domingo, setembro 18, 2022

Será que estou vivo?


Por acaso o título não tem a ver com não ter escrito nada aqui por mais de 3 meses. Podia ser mas não, tem a ver com uma dúvida que me surgiu esta manhã em consequência de uma sensação de ontem.
E a sensação foi também ela consequência de um sintoma que me apareceu ao final da manhã e surgiu ao deitar a mais pequena e a começar a adormecer eu próprio.
Comecemos então pelo início.

Como acabei de escrever, ao final da manhã surgiu-me uma dor esquisita no braço esquerdo. Eu diria que era a chamada Dor de Burro se eu soubesse ao certo que é a tal Dor de Burro (e ao contrário do costume, não vou pesquisar agora o que é, vou continuar tal como se estivesse a contar isto ao vivo, a cores e em 4D, que é 3D + odor). Pelos vistos dei um mau jeito qualquer mas não sei como, e a dor do braço que apareceu com certos movimentos tornou-se constante, com pontadas mais fortes em gestos tão simples como apertar as calças de pois de ir mijar.
Em troca de mensagens pelo WhatsApp com a minha mãe, disse que ia fazer o teste de COVID-19 (estive na outra semana com diversas pessoas de todos os continentes, uma festa e agora vários colegas do Sebastião também testaram positivo) porque estava com sintomas de constipação mas a dor no braço esquerdo era o que me estava a incomodar mais.
A minha mãe respondeu que eu deveria ter cuidado e se o braço ficasse pesado eu tinha de ir ao hospital. Achei estranho essa gravidade e fui pesquisar, ficando a saber que dores súbitas no braço esquerdo são muitas vezes sinais de ataque cardíaco ou angina.

O que aconteceu imediatamente, e tudo obviamente induzido pela sugestão, foi começar a sentir-me "nervoso" e com palpitações. Depressa empurrei essa ideia para o fundo da mente, e continuei durante o dia, com a tal dor incómoda no braço (mais acima junto ao ombro) mas agora a tal sensação estranha, devido à sugestão da minha mãe.
Como ainda estou aqui a escrever não tive nenhum ataque cardíaco (acho).

Mas à noite, ao deitar a Amélia, deitei-me ao pé dela como faço algumas vezes, e de repente dei por mim a entrar no sono e pensar na morte mas que estaria tudo bem porque sobreviveria no amor e na memória dos meus filhos (uma coisa muito bonita porque antes, sempre que contemplava a morte, ficava em pânico por não conseguir conceber o nada que se segue ao fim).
Esta ideia fez-me despertar mas voltei a ficar com o ritmo acelerado e aquela sensação de "palpitações". E logo a seguir apareceu a questão "se eu morrer de repente será que saberei que estou morto?".

E foi com essa dúvida que fui para a cama. E esta manhã quando acordei continuava a pensar no assunto.
Como será a morte? Uma pessoa simplesmente deixa de ser (o tal nada que não consigo conceber) ou será que passa a viver um cenário idealista, imaginado que ainda está vivo e apenas deixamos de existir para os outros todos (o mundo que dizemos ser o real)? E perguntei-me: será que estou vivo neste preciso momento?
Mas depois tive a certeza que sim, porque estava a arrumar a loiça da máquina e se estivesse morto no meu próprio paraíso (o cenário idealista criado pelo nosso cérebro no último momento) não estaria certamente nas lides de casa. A não ser que não esteja no paraíso, mas no inferno...

Sem comentários:

Enviar um comentário

Opina à tua vontade