Há coisa de 1 semana e meia saltou-me a tampa e escrevi sobre o problema dos refugiados a tentar entrar na Europa e a parvoíce que era ainda isso ser um problema quando parte da solução era, para mim, simples.
Mas estava enganado, realmente para muita gente não havia problema, o problema só apareceu agora quando oficialmente se decidiu fazer alguma coisa para aliviar esse ... incómodo, chamemos assim.
Por acaso tive a clarividência de imputar culpas em todos nós, em última análise, mas ao fim de poucos dias de discussão pública nas redes sociais, apercebo-me que estava mesmo enganado. Redondamente e espectacularmente enganado. E nunca pensei que me fosse cair a ficha tão rapidamente.
Afinal o problema não estava mesmo nos nossos líderes políticos. Apesar de estar mais por dentro das reacções dos portugueses, pois dos meus contactos estrangeiros não tenho visto nada similar, muitas pessoas acham que agora é que vamos ter um problema.
12 milhões de refugiados de guerra na Síria: Não é problema.
4 milhões de refugiados na Turquia, Líbano e Jordânia: Problema deles.
300 mil a tentar entrar na Europa: Não quero saber.
Dezenas de milhares na Grécia, Itália, Hungria e Macedónia sem condições e a causar problemas a toda a gente: Estão longe que se lixem;
Centenas a morrer afogados ou em camiões abandonados, incluindo mulheres e crianças: Único problema é que as fotos incomodam.
Centenas de milhares que entram ilegalmente todos os anos na UE para além destes: Nem sequer é falado por isso ignora-se.
Mas agora sim é que vamos ter um problema.
Eu percebo os muitos receios porque muita coisa pode correr mal neste processo. Como aliás já está a correr, porque o movimento de refugiados já existe desde há alguns anos.
Mas o que me custa é a falta de discernimento e digo mesmo de inteligência para separar as águas, e ver que há muitos factores a ter em conta nesta situação toda.
É certo que existem pessoas mal intencionadas que estão a aproveitar-se destes movimentos para virem para cá. Mas custa-me ver que muitos de nós prefere que o justo morra pelo pecador. Não interessa se temos 1000 vitimas e 5 terroristas. É tudo posto no mesmo barco e o que se quer é que esse barco se afunde com todos lá dentro.
Não percebo como há uns meses pouca gente defendeu o Prof. Cosme Vieira quando publicaram a notícia que ele queria afundar os barcos dos refugiados (talvez porque na altura ele falava mais dos pretos que também atravessam o Mediterrâneo para virem para cá).
Digo novamente que fiquei parvo e incrédulo com as reacções de tanta gente, inclusive na minha própria família, que morrem de medo destes poucos milhares que aí vêm, e a facilidade com que abraçaram o ódio em que se deseja a morte a toda aquela gente porque não se gosta deles.
As razões já não interessam e as muitas histórias falsas propagadas pelo medo são a justificação que precisavam.
Na verdade o terrorismo já venceu, pois conseguiu instaurar o terror nas pessoas que nos faz odiar o próximo independentemente se o próximo nos odeia ou nos quer mal.
Quando é que nos tornamos assim, tão hostis e sem compaixão alguma?
Pensando bem se calhar fomos sempre assim, e eu é que pensava que tínhamos evoluído para algo melhor. Melhor que os povos e países extremistas que acusamos de nos odiar e afinal também odiamos e desejamos igualmente que sejam aniquilados.
Tinha que vir escrever este apontamento sobre o assunto para o encerrar, pelo menos para já.
O melhor mesmo é ignorar estas reacções, até porque daqui a uns dias, semanas, a coisa serena e muita gente se esquece deste tema e falará doutras coisas, mas de igual modo voltando a malta a dividir-se e a odiar o próximo mas apenas porque ele é do Porto e eu do Benfica, porque ele vota no PS e eu boto na Joana Amaral Dias, porque ele é Holandês (norte-europeu) e eu sou Português (sul-europeu).
Até que este problema se repita novamente (porque a guerra não vai acabar tão cedo) e voltemos todos a partilhar os mesmos vídeos, alguns com vários anos, e a destilar ódio e rancor aos muçulmanos, mesmo que os que venham seja de outros credos...
