretudo os mais populistas para saírem da UE estão errados e à boa maneira da propaganda política chegam a ser mesmo uma mentira berrante.

Estarei eu certo ou errado? Como sinceramente não sei, o ideal é mesmo termos um caso de exemplo prático, para servir ao menos de referência para outros. E como sou Português e vivo na Holanda, acho que o melhor é o exemplo ser noutro país. O UK é o país indicado.
Depois é que vemos o que acontece, o que ganham e o que perdem, e o que o resto da UE ganha e perde ao perder um estado membro.
Assim abre-se também um pressuposto pois não existe nenhum tratado que preveja a saída de um Estado Membro. Muita coisa foi pensada na UE mas pelos vistos nunca ninguém pensou neste cenário. E isso garante pelo menos uma coisa: no caso do Brexit ganhar o referendo, vai dar logo confusão nem que seja na parte prática de sair da UE, terminar todos as interligações e protocolos existentes e ter que fazer novos. Da decisão à execução final da coisa se calhar vão passar anos e nem me admira que nada aconteça e fique tudo na mesma.

É que os suíços também votaram num referendo qualquer reduzir em 40%, ou seria reduzir em 40000, os estrangeiros a trabalharem lá pois os imigrantes só trazem problemas na cabeça de muita gente, e que eu saiba o resultado prático foi ZERO, sobretudo quando muitas empresas sobretudo bancos vieram dizer que se fosse avante ficariam sem trabalhadores suficientes para manter o negócio (que traz muita riqueza ao país no geral).

E outra coisa parecida é que muitas pessoas abstêm-se de votar ou nem querem saber até estarem perto duma desgraça. As eleições regionais em França de 2015 mostraram-nos isso. Depois duma primeira volta em que a Frente Nacional, de extrema-direita, foi o partido mais votado e arriscava-se a ganhar várias regiões, mais de 2 milhões de franceses que não votaram na primeira volta foram às urnas, assim como votaram diferente e mesmo apesar da FN ter tido mais votos que na primeira volta, ficou em 3° e não ganhou nenhuma região.
Nós estamos a precisar de algo do género, que é estar perto de acontecer um desastre para inverter a tendência das coisas.

Se eu estiver enganado ganha-se também qualquer coisa, que é acabar com estar versão da União para se construir uma nova, logo de seguida ou mais tarde com mais foco nos valores que realmente interessam.
Mas isto só pode acontecer se os líderes europeus respeitarem a vontade dos eleitores, pois temos visto que muitas vezes ignoram resultados de referendos quando os mesmos não lhes convém.

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