"Põe o menino no penico para fazer cocó"

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Tinha eu acabado de aparar a barba e preparava-me para ir tomar um duche quando a Carolina me grita a frase "Põe o menino no penico para fazer cocó" e o Sebastião vem a correr para a casa-de-banho.
O pânico começou a instalar-se, e uma série de perguntas assolaram à minha mente, "Então mas se ele se borrar todo?", "E se ele ME borrar todo?", "E fica ali o cocó no penico assim sem mais nada?", "E como é que o vou limpar depois?", "Ele vai se levantar a correr e o cocó vai lhe escorregar pelas pernas abaixo e ficando espalhado pelo chão?"...
Entretanto o Sebastião já tinha tirado a tampa do penico e sentado-se em cima enquanto ainda processava o que poderia estar a acontecer.
A Carolina chegou e diz-me "Vá, tira-lhe as cuecas para ele fazer" e a minha resposta natural foi "Não podes vir assim com esta bomba de repente, eu não estou preparado!".

E não estava mesmo! Eu já lhe mudo fraldas de cocó há muito tempo. Já não me choca aquelas fraldas com as chamadas reais cagadas em que é preciso metê-lo na banheira e dar-lhe uma chuveirada. Também já andei a esfregar em água roupa toda borrada.
Até para a Amélia já mudo tudo sem stress (apenas falo porque as técnicas são ligeiramente diferentes e ao início custou um pouco).
Mas para tudo isso foi sempre preciso um processo de preparação, nem que fosse mental.
Nos primeiros dias do Sebastião, ele estava ainda no hospital, uma enfermeira disse para eu mudar uma fralda de cocó. Eu nunca tinha mudado de fraldas na minha vida e obviamente não consegui. Tinha de ver primeiro e fazer depois eu sem a pressão dos outros mas com a supervisão da Carolina.

Esta etapa tão importante da vida, o fazer cocó num penico e não na fralda também requer um processo de preparação. Não só para as crianças, mas para mim que sou pai também.

O Sebastião continuava divertido sentado em cima do penico afirmando que ia fazer cocó. Enquanto me preparei para lhe tirar o body e depois a fralda, já estava mais resignado à coisa e o choque já tinha passado. Estava pronto para ajudar pela primeira vez o meu filho a borrar aquilo tudo. Apesar de ainda não saber como o iria limpar, pois estávamos na casa de banho sem os meios logísticos habituais das mudanças de fralda, só o facto de já ter pensado nos diversos cenários possíveis e os ter contemplado era suficiente.
Já não era um problema tão grande ele borrar-se e borrar o chão todo, porque ao menos eu já estava a contar com essa possibilidade.

Mas não foi preciso nada. Com isto tudo ele já tinha feito cocó na fralda. Se sentado no penico ou ainda antes, não tenho a certeza.
Assim lá o fui mudar com a técnica do costume, sem qualquer surpresa ou sobressalto.
Quando for mesmo a sério é que eu vou ver se controlo a coisa mais ou menos, ou vou panicar com paniquei ao ouvir a frase da Carolina...