terça-feira, maio 07, 2013

E o Portas indigna-se com taxas sobre as reformas

Há uns anos um velhote a ser entrevistado disse que o Portas era um burro mas isso ele não é de certeza. Ele está muito chateado com as taxas sobre as reformas (apenas para reformas acima de 1000 e tal euros, teoricamente) por que sabe que agora é tempo de se colar à esquerda de forma a garantir poleiro noutra coligação e ter os velhotes reformados, sobretudo aqueles que ganham misérias, que não serão afectados por esta medida e precisam dela aliás para receber a sua, a bater-lhe palmas.

Mas eu não o oiço a falar de outras coisas menos polémicas.
14% da receita fiscal do estado destina-se ao pagamento de juros da dívida pública. Diz-nos Paulo Morais que é mais que o Estado gasta em qualquer outra actividade (Saúde, Educação, Segurança, etc). Acrescenta ele também isto: "Para baixar o custo do serviço da dívida, é necessário colocar parte da dívida no mercado interno a juros bem mais favoráveis".
Isto para mim é dos grandes "mistérios" da gestão da dívida pública em Portugal.

Vender dívida pública internamente aos cidadãos é daquelas coisas que nem sequer é preciso negociar porra nenhuma e não custa mesmo, mas mesmo nada.
Porque é que vendemos dívida pública para os estrangeiros a pagar 6% a 9% (ou será mais ainda?) e temos Certificados de Aforro (série C) a oferecer no limite 5% (na realidade é muito menos, já vamos ver isso)?
E porque é que os outros instrumentos de dívida, como Certificados de Tesouro (que valeriam 7,10%) estão suspensos, e os restantes só se podem subscrever através da bolsa (pelo sector financeiro)?

Façamos um exercício: Vou fazer agora um Certificado de Aforro série C; a taxa de juro calcula-se da seguinte forma: 0,85 x 0,209% (média da Euribor 3M) + 0,25 = 0,428%
Até final de 2016, esta taxa é acrescentada de 2,75, portanto fico com 3,178% durante os primeiros 2,5 anos. Uma média de 1,115% considerando os 10 anos!
Em Abril, a dívida pública para os mesmos 10 anos foi negociada a 6,090% nos mercados, para os outros instrumentos de dívida só disponíveis ao sector financeiro.
Portanto para os cidadãos (e ficando do dinheiro em Portugal) o Estado paga praticamente 5% a menos do que para a banca (nacional e estrangeira).
Bastava oferecer CA a uma taxa de 3,5% (nada de extraordinário) e poderia cortar 2,5% nos juros que se pagam.

Mas depois o Ulrich (e companhia) é que teria de aguentar...

1 comentário:

  1. A noticia mais recente sobre a dívida, para ter dados mais frescos em relação ao que digo ali em cima:
    http://www.tvi24.iol.pt/economia---economia/juros-juros-da-divida-emissao-a-10-anos/1447775-6377.html

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