domingo, abril 15, 2018

Dizem que fazem e acontecem, só que não...


O dia começou bem. Pude ver a Formula 1 apesar dos miúdos terem acordado e terem passado a maior parte do tempo comigo, mas deixaram-me ver a corrida que foi muito interessante e teve quase de tudo um pouco, culminando numa bela vitória do Daniel Ricciardo, um dos meus pilotos preferidos e que acho que vale mais do muitos pensam, que fez grandes ultrapassagens mas obviamente beneficiou também duma belíssima jogada táctica da equipa e beneficiou também de um dos erros do seu colega, o badalado Max Verstappen.
Mas o dia acabou pior com o Benfica a ser derrotado na Luz por 0-1, golo nos minutos finais e que deixa o título quase que entregue ao FC Porto, apesar de haver ainda esperanças da minha parte que haja escorregadelas mas o mais certo é se houver do FCP também as haverá do SLB (ainda por cima depois do desânimo que esta derrota trará). Não vi o jogo por não passar em nenhuma TV (eu ainda não configurei nenhum sistema de IPTV) e por coincidir com horários de actividades ou tarefas que envolvem as crianças e tento tido um "descanso" de manhã era pedir demais que também tivesse um ao final da tarde.

Mas depois destes 2 parágrafos vamos mas é falar do que eu me lembrei esta manhã. Depois do GP da China, fui fazer compras pois faltavam coisas cá em casa e ontem não deu. O Bastião não quis ir comigo e assim fui sozinho, o que me permite ser mais rápido. Encontrei lugar para estacionar em pouco tempo, o Lidl tinha pouca gente e as compras eram menos que as habituais. Ainda assim tinham passado praticamente 40 minutos quando entrei no carro para me vir embora e lembrei-me duma conversa que tive em tempos com outro pai português. Dizia eu que quando ia às compras raramente demorava menos de 1 hora ao que ele me respondeu como é que era possível demorar tanto tempo. Eu ainda expliquei que costumava demorar a estacionar pois aos Sábados à tarde o Lidl é muito frequentado (e tem de se estacionar na rua como outro carro qualquer), que costumo ir com o Bastião e que sou lento a ensacar as coisas e que muitas vezes tenho de deixar o carrinho a meio e levar os sacos até ao carro porque ficou longe e o carrinho bloqueia quando se afasta da loja. Mas ele continuou a comentar que não percebia como se podia passar tempo nas compras e que era mesmo horrível viver em Amesterdão. Eu é que não percebia como é que indo fazer-se as compras da semana não se demora sempre por volta de 1 hora, mas pronto fiquei a pensar que ele conseguia fazer as coisas muito mais rápido que eu.
Só que não; fiquei a saber este fim-de-semana, pela esposa, que ele nunca vai fazer compras. Pelo menos estas compras. E assim fez-se luz. Não percebe porque se demora tanto tempo, porque nunca faz compras da semana ao Sábado (dia de mais confusão).

Isto também me fez lembrar uma coisa que o meu colega holandês conservador (termo que me lembrei de usar agora para classificar alguém que é algo racista-xenófobo-homofóbico-tradicionalista-antiesquerda). Como ele vai quase sempre almoçar com estrangeiros que falam pouco ou nada holandês, gosta muitas vezes de mandar a achega de que se vivesse noutro país a primeira coisa que faria era aprender a língua. Eu não lhe tiro razão, e muitos fazemos o esforço para compreender e falar mais, mas um dia perguntei-lhe: mas vais viver para outro país? E ele respondeu "claro que não!". Portanto gosta de dizer que faria uma coisa só que nunca a faria porque nunca mudaria de país! Assim é fácil de dizer, quando se fala de um cenário que para o próprio é impossível.

Estes são apenas 2 casos dum tipo de comportamento que assistimos várias vezes. Malta que gosta de dizer que faz e acontece só que não, nunca fazem nem acontecem aquilo. Por vezes dá-me só piada escutar este tipo de paleio, mas outras irrita-me um pouco, pois é usado numa forma de mostrar superioridade. De certo modo é mais uma maneira de medir pilas, como que dizendo "a minha é maior mesmo sem ter visto a tua".

Fico contente por ter encontrado a frase na imagem que escolhi para adornar este texto. Acho uma frase espectacular apesar de poder ser interpretada de formas diferentes. Eu vejo-a escrita ao contrário: apesar de não haver ninguém melhor que eu, eu não sou melhor que qualquer um.

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