Eu admito que sou obcecado pelo tema da produtividade. Não porque quero ser muito produtivo, mas mais devido à forma como este índice estatístico, na sua forma macro-económica, é usado pelos líderes políticos e económicos nomeadamente em Portugal.
E porque parece-me que a maioria dos média cai na "esparrela" e segue na procissão de falar da produtividade e apresentarem teorias para a mesma sem notarem e/ou explicarem como se chega a este valor.
Há uns anos já tentei explicar aqui mesmo neste blog o meu entendimento sobre a infame Produtividade (e até agora ainda ninguém me corrigiu e sempre que pesquiso mais sobre isto, confirmo que o meu entendimento está correcto na generalidade).
Volto ao tema porque deparei-me novamente neste fantástico mundo cibernético, com mais uma discussão em redor do mesmo.
Neste caso no Facebook alguém partilhou uma fotografia com uma tabela do Eurostat sobre o total de dias de férias por ano (dias da lei + dias permitidos sem trabalhar). Não me perguntem detalhes sobre isto que eu não sei. É uma imagem tirada de um artigo da Visão de Dezembro 2011.
A atenção foi desviada para a Produtividade pois a publicação no Facebook referenciava um artigo de um blog onde se discutia a mesma. E aí aparecia a tal tabela de cima e o autor apresenta diversas teorias para a pouca produtividade.
Como comentei, as pessoas continuam sem saber ou aperceber, que esta Produtividade (PPPH - Productivity Per Hour), tantas vezes usada contra os trabalhadores portugueses é simplesmente um índice macro-económico, obtido com a fórmula simples de PIB a dividir por horário de trabalho. Podem ver aqui: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Glossary:Labour_productivity
Em suma é simplesmente o dinheiro gerado por hora no país. Não tem nada a ver com verdadeira produtividade de um trabalhador, se a pessoa produz muito ou pouco no seu trabalho.
Para além do exemplo que dei há 4 anos, posso dizer que agora que estou na Holanda, estou ali no número 2 da tabela de produtividade mas trabalho menos do que quando estava em Portugal. E porquê? Nada a ver com metodologias, processos ou motivação, é simplesmente porque aqui eu gero mais dinheiro por hora do que gerava em Portugal.
Outro exemplo: os índices de produtividade da industria automóvel mais usados, do que me lembro, são estes 2 que estão interligados:
- Número de carros produzido por ano por trabalhador;
- Número de horas para produzir um carro.
Um gajo que trabalhe na Ferrari faz muito menos carros e em muito mais horas do que um que trabalha na Renault em Valladolid (uma das mais produtivas da Europa há uns anos) mas gera muito mais dinheiro nessa hora (a PPH*, a tal usada pelos políticos, é superior).
Apesar de não ter valores concretos, do que me recordo de ler a fábrica da Auto-Europa em Palmela é também das mais produtivas, tendo em conta estes índices da industria, mas já a PPH* será inferior (suponho eu).
Infelizmente a filha-da-putice (que não tem outro nome) já dura há muitos anos e parece-me que muita gente acredita piamente que a baixa PPH* de Portugal significa que os trabalhadores portugueses são pouco produtivos, ou seja, malandros.
Curiosamente este Governo mudou um pouco o discurso e fala agora em Competitividade, mais até que Produtividade. Essa sim, é um calculo simples e simples é também o seu objectivo: quanto menores forem os custos para as empresas, melhor (para as mesmas)!
Mas então o que vai acontecer no futuro? Volto a dizer aqui o que já ando a dizer aos meus amigos e colegas desde o início destas políticas: Estas medidas vão levar a uma redução da Produtividade (PPH) pois o PIB está a baixar e o Governo aumentou o horário de trabalho.
Então o que vai acontecer em 2013? Os patrões, tal como já o fazem agora, vão pedir que se baixem salários porque a produtividade está a piorar. E os lideres políticos, nacionais e europeus, vão repetir a lenga-lenga e ninguém vai referir que as medidas adoptadas pelo Governo foram directamente responsáveis por isso.
E usando uma expressão corrente: Quem se lixa é o mexilhão!