Nota: troquei a imagem que tinha posto inicialmente (esta) porque na realidade não acho que era muito adequada ao que escrevi pois era provocatória, portanto troquei por uma da marcha dos refugiados na Hungria...
Eu acho que vai correr mal, não por causa de quantos eles são ou deixam de ser, não porque eles são de países islâmicos mas, apesar de eu não ter grande opinião formada e ser meio neutra, acho que vai dar merda!
ResponderEliminarOs anti-islâmicos estão em força e acho que estão a ganhar muito apoiantes e isso vai dar asneira.
Só acho que o EI e o ISIS podem e possivelmente puseram pessoas deles nos barcos, isso eu acredito piamente que sim, mas também acho, e espero, que essa minoria não venha a causar estragos.
Gostava muito que se tentasse resolver a situação também nos países onde os conflitos estão mais presentes, porque é triste teres de sair do teu país com medo de morrer...
O EI (Estado Islâmico) e o ISIS (Islamic State in Syria and Iraq) são a mesma coisa. Eles fizeram a ameaça que iam mandar precisamente porque sabem que isso ia causa pânico, logo é uma táctica excelente. Basta ameaçaram que vão mandar milhares que fica tudo cheio de medo, incluindo vão repelir e atacar mais os muçulmanos o que permite ao ISIS arranjar mais recrutas.
ResponderEliminarMas o Expresso ainda publicou ontem um artigo com mais desmentidos dos boatos das redes sociais, onde fala desse rumor e do como as associações que estão no terreno (e não é agora, é desde 2013) que acompanham os movimentos acham pouco plausível, ou falta de provas que confirmam esse rumor.
E como disse, o ISIS já tem meio de recrutamento de novos membros aqui na Europa há muito tempo. Por essa razão é que vimos milhares que saíram da Europa para irem combater na Síria e no Iraque nas fileiras do ISIS, incluindo alguns portugueses (que se converteram em França e no UK).
Os 3 terroristas de Paris, eram cidadãos franceses, não eram refugiados e agiram por intermédio do ISIS, aparentemente.
Mas digo-te, se o ISIS mandou elementos deles infiltrados podes crer que vêm causar estragos. Ou temos gajos que estão a desertar do ISIS (como já se viu acontecerem qd se desiludem com a situação) ou se ainda são activos do ISIS, vêm cá para fazer merda, seja atentados, seja recrutar mais para irem para lá.
Mas eu continuo a dizer que ao aceitarmos OFICIALMENTE refugiados permite ter um maior controlo sobre eles e os seus movimentos. Manter a situação que tivemos desde 2013 até agora, em que entram todos ilegalmente e depois perde-se o rasto por completo, é muito pior e muito mais insegura. E não vejo os movimentos anti-refugiados falarem de qq solução, apenas que não se pode deixa-los vir, ignorando a questão que eles já cá estão e vão continuar a vir.
Precisamente porque o Médio Oriente está numa confusão. E sim, o objectivo final é acabar com o conflito, mas até isso acontecer, até pq não é de todo fácil e por ventura ao tentar acabar com ele cria-se outro problema como no caso do Iraque que derrubou-se um ditador para ficar uma merda ainda mais mal cagada, faz-se o quê? É que não se pode continuar a ignorar que só na Síria existem 12 milhões de refugiados (8 internos e 4 externos), nem se pode ignorar que eles vão continuar a chegar a Lesbos e a Lampedusa e que qd os seus números ultrapassam o limite que a ilha pode aceitar, causam problemas a todo o mundo!
Por isso é que têm de ser realojados pq os gregos e os italianos dessas ilhas não podem ser os únicos a arcar com as consequências, e espalhando-os por toda a Europa reduz-se o problema, pois na vez de ter-se dezenas de milhares no mesmo sítio, fica-se com centenas aqui e ali, muito mais fáceis de integrar e até de controlar.
Obrigado pelo esclarecimento ISIS EI :)
EliminarSe me permites,vou partilhar, porque está na linha do que penso! Com a diferença de que eu seria mais agressiva e portanto, é melhor partilhar este teu texto!
ResponderEliminarEu sou agressivo noutros textos, como por exemplo no anterior sobre os refugiados, antes de estoirar esta coisa, mas neste aqui não dava para ser tanto, por causa da desilusão a nível pessoal (e estava mais triste do que zangado).
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