Nos últimos tempos, por diversas vezes pensei em vir arrotar umas postas de pescada sobre os acontecimentos políticos e governativos em Portugal, mas muitas vezes senti-me esmagado pela magnitude das cosias, e noutras simplesmente não dava para escrever quando os pensamentos me surgiam e depois perdia a inspiração (um próximo gadget a ter, um equipamento que converte para formato texto o que lhe ditamos, para que possa depois já ter as dissertações praticamente escritas quando me vêm as ditas “diarreias mentais”).
Não vou fazer deste post, uma mega-dissertação que abranja tudo que já pensei sobre a governação e debate político dos últimos meses. Até porque quanto mais longo vejo o meu futuro aqui, menos vontade tenho de discutir acontecimento daí.
Quase todos os dias, sobretudo da semana, vou comentado e opinando sobre as várias noticias e artigos de opinião que surgem na praça pública com o meu amigo Daniel (via G-Talk). Também vejo muitas opiniões e comentários feitos pelas redes sociais (a minha blogosfera é muito limitada).
Acho que devo deixar umas palavras sobre o assunto, sobretudo até porque fui publicamente bastante crítico do anterior executivo nomeadamente no pouco ou nada que faziam para controlar as contas públicas.
Não podíamos ter muitas ilusões, o novo governo tinha de tomar medidas duras para tentar controlar o défice. E quando se confirmou que o estado era pior do que ainda se pensava, medidas injustas mas de efeito rápido tinham de ser feitas. Também eu não acho piada a muitas delas, mas fosse PSD, fosse outros tenho poucas dúvidas que muitas delas seriam necessárias, a título provisório. Eu afirmei em 2010 por diversas vezes que não me importava de dar 50~100 euros por mês para o Estado durante 1 ano, se isso significa um verdadeiro equilíbrio das contas. Falava a sério nessa altura e acho que muito boa gente faria o mesmo.
O problema é que as medidas provisórias começam a soar mais como permanentes, até pelo que se ouve de determinados sectores, sempre à procura de formas de obterem mais por menos. E também porque um dos grandes males do anterior executivo parecem continuar neste.
Continua-se a mentir às pessoas, continua-se a tentar jogar com as palavras para passar certas mensagens e continua-se a fazer pressupostos muito simplistas e a tomar decisões importantes com base neles.
O que foi dito sobre os feriados, sobre o aumento do horário de trabalho (para aumentar a produtividade) e as conclusões que se tiram que isso tudo significa que de certeza a economia cresce é um chorrilho de mentiras. E isso é perigoso.
Ainda mais grave que isso é que o regabofe político do fazer toda a gente apertar o cinto menos eles parece continuar neste novo regime laranja-azulado.
Coisas boas têm também aparecido e aqui e ali surgem notícias do corte de regalias (chama-lhes direitos mas isso não impede de os retirar ... aos outros) nesse sector.
No entanto eu continuo na dúvida. Também antes o governo PS fez “cortes” no sector político para passado 1 ano a despesa da AR e de outros organismos ter aumentado.
Para já, continuo a dar benefício da dúvida ao actual governo. Os tempos são realmente muito complicados e o trabalho de tentar baixar o défice em tão pouco tempo (a meio do ano era superior aos 8%) é colossal (como o PPC disse).
Espero que as gafes e os erros até agora, sejam sobretudo fruto do stress e o não conseguir fazer tudo de uma só vez.
No entanto eles não tem muita margem de manobra. No próximo ano, se as medidas de grande impacto tomadas realmente servirem para alguma coisa, têm de apresentar trabalho decente no corte estrutural de despesismo público (diferente de despesa publica) e um corte com as políticas de compadrio como se tem assistido nos últimos anos.
De qualquer forma, não tenho muitas expectativas, por isso Portugal parece-me cada vez mais um passado que vivi, do que um futuro que terei...
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