Há vários anos, certamente antes de 2001 pois ainda trabalhava na "chafarica" o meu colega Pedro comprou um filtro ou lente, ou peça vá, para um telescópio na América do Norte (Canadá ou EUA agora não me recordo). Na altura a FedEx já fazia online tracking com o código da remessa e assim ficamos a saber que desde a encomenda ter sido levantada no vendedor até chegar a Lisboa (passando por Memphis, Paris e Madrid) tinham passado menos de 24 horas.
Depois demorou 1 semana a chegar de Lisboa ao Aveiro.
Na altura pusemos as culpas na empresa nacional que fazia os trabalhos da FedEx, a Rangel, mas na verdade o site ainda não detalhava quando os produtos ficavam na Alfandega, e apesar de já ter entrado e passado por 2 aeroportos em território Europeu, terá sido apenas em Lisboa que a Alfandega terá retido a encomenda.
Mesmo assim era apenas mais uma prova de que os últimos 10% duma viagem, ou o quase, é tantas vezes o mais difícil e o que demora mais tempo.
Esta história serve de introdução a outra, também parecida, que tem a ver com as eleições legislativas e quem se encontra recenseado (é diferente de viver) no estrangeiro, nomeadamente na Europa.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os votos no círculo da Europa nestas eleições é feito por correio. Recebemos directamente do Ministério da Administração Interna o boletim, um envelope para lá o pôr, as instruções e outro envelope já com morada para reenviar para Portugal.
Os envelopes têm de ser enviados antes do dia da eleição e só contam também os que chegaram até ao dia 14 (10 dias depois), ou pode ser também 14 dias depois, sinceramente não me recordo.
Eu recebi o boletim cedo, não votei logo pois quis ler umas coisas primeiro, mas esta semana votamos e enviamos pelo correio.
Não sei se leram, mas havia logo um problema com os envelopes. Na morada faltava Portugal, e como enviamos de outro país isso é preciso. Também é preciso meter selos, mas isso pronto eles avisam e mesmo para quem está em Portugal, tem de se deslocar à mesa de voto, o que também acarreta alguns custos. Isto foi falado e apareceu um aviso público e tudo para se acrescentar Portugal nos envelopes, apesar de eu ter logo assumido que o teria de fazer pois era o lógico.
Mas nesta semana, em discussão no Facebook reparei que várias pessoas se queixavam de não ter recebido ainda os boletins de voto.
Aí veio ao de cima a minha veia de "missionário" e lá comecei eu a tentar ver coisas sobre isto, lançando a pergunta pela minha rede, para tentar saber quem mais por essa Europa fora também não teria recebido.
Descobri quem em Londres, Manchester e em Hamburgo (postos consulares) haviam pessoas que se tinham recenseado mas não tinham recebido. No caso particular de Hamburgo, foi um casal que se recenseou no mesmo dia e apenas um deles tinha recebido o envelope!
Supostamente a Visão Online ia pegar nesta notícia, pois era do interesse saber que o Ministério estava a dificultar a vida a pessoas que queriam votar, correndo o risco de pessoas não poderem votar por não receberem o boletim a tempo.
Só que no dia em que estávamos a colectar números mais concretos foi quando as pessoas começaram a receber.
E curiosamente como os boletins foram enviados por correio registado, dá para ver que o Ministério enviou-os com alguma antecedência, a maioria senão todos até ao dia 14 de Setembro (ou todos mesmo nesse dia) mas as cartas demoraram 14 dias, 2 semanas exactas, a chegarem de Lisboa a Amesterdão, como podem ver na imagem do topo, que é uma captura de ecrã de um online tracking de um envelope com o boletim de voto.
É outra vez a mesma história da encomenda do meu colega. Quando chega aos serviços de correio ou transporte em PT as coisas perdem-se.
Na verdade nem deveria ficar surpreendido. Antes de aderir às facturas e recibos electrónicos, ou de existirem as áreas de clientes online onde podemos ver quase toda a documentação, era normal receber avisos de pagamento depois da data limite, mas com data de emissão de há mais de 1 mês atrás. Se era culpa dos correios os dos serviços responsáveis por entregarem a mesma ao correio não sei, mas esta história prova que o envio de correspondência em Portugal passa por labirintos onde as coisas se perdem.
Termino apenas acrescentando que não vou dar nenhum bitaite sobre as sondagens, os pedidos ao voto útil, ou aquelas pessoas que criticam os votos nos 2 grandes do costuma mas dizem que não vou votar em ninguém o que na prática é o mesmo que votar nos 2 grandes do costume. Deixo-vos só este vídeo, que obviamente só mostra as respostas cómicas (e não sabemos quantos terão respondido certo) mas tem piada à mesma. Quer dizer, se isto é um retrato fiel da maioria é mais um caso para chorar...
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