Já se passaram mais de 3 dias desde as eleições e curiosamente eu ainda não sei bem quem é que vai formar Governo. Pela comunicação do Cavaco ele pediu ao Passos Coelho, mas pediu um entendimento e isso pode não estar garantido. Pelo menos temos uma coisa boa, ou uma coisa que eu gostaria, que é a necessidade de um entendimento a 3 partidos para pelo menos aprovar o Orçamento 2016. Daí para a frente já não sei o que vai dar...
As eleições surpreenderam-me pois esperava menor diferença entre a coligação e o PS. Também não contava com tantos votos no BE e CDU, ou melhor tantos mandatos para esses 2 partidos e contava com mais partidos pequenos a elegerem 1 ou 2. Ainda faltam apurar 4 mandatos, mas esta imagem retirada do JN é inteligente na medida que faz a tradicional divisão dos votos dos emigrantes (onde eu me incluo) de 3 para a direita e 1 para o PS).
Mas posso vos dizer que não votei em nenhum dos partidos com representação. Não estou triste com o meu voto e não estou triste por aparentemente não contar para nada.
E também admito que não estou triste por a coligação no poder ganhar novamente as eleições. Caso não fosse clara a minha posição pelo que fui escrevendo antes, eu não acreditava nas ideias e no programa do PS, e sobretudo desconfiava e muito do António Costa, e a coligação parecia-me ser o mal menor.
Mal menor porque alguns indicadores económicos sugerem uma melhoria do país, mas por outro lado outros sugerem que os problemas continuam lá, à esperar de brotarem novamente à superfície.
Na falta de uma terceira via viável, do que li alguns pequenos partidos até tinham essas ideias nos seus programas mas era sabido que nunca chegariam ao Governo, eu prefiro a continuação no mesmo caminho sobretudo agora que sem maioria absoluta é preciso fazer algo diferente.
Em princípio este Governo será de 2 anos apenas e teremos alguma seriedade e responsabilidade nos próximos 2 Orçamentos, mas também sabemos que nenhuma reforma será feita e vamos continuar com o barril de pólvora debaixo do cu e com o rastilho muito perto das faíscas.
E então a solução alternativa de uma coligação de esquerda? Sinceramente acho uma parvoíce por diversas razões.
Primeiro acho que deve ser convidado a formar governo o líder do partido ou coligação que teve mais votos. Se tivesse sido o PS a ganhar com 1 deputado a mais, deveria ser o Costa o primeiro a ser convidado. Para mim é simples: tenta-se primeiro com a maioria relativa, se correr mal tenta-se com outra maioria (caso apareça entretanto um acordo).
Segundo, a coligação de esquerda parece-me parva porque até ao Domingo à noite a CDU e o BE teriam afirmado (digo teriam pois não estou a par de todas as declarações) que não estavam dispostos a formar governo, mas de repente estão. E depois porque CDU e BE na mesma coligação parece-me que vai dar muito chispe. Mas na realidade nunca se sabe o que pode resultar. Sabemos que muita gente quando se apercebe que o verdadeira tacho é uma possibilidade mudam logo. Basta olhar para o Syriza que era supostamente radical, tornou-se governo e abraçou a austeridade e no meio disto viu-se livre dos radicais (eram 25 deputados) que formaram novo partido (com o apoio do Varoufakis) e não elegeram um único deputado!
Isto é um pouco à semelhança do BE. O BE passou por momentos conturbados e vários elementos saíram indo formando outros partidos ou movimentos. Aparentemente isto ia fragilizar o BE que teria ainda menos votos mas foi o contrário. O BE teve, para grande surpresa de quase toda a gente, o melhor resultado de sempre, e os dissidentes não elegeram ninguém.
A lista de deputados eleitos do BE é também a mais interessante. Tem uma actriz, uma doméstica, 2 estudantes e uma operadora de call center! Tem também um deputado que é deficiente motor e anda de cadeira de rodas, o primeiro a ir para a Assembleia que já está a ver o que é necessário para ele poder se deslocar (é triste que a nossa Assembleia não esteja devidamente preparada para a mobilidade reduzida, quando é até de lei).
Mas não acreditando eu na ideologia e linhas gerias do BE, dou-lhes o valor de terem pessoas mais comuns, mais próximas dos cidadãos. E obviamente tínhamos de ter a Mariana Mortágua no parlamento. E agora com a vantagem que teremos a irmã gémea dela, portanto 2 "Marianas" é melhor que 1.
Ali mais acima falei dos votos dos emigrantes, ainda por apurar. Foi um assunto bastante falado, a emigração. Falou-se até para os emigrantes, certamente porque muita gente pensou que os 4 deputados que a emigração elege poderiam desempatar a coisa (na verdade não vão alterar nada). E sobretudo porque com tanto emigrante que saiu nos últimos anos descontentes com a coligação iriam votar todos à esquerda. Certo? Errado...
