quarta-feira, março 31, 2021

Annus horribilis in XII imaginibus

2020 foi o ano indicado para usar a expressão em Latim annus horribilis, pois foi um ano de merda para quase toda a gente, uma coisa que há muitos anos não se via. Claro está que o júri ainda está a deliberar sobre 2021 mas também ainda só estamos a terminar o primeiro trimestre...
A verdade é que apesar da COVID-19 ter surgido em finais de 2019, o vírus SARS-CoV-2 só foi sequenciado em Janeiro de 2020, foi também em Janeiro que se espalhou pelo mundo e no final do mês chegou aqui à Europa (oficialmente pelo menos, consta que já antes teriam morrido pessoas da mesma doença mas só confirmado mais tarde quando analisaram colheitas guardadas). Em Fevereiro foi quando comecei a escrever sobre a epidemia (na altura não era ainda pandemia), quando começou a "rebentar" em Italia, quando morreu oficialmente a primeira pessoa na Europa de COVID e quando chegou aqui aos Países Baixos. E em Março foi quando chegou também a Portugal, morreu a primeira pessoa aqui e quando para mim começou realmente a sério a pandemia/confinamento/quarentena.

Março, é para mim o primeiro mês do annus horribilis a nível pessoal, pois até então era apenas seguir a pandemia. Mas a 3 de Março fiquei a trabalhar remotamente, a 7 escrevi a primeira dissertação aqui no blog e a 12 ficamos eu e a Carolina doentes, como nunca tínhamos estado até então. E se tecnicamente não tivemos COVID-19 pois a Carolina foi testada no hospital e deu negativo, depois deste Domingo tenho 98% de certeza que tivemos mesmo, pois a Carolina voltou a ser testada e confirmou que no hospital o ano passado a enfermeira só raspou ao de leve a zaragatoa na boca dela, não enfiou até à garganta. E também aprendi mais sobre os testes e que testes negativos apenas reduzem a possibilidade de se ter o vírus, sendo que o diagnóstico clínico com bases nos sintomas ainda é o mais importante. E temos de aplicar aquela máxima: se parece merda, tem cor de merda, textura de merda, cheira a merda e sabe a merda, o mais certo é ser merda mesmo.

Depois daquela semana uma beca complicada, o início do confinamento parecia uma aventura. Estava de saída da Atlassian e de bom humor (a decisão não foi minha mas já tinha feito as pazes com a situação e estava tranquilo), fiz vídeos em directo que denominei de podcasts e tinha planos para vários quaranokes (uma mistura de quarantine e karaoke) e TikToks. Mudei de emprego para uma empresa que se tornou conhecida de toda a gente precisamente devido à pandemia e até dei a minha primeira entrevista para uma rádio (e logo uma rádio nacional).
Mas depressa foi tudo por água abaixo; o pior ainda estava mesmo para vir.

Apesar de ter começado bem na Zoom, no Verão comecei a bater mal e em pouco tempo estava no estaleiro com um burnout e uma depressão (a pior de todas, eu julgo já ter escrito sobre as minhas pequenas depressões recorrentes mas agora não encontro nada) graves. Está planeado um, ou mais, textos exaustivos sobre isso, até porque a minha terapeuta acha que pode ser bom escrever (faz-me bem, mas por outro lado tira-me muito energia porque eu dedico muito tempo e esforço à escrita, como se vê por tantos textos como este, que era para ser uma coisa bem mais sucinta e já vai em 4 parágrafos) e eu já deveria ter escrito sobre a outra segunda pior depressão que já aludi no início da pandemia o ano passado, quando ainda estava em alta. Mas para já resumindo, metade do ano foi para esquecer mesmo.

Depois de procurar ajuda (tendo sido forçado a isso, admito), de ser honesto com os outros e sobretudo comigo mesmo, as coisas voltaram aos eixos, como é facilmente confirmado pelo meu regresso à escrita e à produção de conteúdos nas redes sociais (mas nada de planos para coisas mais sofisticadas). E com o final do mês de Março completa-se o annus horribilis porque apesar de ainda não estarmos bem, e haver um longo caminho a percorrer, o futuro imediato parece risonho e estou quase a 150% (eu sou assim, funciono uns tempos a 150% e depois outros a apenas 50%).

E agora sim, as 12 imagens retiradas do meu Google Photos uma por cada mês do meu annus horribilis personalis













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