23 dias depois, 3496,9 quilómetros percorridos em 87 horas 34 minutos e 47 segundos (para o vencedor), acabou a prova maior do ciclismo de estrada e pela primeira vez em mais de 100 anos (e 99 edições) foi ganha por um Inglês. E que corria por uma equipa britânica.
Se mais dúvidas houvessem que o Tour este ano é mesmo inglês, o segundo classificado da geral também o é e foram os britânicos (como nação) que mais etapas ganharam, 7. Isto apesar de terem apenas 5 ciclistas a correr (só faltou um deles ganhar uma etapa para terem feito o pleno).
Aqui fica o meu comentário sobre os vencedores e uma atribuição de prémios ao estilo Bakanoide.
Sobre os vencedores não há muito a dizer. Foi um dos anos onde todos os que ganharam uma camisola, ganharam-na bem.
O Bradley Wiggins não era, nem será, o ciclista mais forte do panorama actual, mas aproveitou este percurso mais focado para contra-relogistas. Fica quase a ideia que os organizadores pensaram na Sky e no Wiggins (o designado pela equipa para a vitória) ao fazerem esta prova. Quase como o guião de um filme, onde é finalmente concretizado o projecto e trabalho de 3 anos de intensa preparação. O Wiggins teve o suporte duma equipa que dominou os acontecimentos importantes e teve como braço direito o ciclista mais forte na montanha, que respeitou os desígnios da equipa. Ficará a dúvida se o Chris Froome, livre das ordens de equipa, conseguiria ganhar mais tempo na montanha que aquele que perdeu nos contra-relógios, mas o Wiggins foi o melhor no geral.
O que dizer do Peter Sagan que venceu e convenceu a camisola verde no seu ano de estreia? Pouco há a dizer a não que este gajo é uma maquina. Ganhou 3 etapas e ainda o vimos a chegar em 2º depois de andar fugido numa etapa de montanha com 2 passagens de 1ª Categoria e só a não conseguir responder a um ataque já depois de passada a montanha.
Eu sinceramente pensei que ele ganharia nos Campos Elísios mas não escolheu a melhor roda para seguir e já não teve tempo de apanhar o Cavendish (mas estava a apanha-lo).
A camisola da montanha foi aquela que teve um vencedor menos folgado, mas nem por isso menos merecido. Thomas Voeckler, um, ou mesmo o único, dos actuais heróis franceses do ciclismo, finalmente subiu ao pódio. Desta vez com a camisola da montanha, em principio destinada ao melhor trepador. Ele não é o melhor, mas não se pode dizer que não mereceu, quando ele venceu 2 etapas de montanha e passou em primeiro lugar num terço das subidas principais deste ano (tendo também sido o primeiro a passar em primeiro em 7 subidas consecutivas).
Tejay van Garderen, americano de origem holandesa, venceu a camisola da juventude e venceu bem. Estando na mesma equipa do campeão em título, acabou por ser melhor que este e para além de ter sido de longe o melhor jovem, juntou a isso um excelente 5º lugar na geral.
E então deixo agora a minha lista dos Prémios BaKanos do Tour 2012:
Prémio Melhor Veterano:
Jens Voigt sem dúvida. 40 anos e foi figura assídua na frente da corrida, muitas vezes fugido.
Prémio "Detesto a Sky": Apesar de muita gente do pelotão provavelmente amaldiçoar a Sky, é
Luis Leon-Sanchez que leva o prémio pois por 3 vezes (ou mais) viu os ciclistas da Sky passarem-no quando tentava ganhar etapas (até no contra-relógio).
Prémio "Não Preciso de Comboio":
Mark Cavendish que não tendo o comboio para o levar à meta aprendeu a ganhar fulminando os adversários uns valentes metros antes e acabando bem destacado.
Prémio Melhor Vilão:
Sean Yates (director desportivo da Sky) por obrigar o Froome a esperar pelo Wiggins;
Christian Prudhomme por ter delineado um percurso tão chatinho;
Pierre Rolland por supostamente ter atacado depois das ordens para esperar pelo Cadel Evans (e outros ciclistas) afectados pelo ataque das tachas na etapa 14; os
hooligans do futebol (nas palavras do Wiggins) que atiraram as tachas nessa mesma etapa.
Qualquer um destes eram grandes candidatos ao prémio, mas eu dou-o ao
Johan Bruyneel, director de uma equipa que tem mais um ciclista de renome apanhado nas teias do doping.
Prémio Melhor Sprint: O do Mark Cavendish na etapa 18 é qualquer coisa de extraordinário.
Prémio Melhor Fugitivo: Tivemos muitos e a organização atribui o prémio de combatividade ao Chris Anker Sørensen mas para mim e daquilo que vi (que não foi tudo) o que mais tentou uma vitória isolado foi o (repetente nos prémios)
Luis Leon Sanchez.
Prémio Melhor Trepador: Voeckler subiu este ano como nunca tinha subido na vida dele, mas acho que o
Chris Froome era de longe o melhor trepador e só não ganhou outra etapa que terminava num alto porque teve de levar o Wiggins até à meta.
Prémio Melhor Guarda-Costas: Este vai para 2 australianos,
Michael Rogers e Richie Porte que tomaram sempre bem conta dos 2 líderes de equipa, impondo ritmos complicados em quase todas as subidas que interessavam.
Prémio Momento Uau: Ultima subida da etapa 11, a 5 quilómetros do final quando o
Chris Froome contra-ataca no grupo dos favoritos e o Bradley Wiggins fica para trás. Por momentos parecia que se assistia a um volte-face no guião do filme, mas o "realizador" tratou de meter as coisas em ordem pouco depois.
Prémio Melhor Tuga: Eram apenas dois e a escolha torna-se muito fácil.
Rui Costa que apesar de não ter terminado no top-10, nem ter vencido nenhuma etapa, foi o melhor da sua equipa na geral e foi instrumental na única vitória obtida pela Movistar nesta edição.
Prémio "Sou o Maior da Minha Aldeia": Bradley Wiggins venceu e foi o melhor, mas
Peter Sagan foi mesmo o maior da aldeia, seja por ganhar ao sprint aos melhores da actualidade, seja por sacar cavalinhos em subidas, seja por fazer 2º numa etapa de montanha, seja pelas celebrações na linha de meta quando ganhou, seja por chamar à bicicleta "Tourminator", seja por dar autógrafos em mamas de moças bem avantajadas. Este Peter Sagan é caso sério de sucesso a todos os níveis.