quinta-feira, agosto 11, 2016

Novamente Portugal a arder


E o primeiro anjo tocou a sua trombeta, e houve saraiva e fogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores, e toda a erva verde foi queimada.
Apocalipse 8:7

Acredito que para muito gente, em várias localidades de Portugal nos últimos dias, o pensamento do fim de mundo, como supostamente vem mencionado no Livro do Apocalipse (ou Livro da Revelação) esteve bem presente na mente.
Eu lembro-me de há muitos anos ter uma visão assim algo apocalíptica relacionada com incêndios. Ainda morava eu em casa dos meus avós e o meu quarto era virado para a Serra do Braçal que faz fronteira entre o concelho de Sever do Vouga e o de Albergaria. Tivemos um grande incêndio, onde ardeu quase toda a mata dessa serra, e numa das noites eu lembro-me de acordar no quarto e ver um clarão laranja por entre as cortinas da janela do quarto. Quando abri as mesmas vi uma parede de fogo que percorria todo o topo da serra em frente.
Claro está que nada parecido com a malta do Funchal e outras terras como Arouca, Águeda, Anadia e Albergaria-a-Velha, estas no meu distrito de Aveiro, que tiveram o fogo mesmo encostado às suas casas.

Eu não vou escrever muito sobre a problemática dos fogos em Portugal. É só mais um outro texto na net sobre o tema, a juntar a muitas crónicas escritas por pessoas com mais tempo e vagar do que eu, para além das centenas de partilhas dessas crónicas e outras notícias sobre os negócios dos privados no combate às chamas, e dos incendiários que são detidos pela PJ e são soltos quando presentes em tribunal ou mesmo sendo condenados ficam cá fora com pena suspensa que curiosamente mantém-se suspensa quando eles repetem o crime...

Vou só mencionar duas coisas.

Este artigo de opinião no Público do João Miguel Tavares fala de um estudo da UE, revelado no ano passado, onde se mostra que entre 2000 e 2013 Portugal sozinho teve mais incêndios que Espanha, França, Itália e Grécia juntos! Só não teve mais area ardida porque é também o país mais pequeno dos 5, mas isoladamente teve mais área ardida que qualquer um dos outros!
Eu não consegui encontrar o estudo numa pesquisa rápida, talvez porque esse estudo é da UTAD e usa dados da UE, portanto JMT cometeu um pequeno erro. Tanto o DN como a TVI24 têm notícias sobre algumas conclusões mas nenhum deles têm um link para o mesmo estudo.

Nestes dias o nosso Presidente Marcelo falou do ordenamento do território. E isso faz-me pensar que aquilo que eu falo há anos em conversas com amigos sobre os fogos deve ser ainda verdade. Há muitos anos já lembro-me de ler algures que Portugal era o país da UE com mais floresta e mata nas mãos de privados. E para mim isso podia explicar uma parte de sermos tão fustigados com os incêndios. Lembro-me que fui pesquisar nessa altura e era verdade que fogos em matas e florestas públicas, como por exemplo o Pinhal de Leiria, eram muito menos frequentes. Curiosamente depois disso lembro-me de fotos que afectaram parques naturais e reservas que estão sob alçada do Estado, mas em casos de grandes incêndios como os desta semana, esses terrenos não podem escapar quando tudo em redor arde. Acredito que esse factor, que deve ser relevante ou então o Marcelo não teria voltado a bater na tecla do ordenamento do território (que é assunto com anos mas pouco ou nada é feito, como é hábito em tantas outras coisas).

Ou então temos de por em prática a ideia que sugeri em 2007; meter uma puta em cada mata.

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