sábado, julho 20, 2013

Que seja agora

Canta a Ana Bacalhau numa música do ultimo álbum dos Deolinda:
Que seja agora, que seja a hora,
Se é para acontecer, pois que seja agora

Isto é uma versão mais bonita do que ontem disse em viva voz a uma outra Ana quando discutíamos a notícia fresca da hora do jantar: Falhou o acordo entre os 3 "grandes" partidos.

É curioso que há praticamente 3 anos e 3 meses outro acordo (este só a 2) necessário para salvar um Governo também falhou. Na altura também era preciso cortar e o PSD, na oposição, levava propostas de cortes que não foram aceites pelo PS, no Governo.
Este tempo todo depois, o enredo é o mesmo só os papeis estão invertidos e temos outra personagem: O PS não quer mais cortes e o PSD e o sócio continuam a querer.

E agora o que é que vai acontecer? Não sei mas espero que seja desta que rebente duma vez. Já tinha até pedido há uns largos meses que o Governo se demitisse e escrevi que era melhor que acabasse o sofrimento duma só vez (que seria brutal) do que andarem a matar-nos às mijinhas era ainda pior.
E é por isso que agora digo, que seja agora. Que isto vá tudo pro charco e assim depois se possa recomeçar a reconstruir.

Ontem havia gente que dizia que temos de acabar com a troika e deixar de pagar a divida e coisas dessas. Eu não sou a favor destas medidas radicais, continuo a acreditar que certos compromissos que foram acordados têm de ser cumpridos, mesmo que sejam renegociados.
Mas tal como a história para mim provou que o comunismo não funciona, agora sei também que a austeridade como teoria económico-financeira também não funciona. Rigor nas contas e controlo de despesas (para não haver grandes derrapagens orçamentais) é fundamental, mas a austeridade como se aplicou na Europa parece ser, parece não, é uma cura que mata.

E a isto junto outros modelos e teorias que os últimos anos provaram que não funcionam e só levam a crises cíclicas. Desde o modelo de gestão baseado no agradar exclusivo dos investidores, da submissão da economia mundial ao sector financeiro, tudo ser negociado agora em mercados especulativos, o modelo de democracia mais comum na Europa e outros países ditos do Ocidente e também o famoso Estado Social que ainda existe em muitos países sem esquecer o modelo social (sobretudo com as chamadas minorias que o são cada vez menos) adoptado também em vários países dito ricos.
Isto tudo foi discutido ontem por mim em animadas conversas durante um jantar-convívio, mas o fundamental de hoje é o futuro (próximo) de Portugal.

O Seguro lá veio todo contente explicar (e fazer campanha). Apesar do PS ter assinado o Memorando de Entendimento (onde estavam todos os objectivos de corte, apesar deles mentirem que não foi isso o acordado) ele não aceita fazer o corte final dos 4700 milhões de euros. Quer equilibrar a despesa publica sobretudo "despesa directamente relacionada com rendimentos"mas não aceita cortes de salários. Quer uma verdadeira reforma do Estado mas não aceita alterar coisas nem privatizar mais nada. Quer investir mas não quer que essa despesa conte para o défice (esta então é uma comédia, mas é típico destes gajos, ao fingir que não conta, finge-se que está tudo bem).

Portanto é assim, o Gaspar só sabia fazer austeridade bruta mas ao menos parecia ser honesto e sério. O Passos Coelho e o Portas são umas bestas e um Governo liderado por estes 2 só vai fazer ainda pior. O regresso do PS vai-nos retomar no caminho da bancarrota completa do Estado.

Venham as eleições já, rebentemos isto em pouco tempo, que os "maus" estrangeiros nos fechem a torneira de vez e isto expluda.
Uma coisa certa, os credores não querem a dívida paga (porque ganham mais com os juros) e ela nunca será paga na totalidade também por isso mesmo.
Terá de haver uma altura em que se passa uma borracha sobre o assunto e começa-se do zero. Isto era o Project Mayhem do filme Fight Club.
Não foi na altura, que seja agora...

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