terça-feira, abril 26, 2016

Ainda sobre o 25 de Abril


Uma das coisas que me recordo sempre nos últimos anos, e costumo usar como comentário em publicações do Facebook, quando se usa o slogan "25 de Abril sempre" é este sketch da Herman Enciclopédia.
Hoje é a minha vez de repetir o tema apesar de ser já outro dia. Poderia ter escrito ontem mas aí perdia a oportunidade de usar o vídeo.

Já cheguei a escrever aqui que o 25 de Abril não me costumava dizer grande coisa. Como feriado preferia de longe o 1 de Dezembro pois coincidia com o meu aniversário e eu achava brutal que significasse a restauração da Independência dos cabrões dos Espanhóis e o ditado lá diz: de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos!
Mas curiosamente mudei de opinião nos últimos anos. Apesar de manter uma suspeita sobre o PREC (Processo Revolucionário Em Curso) todos os anos aprendo mais qualquer coisa sobre o 25 de Abril em si. E admito-vos amigos que fico mesmo comovido ao ler, e reler, coisas que se passaram nesse dia.

Desde o facto que foi feito sobretudo por capitães, apesar do apoio e conhecimento de altas patentes das Forças Armadas; o anúncio feito por Salgueiro Maia aos efectivos da Escola Prática de Cavalaria a pedir voluntários e o maior problema foi só haver espaço para perto de 300 quando os mais de 800 membros queriam ir para Lisboa; a insubordinação de oficiais, sub-oficiais e soldados do Regimento de Cavalaria 7, Regimento de Lanceiros 2 e Regimento de Infantaria 1 que recusam disparar sobre os camaradas da EPC no Terreiro do Paço mesmo sob ameaça de morte das altas patentes (e eventualmente tendo alinhado com os revoltosos); a ida para o Carmo e cerco do Quartel da GNR sob uma mancha de apoio popular; a contagem até 2 de Salgueiro Maia para fazer tiro sobre o quartel interrompida à última hora pela chegada dos enviados de Spínola; O povo a cantar o hino nacional enquanto Salgueiro Maia sai do quartel depois de Marcelo Caetano confirmar a rendição mas apenas ao general Spínola...
E claro os cravos no cano dos fuzis dos soldados!

Sabemos que foi Celeste Caeiro que levava cravos que seriam ofertados aos clientes do restaurante onde trabalhava que ofereceu um a um soldado que lhe pediu um cigarro que ela não tinha. Esse soldado colocou o cravo no cano do seu fuzil e os seus colegas começaram a imitá-lo.
Dizem que isto aconteceu na Avenida da Liberdade! Da Liberdade! Podia haver coincidência melhor?
Correcção: era mesmo muito conveniente esta coincidência. Alguns artigos na net dizem que foi na Av. da Liberdade mas uma entrevista à própria confirma que foi no praça do Rossio logo no início do Largo do Carmo que Celeste, vindo do metro, abordou os soldados perguntado o que estavam a fazer ali...
E assim esta revolução foi feita com cravos na vez de balas, simbolicamente é claro!

Não sei se é feito inédito, mas sem dúvida que o que o Movimento dos Capitães, mais tarde MFA (Movimento das Forças Armadas) planeou e concretizou e do modo como o fez foi uma coisa tão bela quanto impressionante.
E é preciso ver daquilo que libertou o país. Sim, Marcelo Caetano estava a dar mais liberdades mas os tentáculos do regime ainda estavam por quase toda a parte. Aliás, ainda continuaram por muitos lados pois à boa maneira portuguesa, mas não só pois o dizer é mundial, quanto mais as coisas mudam mais ficam na mesma!

Eu agora ADORO o 25 de Abril. Por tudo o que foi e o que representa. É para os portugueses o Dia da Liberdade, mesmo que tenhamos sido libertados outras vezes para acabar por ficar presos a outras coisas.
Eu sei que todos os anos continuarei a ler e ver mais coisas sobre o 25 de Abril, saber mais detalhes da preparação, das outras operações que decorreram, dos outros nomes para além dos principais do Posto de Comando da Pontinha e da EPC que conduziram a operação principal.
E todos os anos escreverei um texto dedicado ao 25 de Abril. Assim o espero...

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