Andei a ver uns números, no site do Observatório da Emigração e os eleitores inscritos nos círculos da emigração (CNE).
A primeira coisa que pensei, pois já vi muita gente fazer-se essa pergunta, é como era possível que com tantos portugueses emigrados se elegessem apenas 4 deputados?
Na verdade Portugal tem mais de 4 milhões de portugueses registados na rede consular. 4 milhões, equivalem a quase 40% dos portugueses que residem em Portugal.
Olhando só para a Europa, pois a proximidade é maior e serão os emigrantes que sentem mais ou estão mais a par dos acontecimentos e problemas do país, vi que 1,8 milhões dos portugueses registados no estrangeiro entre 2001 e 2011 nasceram em Portugal. Portanto são mesmo emigrantes, não portugueses nascidos no estrangeiro.
Mas mesmo com tantos portugueses fora apenas pouco mais de 240 mil estão recenseados.
É lógico que com um número tão baixo de eleitores, os mandatos têm de ser poucos.
Mas pode ser uma pescadinha de rabo na boca. São poucos mandatos por isso são poucos eleitores, e são poucos eleitores logo são poucos mandatos.
A mudança passa pelos portugueses no estrangeiro agirem mais, até porque a abstenção nos 2 círculos da emigração é sempre muito elevada.
É preciso ver que as dificuldades para votar ou recensear não serão alheias a isto. O voto de agora no círculo europeu até era por correio mas teve falhas. Mas para os outros era preciso descolar-se a um posto consular, para alguns casos isso fica noutro país.
Da mesma forma o acto de recensear. Se obrigar a deslocação ao consulado pode ser complicado para muitos emigrantes. Por acaso para mim deu para fazer tudo por telefone e e-mail.
Por isso o processo deveria ser facilitado para toda a gente, com mais vantagens claras para quem está longe. A opção de voto electrónico tem que ser considerada. Com autenticação seja por recurso ao certificado do Cartão de Cidadão ou por palavra passe como a das Finanças que é agora usada para muitos serviços públicos online. E não tem de ser exclusiva aos emigrantes, pois facilita também o voto a quem está longe ou não pode se deslocar no dia do voto à sua freguesia.
E para acabar, o que é que vai acontecer agora? Sinceramente não sei. A única aposta que faço é que o Governo e este Parlamento só duram 2 anos. Quando houver novo Presidente e quando as condições, sejam as económicas sejam as políticas (sobretudo no PS) foram as propícias a um ou outro resultado, o Governo cai.
E pode ser nessa altura que apareça uma novidade, ou uma terceira via e se tente algo de novo nunca tentado no país até agora. Ou não, se calhar teremos mais um caso de vira o disco e toca o mesmo...
As eleições surpreenderam-me pois esperava menor diferença entre a coligação e o PS. Também não contava com tantos votos no BE e CDU, ou melhor tantos mandatos para esses 2 partidos e contava com mais partidos pequenos a elegerem 1 ou 2. Ainda faltam apurar 4 mandatos, mas esta imagem retirada do JN é inteligente na medida que faz a tradicional divisão dos votos dos emigrantes (onde eu me incluo) de 3 para a direita e 1 para o PS).
Mas posso vos dizer que não votei em nenhum dos partidos com representação. Não estou triste com o meu voto e não estou triste por aparentemente não contar para nada.
E também admito que não estou triste por a coligação no poder ganhar novamente as eleições. Caso não fosse clara a minha posição pelo que fui escrevendo antes, eu não acreditava nas ideias e no programa do PS, e sobretudo desconfiava e muito do António Costa, e a coligação parecia-me ser o mal menor.
Mal menor porque alguns indicadores económicos sugerem uma melhoria do país, mas por outro lado outros sugerem que os problemas continuam lá, à esperar de brotarem novamente à superfície.
Na falta de uma terceira via viável, do que li alguns pequenos partidos até tinham essas ideias nos seus programas mas era sabido que nunca chegariam ao Governo, eu prefiro a continuação no mesmo caminho sobretudo agora que sem maioria absoluta é preciso fazer algo diferente.
Em princípio este Governo será de 2 anos apenas e teremos alguma seriedade e responsabilidade nos próximos 2 Orçamentos, mas também sabemos que nenhuma reforma será feita e vamos continuar com o barril de pólvora debaixo do cu e com o rastilho muito perto das faíscas.
E então a solução alternativa de uma coligação de esquerda? Sinceramente acho uma parvoíce por diversas razões.
Primeiro acho que deve ser convidado a formar governo o líder do partido ou coligação que teve mais votos. Se tivesse sido o PS a ganhar com 1 deputado a mais, deveria ser o Costa o primeiro a ser convidado. Para mim é simples: tenta-se primeiro com a maioria relativa, se correr mal tenta-se com outra maioria (caso apareça entretanto um acordo).
