terça-feira, novembro 04, 2014

O mundo vai acabar à cornada, por isso...

Não posso falar por todos, mas posso falar por mim, mais especificamente daquilo que conheço de amigos, familiares e conhecidos.
Dizia um tio meu (já falecido, paz à sua alma) que o mundo ia acabar à cornada e por isso um gajo tinha de arranjar cornos. Esta tirada era muita vez o seu comentário quando nas conversas de Domingo à tarde em família lá se falava de sicrano ou beltrano que andavam a comer fora de casa.

Ao longo dos anos, com aquilo a que assisti, casos que foram acontecendo e mesmo histórias de tempos idos, formei a opinião que existe muita "putaria" neste mundo. E por putaria não quero dizer gajas que são oferecidas e envolvem-se com terceiros, quero dizer gajos e gajas que quase parecem que andam à procura da próxima pinocada com outrem (que não o parceiro).
Muito se fala da infidelidade, mas são tantos os casos que dou por mim a pensar se na realidade não será esse o comportamento normal das pessoas.
Isto é de tudo e é transversal às classes sociais e educação ou formação das pessoas.

De gente rica e famosa é mais que sabido os muitos casos de traição. Nas universidades, em todo o tipo de cursos, há sempre aquele e aquela que metem os cornos à namorada e namorado à força grande.
Em empresas fabris, tem malta que foge para os armazéns para mandar uma rapidinha às escondidas, no meio das caixas, com uma colega que é casada (e depois mais tarde vem o marido armar um banzé na entrada da fábrica).
No meio artístico são muitas as histórias dos amassos nos camarins e dos bacanais em quartos de hotel durante as digressões.
No sector de vendas e negócios é normal os jantares que são de negócios acabarem num clube de strip ou mesmo bordel. Ou então mandarem profissionais do sexo para os hotéis onde estão hospedados os clientes.
Até na agricultura existem histórias de trancadas no meio dos campos de milho ou de encontro a um pinheiro que estragam a roupa obrigando a arranjar desculpas quando se chega a casa.
Ou a senhora casada, que trabalha na farmácia, que tem 2 amigos (também eles em relações) à espera no final do turno e a levam para o meio dos canaviais para experimentar quantas posições conseguem fazer dentro de um Alfa Romeo.
E obviamente a malta que trabalha na construção e viaja por todo o país, e que têm sempre de ir noite sim noite não a um clube qualquer, ou a um apartamento que vem listado nas páginas dos contactos dos jornais, porque um homem trabalha no duro durante o dia e precisar de dar no duro à noite e a mulher ou namorada estão longe.

Enfim, uma pessoa repara que o meu tio é que sabia bem como rolava a febra, e por isso dava esse conselho estranho.
Mas o que realmente fica a bater na minha cabeça é que no universo de conhecidos, apercebemos-nos que existe uma grande percentagem, quase 50%, de pessoas que não são fieis nas suas relações.
Mas por outro lado pensamos que isso são só mesmo conhecidos, que os nossos amigos e colegas, as pessoas com quem nos damos mais frequentemente, são diferentes. Como é habitual em nós seres humanos, supomos que é só com os outros e não connosco (neste caso o connosco engloba o circulo mais próximo de amizades).
Mas será que é mesmo assim? Se pensarmos bem, será que todos os nossos amigos, ou mesmo nós próprios somos assim tão melhores que os outros?
Mais uma vez, não gosto de falar por quem não conheço, mas estatisticamente é impossível. Estatisticamente temos de ter gente próxima que é precisamente como os outros, e se mete ou gosta da putaria (rever o meu conceito deste termo ali em cima).
E ao pensarmos bem, vemos que afinal somos todos iguais. Também temos alguém que é muito amigo ou amiga, mas que gosta de "mijar fora do penico". Conheceremos também amigos próximos que até já se terão divorciado oficialmente por diversas razões mas infidelidade será muito provável. Até conheceremos alguém na família que gosta de ser moralista mas mantém uma relação extra-conjugal de longa data.
E isto sem falar daquilo que garanto toda a gente ter, um amigo/a que foi traído/a pelo parceiro.

E nestas alturas, quando faço estas contas e chego a estas conclusões, começo a traçar cenários curiosos. Naquela malta impecável que vamos conhecendo, estatisticamente existe uma forte probabilidade de encontrarmos pessoas dispostas a trair o parceiro. Aquele gajo que trabalha alguns dias até mais tarde, se calhar anda a malhar numa colega de trabalho. Aquela rapariga que fica em casa porque ainda não encontrou emprego, se calhar recebe visitas de um moço que conheceu há pouco tempo, enquanto a mulher desse mesmo moço tem uma relação homossexual com a professora de música da filha deles, porque o marido da professora é um frouxo e não lhe dá o que ela precisa. Aqueles 2 colegas de trabalho que vão sempre tomar café juntos e têm uma certa cumplicidade, se calhar não são apenas bons amigos mas na verdade andam-se a comer enquanto os seus conjugues combinam jantares e saídas para os fins-de-semana pelo Facebook.
Enfim, um sem fim de cenários que me deixa as vezes a olhar de forma curiosa, e por vezes mesmo assustadora, para os conhecidos que vou encontrando.
E se calhar agora, vocês também vão olhar para os vossos da mesma forma.


Só para terminar, um apontamento completamente diferente, mas deixo agora para não ficar atrasado como da outra vez.
Falei aqui há dias do aparente desfasamento entre as más notícias sobre o Ébola e os dados positivos.
Pois eu também estava desfasado. Comentei que tinham aparecido as notícias da redução da taxa de contágio e já ela estava em queda há umas semanas, mas afinal os dados mostraram um novo aumento dos novos contágios. Repetiu-se o que tinha acontecido em Maio e tivemos nova inflexão na taxa de crescimento. Será que apenas tivemos a ilusão que o surto estava controlado? Ou estava mesmo mas mais uma vez perdeu-se o controlo? E perdeu-se por falhas nas medidas de contenção, desleixo ou o vírus terá mudado? Volto a esperar que as autoridades continuem atentas e actuem devidamente. E não andem ao sabor da opinião publica e dos media, porque parece que a percepção geral é sempre ao contrário da realidade.
Espero não ter que escrever daqui a uns tempos a tal dissertação "A morte que virá de África".

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