* talvez devido à outra obsessão com as Parcerias Público Privadas, designei a Produtividade Por Hora como PPP. Entretanto já corrigi para PPH (BaKano às 17:05CET).
E porque parece-me que a maioria dos média cai na "esparrela" e segue na procissão de falar da produtividade e apresentarem teorias para a mesma sem notarem e/ou explicarem como se chega a este valor.
Há uns anos já tentei explicar aqui mesmo neste blog o meu entendimento sobre a infame Produtividade (e até agora ainda ninguém me corrigiu e sempre que pesquiso mais sobre isto, confirmo que o meu entendimento está correcto na generalidade).
Volto ao tema porque deparei-me novamente neste fantástico mundo cibernético, com mais uma discussão em redor do mesmo.
Neste caso no Facebook alguém partilhou uma fotografia com uma tabela do Eurostat sobre o total de dias de férias por ano (dias da lei + dias permitidos sem trabalhar). Não me perguntem detalhes sobre isto que eu não sei. É uma imagem tirada de um artigo da Visão de Dezembro 2011.
A atenção foi desviada para a Produtividade pois a publicação no Facebook referenciava um artigo de um blog onde se discutia a mesma. E aí aparecia a tal tabela de cima e o autor apresenta diversas teorias para a pouca produtividade.
Como comentei, as pessoas continuam sem saber ou aperceber, que esta Produtividade (PP
Em suma é simplesmente o dinheiro gerado por hora no país. Não tem nada a ver com verdadeira produtividade de um trabalhador, se a pessoa produz muito ou pouco no seu trabalho.
Para além do exemplo que dei há 4 anos, posso dizer que agora que estou na Holanda, estou ali no número 2 da tabela de produtividade mas trabalho menos do que quando estava em Portugal. E porquê? Nada a ver com metodologias, processos ou motivação, é simplesmente porque aqui eu gero mais dinheiro por hora do que gerava em Portugal.
Outro exemplo: os índices de produtividade da industria automóvel mais usados, do que me lembro, são estes 2 que estão interligados:
- Número de carros produzido por ano por trabalhador;
- Número de horas para produzir um carro.
Um gajo que trabalhe na Ferrari faz muito menos carros e em muito mais horas do que um que trabalha na Renault em Valladolid (uma das mais produtivas da Europa há uns anos) mas gera muito mais dinheiro nessa hora (a PPH*, a tal usada pelos políticos, é superior).
Apesar de não ter valores concretos, do que me recordo de ler a fábrica da Auto-Europa em Palmela é também das mais produtivas, tendo em conta estes índices da industria, mas já a PPH* será inferior (suponho eu).
Infelizmente a filha-da-putice (que não tem outro nome) já dura há muitos anos e parece-me que muita gente acredita piamente que a baixa PPH* de Portugal significa que os trabalhadores portugueses são pouco produtivos, ou seja, malandros.
Curiosamente este Governo mudou um pouco o discurso e fala agora em Competitividade, mais até que Produtividade. Essa sim, é um calculo simples e simples é também o seu objectivo: quanto menores forem os custos para as empresas, melhor (para as mesmas)!
Mas então o que vai acontecer no futuro? Volto a dizer aqui o que já ando a dizer aos meus amigos e colegas desde o início destas políticas: Estas medidas vão levar a uma redução da Produtividade (PPH) pois o PIB está a baixar e o Governo aumentou o horário de trabalho.
Então o que vai acontecer em 2013? Os patrões, tal como já o fazem agora, vão pedir que se baixem salários porque a produtividade está a piorar. E os lideres políticos, nacionais e europeus, vão repetir a lenga-lenga e ninguém vai referir que as medidas adoptadas pelo Governo foram directamente responsáveis por isso.
E usando uma expressão corrente: Quem se lixa é o mexilhão!
* talvez devido à outra obsessão com as Parcerias Público Privadas, designei a Produtividade Por Hora como PPP. Entretanto já corrigi para PPH (BaKano às 17:05CET).
Não podia estar mais de acordo. O próprio indice que mede a produtividade é artificial e não faz sentido nenhum!
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