Esta crónico-dissertação vai ser um bocado atabalhoada. O título refere-se a um prazo, a primeira imagem é sobre a curva de novos casos diários de Covid-19 e os países que estão bem (verde), no bom caminho (laranja) e os que ainda estão numa fase "complicada" (vermelho) mas vou também falar de emprego. Aliás começo por aí com uma ligação a um texto do ano passado, especificamente às duas últimas frases; desta vez só estive 3 dias (de calendário, 1 dia útil) sem emprego e ainda não foi desta que me livrei duma sina nem tenho contrato de trabalho com uma empresa europeia.
E qual é a sina? A sina é a cor azul. A cor azul, como cor da empresa para a qual trabalho, parece ser uma constante da minha vida. Até mesmo a empresa para a qual estagiei, como podem ver aqui por esta montagem de logotipos:
...
O tom de azul vai mudando, e admito que quando estagiei no CET da PT, não era este o logotipo usado, mas o específico do CET e as cores de Portugal Telecom eram azuis.
6 empresas em 24 anos e meio (incluindo o estágio), mas não dividido de forma igual: 6 meses de estágio no CET/PT, quase 14,5 anos na NEC, quase 6 anos na IBM, 2,5 anos na HCL, 1 ano na Atlassian e agora 1 semana na Zoom.
E das 6 empresas salto para os 66 dias que estou confinado. É desde o dia 4 de Março que estou a trabalhar em casa. Primeiro sem grandes restrições mas foi sol de pouca dura pois na semana seguinte ficamos doentes e pronto, a partir daí é um misto de quarentena com confinamento.
Para a semana, o rapaz regressa à escola (só 2 dias por semana) e a rapariga à creche (3,5 dias como já tinha antes).
O governo daqui também já anunciou o relaxamento de medidas de forma faseada até 1 de Setembro mas com a salvaguarda que se volta a piorar a situação, e no meu entender para eles isso é mais pessoas hospitalizadas e mais pessoas em UCI, volta tudo atrás. Um pouco por toda a Europa o mesmo tem-se passado, e basta olhar para a imagem de topo e os gráficos para ver que faz sentido esse desconfinamento faseado em muitos deles. Apesar de ter os meus pressentimentos, eu não posso argumentar contra os factos, e não ficou pior como eu estimei derivado das pessoas aqui, e noutros países, estarem a desleixar-se por alturas da Páscoa. A situação na maioria dos países europeus continua a evoluir favoravelmente; a Dinamarca continua com as curvas a baixar mesmo tendo passado quase 4 semanas desde que reabriram as escolas. E os artigos científicos mais recentes, baseados sobretudo nos estudos com testes de anticorpos, oferecem uma nova perspectiva sobre a doença. Aqui faço um parênteses para dizer que estes novos artigos/estudos não contradizem os anteriores, apenas com mais dados e mais tempo que passou, temos agora uma visão mais alargada.
Mas apesar de tudo, e estar agora menos preocupado com novas vagas e as suas dimensões e consequências, não assumo que as teorias mais recentes estão correctas, uma vez que os mesmos artigos ainda precisam de peer review e existem outras possíveis explicações para as discrepâncias entre os testes PCR (os que dão o número de casos positivos oficial) e os testes sorológicos (procuram anticorpos relacionados com o virus SARS-CoV-2 no sangue).
A outra minha característica pessoal que me faz não estar agora contra o desconfinamento, é o facto de eu gostar de experiências práticas para testar teorias. Tal como aquando do Brexit, com o qual eu não estava de acordo, eu queria que acontecesse para ver no que iria resultar. O mesmo aqui: já temos um país que serve como experiência de não fazer confinamento/lockdown, a Suécia. Agora precisamos de ver como corre o desconfinamento em diferentes países e depois comparar, tanto com os casos de sucesso da Ásia e depois com a Suécia.
Eu por exemplo ainda nem convencido estou que a Suécia estará melhor no final do ano a nível económico! A aposta deles é que sem confinamento a imunidade de grupo (que ainda é uma incógnita) chega mais cedo e o impacto na economia é muito menor; e os países que fizeram confinamento/lockdown não têm estratégia para sair e vão demorar mais tempo a atingir a imunidade. Ou seja, no final do ano, ou em 2021, o impacto nas pessoas (doentes e óbitos) será mais ou menos o mesmo, com a Suécia a ter mais no início e menos no fim, mas a Suécia melhor pois houve menos falências, menos desemprego menos impacto económico.
Eu ainda acho que o impacto económico deles será em princípio menor, mas vai ter um preço algo elevado nas pessoas (doença e óbitos, contando também com o excessivo). Por outro lado não podemos esquecer que o confinamento/lockdown também traz um preço na saúde de quem não apanha Covid-19, só que o que eu ainda penso ser provável na Suécia é o sistema de saúde atingir o limite, e de certo modo colapsar, logo o impacto que isso tem vai obrigar a mais restrições que as de agora, só que mais tarde e quando já muitos (valor proporcional) faleceram ou tiveram de estar ligados a ventiladores (que dizem os medicos não fazer nada bem à saúde futura).
Mas isto para já são só suposições, que satisfazem a minha curiosidade de experiências práticas para testar cenários e teorias. Uma vez mais, uma particularidade sinistra, tal como eu satisfazer o meu lado competitivo com as classificações da tabela no site Worldometer: tirar alguma satisfação com o mal que está a acontecer por todo o mundo...
Sem comentários:
Enviar um comentário
Opina à tua vontade