Segundo, a coligação de esquerda parece-me parva porque até ao Domingo à noite a CDU e o BE teriam afirmado (digo teriam pois não estou a par de todas as declarações) que não estavam dispostos a formar governo, mas de repente estão. E depois porque CDU e BE na mesma coligação parece-me que vai dar muito chispe. Mas na realidade nunca se sabe o que pode resultar. Sabemos que muita gente quando se apercebe que o verdadeira tacho é uma possibilidade mudam logo. Basta olhar para o Syriza que era supostamente radical, tornou-se governo e abraçou a austeridade e no meio disto viu-se livre dos radicais (eram 25 deputados) que formaram novo partido (com o apoio do Varoufakis) e não elegeram um único deputado!
Isto é um pouco à semelhança do BE. O BE passou por momentos conturbados e vários elementos saíram indo formando outros partidos ou movimentos. Aparentemente isto ia fragilizar o BE que teria ainda menos votos mas foi o contrário. O BE teve, para grande surpresa de quase toda a gente, o melhor resultado de sempre, e os dissidentes não elegeram ninguém.
A lista de deputados eleitos do BE é também a mais interessante. Tem uma actriz, uma doméstica, 2 estudantes e uma operadora de call center! Tem também um deputado que é deficiente motor e anda de cadeira de rodas, o primeiro a ir para a Assembleia que já está a ver o que é necessário para ele poder se deslocar (é triste que a nossa Assembleia não esteja devidamente preparada para a mobilidade reduzida, quando é até de lei).
Mas não acreditando eu na ideologia e linhas gerias do BE, dou-lhes o valor de terem pessoas mais comuns, mais próximas dos cidadãos. E obviamente tínhamos de ter a Mariana Mortágua no parlamento. E agora com a vantagem que teremos a irmã gémea dela, portanto 2 "Marianas" é melhor que 1.
Ali mais acima falei dos votos dos emigrantes, ainda por apurar. Foi um assunto bastante falado, a emigração. Falou-se até para os emigrantes, certamente porque muita gente pensou que os 4 deputados que a emigração elege poderiam desempatar a coisa (na verdade não vão alterar nada). E sobretudo porque com tanto emigrante que saiu nos últimos anos descontentes com a coligação iriam votar todos à esquerda. Certo? Errado...
Andei a ver uns números, no site do Observatório da Emigração e os eleitores inscritos nos círculos da emigração (CNE).
A primeira coisa que pensei, pois já vi muita gente fazer-se essa pergunta, é como era possível que com tantos portugueses emigrados se elegessem apenas 4 deputados?
Na verdade Portugal tem mais de 4 milhões de portugueses registados na rede consular. 4 milhões, equivalem a quase 40% dos portugueses que residem em Portugal.
Olhando só para a Europa, pois a proximidade é maior e serão os emigrantes que sentem mais ou estão mais a par dos acontecimentos e problemas do país, vi que 1,8 milhões dos portugueses registados no estrangeiro entre 2001 e 2011 nasceram em Portugal. Portanto são mesmo emigrantes, não portugueses nascidos no estrangeiro.
Mas mesmo com tantos portugueses fora apenas pouco mais de 240 mil estão recenseados.
É lógico que com um número tão baixo de eleitores, os mandatos têm de ser poucos.
Mas pode ser uma pescadinha de rabo na boca. São poucos mandatos por isso são poucos eleitores, e são poucos eleitores logo são poucos mandatos.
A mudança passa pelos portugueses no estrangeiro agirem mais, até porque a abstenção nos 2 círculos da emigração é sempre muito elevada.
É preciso ver que as dificuldades para votar ou recensear não serão alheias a isto. O voto de agora no círculo europeu até era por correio mas teve falhas. Mas para os outros era preciso descolar-se a um posto consular, para alguns casos isso fica noutro país.
Da mesma forma o acto de recensear. Se obrigar a deslocação ao consulado pode ser complicado para muitos emigrantes. Por acaso para mim deu para fazer tudo por telefone e e-mail.
Por isso o processo deveria ser facilitado para toda a gente, com mais vantagens claras para quem está longe. A opção de voto electrónico tem que ser considerada. Com autenticação seja por recurso ao certificado do Cartão de Cidadão ou por palavra passe como a das Finanças que é agora usada para muitos serviços públicos online. E não tem de ser exclusiva aos emigrantes, pois facilita também o voto a quem está longe ou não pode se deslocar no dia do voto à sua freguesia.
E para acabar, o que é que vai acontecer agora? Sinceramente não sei. A única aposta que faço é que o Governo e este Parlamento só duram 2 anos. Quando houver novo Presidente e quando as condições, sejam as económicas sejam as políticas (sobretudo no PS) foram as propícias a um ou outro resultado, o Governo cai.
E pode ser nessa altura que apareça uma novidade, ou uma terceira via e se tente algo de novo nunca tentado no país até agora. Ou não, se calhar teremos mais um caso de vira o disco e toca o mesmo...
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