sábado, fevereiro 06, 2016

As pernas, o fumo e os zombies


Já passaram 3 meses desde que acabaram as férias em Cuba e até agora só publiquei uma crónica sobre essa viagem.
Tinha prometido falar da vez em que julgo ter visto a luz de um farol em território norte-americano mas não vai ser agora. Agora vou expandir nas primeiras e segundas impressões que tive de Cuba, e que brevemente mencionei no Facebook na altura própria.

Deixando de lado a viagem propriamente dita, que custou um bocado porque a maioria dos outros passageiros comportaram-se como se fosse uma excursão de autocarro para a Festa do Avante ou aquela festa do Continente/Modelo que fizeram durante uns anos em Lisboa, com bar aberto na cauda do avião, vou directo à primeiríssima impressão de Cuba: Pernas.
Sim, pernas, mais propriamente as pernas das funcionárias do controlo de fronteiras no aeroporto. Usando uniforme que tinha a respectiva camisa estilo militar mas depois com mini-saias bem curtas e meias pretas rendilhadas, a maioria das funcionárias mandavam um pernão de respeito. Eram também atraentes para além das pernas, por isso um gajo fica um bocado confundido sem saber bem se está no controlo de passaportes oficial ou numa espécie de Red Light com as gajas usando todas a mesma fantasia.
Também lá haviam uns homens e umas mulheres mais velhas que usavam calças, mas o número de mini-saias e pernas boas eram a maioria.

Depois de ir-mos para a cidade e para o hotel apanhamos logo com um inconveniente que nos seguiu praticamente para todo o lado e todo o tempo enquanto estivemos em Havana. O fumo. Habituados que estamos agora às restrições ao tabaco em espaços fechados, notamos logo quando entramos em edifícios onde se fuma lá dentro. No hotel o cheiro a tabaco era constante. E em pouco tempo agradecemos a legislação europeia, pois em tempos idos também se fumava por quase todo o lado e o cheiro já fazia parte, mas agora estamos habituados a um ar mais limpo e inodoro, ou com outros odores, como o odor a peidos, por exemplo... Mas mesmo quando os peidos cheiram muito mal, costuma ser passageiro, já o cheiro do tabaco entranha-se e fica gravado até nas paredes.
Outra coisa que me faz impressão é que os europeus habituaram-se a não fumar em espaços fechados mas muitos ao notarem que era permitido fumar, sacavam logo de 2 ou 3. A mim faz-me impressão mas eu não sou viciado (só era fumador social e aparentemente imune ao efeito viciante da nicotina).

Dentro de portas tínhamos o fumo e cheiro do tabaco mas fora de portas era o fumo dos carros. Aí o choque ainda foi maior. Andamos pelas ruas e pouco tempo depois estamos a tossir por causa do fumo dos carros. A diferença para a poluição automóvel na Europa é avassaladora! Nem quando era mais novo e tínhamos os carros velhos e podres, assim como os pesados, me lembro de ver coisa tal. Mas na verdade em Havana o transito é bastante e é quase tudo muito velho. Mesmo que os carros e camiões estejam em boa manutenção mecânica, são de outra era. A juntar a isso a qualidade dos combustíveis lá é pelos vistos muito má o que faz com que mesmo os veículos mais recentes também mandem uma fumarada monstruosa.
Isso acontecia com autocarros mais modernos da cidade. Eles eram chineses mas por fora iguais aos MAN City Lion que existem muito por esta Europa fora. Só que quando passavam traziam uma mancha preta atrás. Por um lado devem ter motores mais poluentes que os usados na Europa e por outro devem sofrer de um combustível fraco que os torna pior.
A Carolina no primeiro dia que andamos na rua sofreu bastante com o fumo e eu também notei o cheiro de combustível constante no ar.
Só pelo Malecon, a marginal junto ao mar, é que não se notava o cheiro, mas fruto de ser uma estrada muito arejada (pudera né) e não ser muito congestionada.
A foto de cima é da voltinha obrigatória num carro americano descapotável, a passar precisamente no Malecon.

E por fim os zombies. O termo nem foi meu, foi de um dos guias que tivemos, não me lembro de qual. Na altura eu apenas escrevi, perguntado-me, o que é que as pessoas faziam durante o dia pois as ruas estavam cheias. Esse é o primeiro ponto, em Havana praticamente a qualquer hora do dia e até da noite, as ruas estão cheias de pessoas. Uma das consequências do socialismo cubano, certamente.
Mas no meio das muitas pessoas que andam de um lado para o outro (os autocarros são gratuitos) vê-se ajuntamentos grandes ao lado de certos edifícios. E está tudo agarrado ao smartphone ou aos tablets. Sim eles têm-nos e até são bastantes. Essa malta agarrada aos aparelhos estão na net e esses é que são os zombies, pois ficam ali quedos e mudos agarrados ao aparelho. E estão agrupados porquê? Porque a forma mais comum de aceder à net é por WiFi mas apenas alguns edifícios têm WiFi e é aí que eles se juntam. O método mais usado é comprarem vouchers com uma password que dura por um X tempo e depois ligarem-se ao WiFi da operadora nacional Cubana.
Aquilo sai-lhes caro mas eles estão completamente viciados. Cheguei a ver malta a fazer troca de minutos ou horas e julgo mesmo que um gajo estava a tentar obter favores sexuais duma gaja a troco de 1 hora de net.
É uma das coisas que só visto mesmo, as dezenas de malta agrupada em determinados pontos todos agarrados ao aparelho...

E para já fico-me por isto. Há muitas outras coisas a dizer, como os gajos que se colam a ti para ires fazer compras nas cooperativas, os mojitos na Bodeguita del Medio e os daquiris na Floridita...

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