25 de Abril foi há 3 dias, O 25 de Abril que celebramos foi há 46 anos e 3 dias atrás. Mas como diz a imagem, 25 de Abril é sempre por isso aqui vai o meu texto/artigo dedicado a este evento tão importante no nosso Portugal.
Alguns destes momentos foram partilhados no Facebook, porque a data calhou num Sábado, que nestes tempos de quarentena/lockdown são dias de limpeza. Por isso os momentos que partilhei no Facebook não eram propriamente os mais importantes mas aqueles que aconteceram sensivelmente pela mesma hora a que eu tinha um momento para partilhar. Os 2 primeiros, as músicas que eram a senha para a "Operação Fim Regime", e os 2 finais listados na cronologia que está na Wikipedia (mas feita com base em outras fontes), foram escolhidos e escritos no momento desejado.
Contado com esses que os vou repetir aqui, aqui fica a minha lista de 25 momentos (a cada hora) do 25 de Abril de 1974 (e não só).
24 de Abril - 20:00
Um grupo de militares comandados por Otelo Saraiva de Carvalho, instalou secretamente o posto de comando do movimento revolucionário no quartel da Pontinha, em Lisboa. Esses militares eram o comandante Vítor Crespo, o Major Sanches Osório, o Tenente-Coronel Nuno Fischer Lopes Pires, o Tenente-Coronel Garcia dos Santos, responsável pelas transmissões, o Major Hugo dos Santos e o Capitão Luís Macedo, co-autor do Plano Operacional.
Na tenda anexa ao Regimento de Engenharia de Lisboa começa a sintonização e captação de sinal para dentro das instalações. As janelas são forradas com cobertores e são organizadas rondas no Regimento para aumentar a segurança dos Revoltosos.
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A sala do Posto de Comando do MFA agora transformada num museu |
24 de Abril - 22:55
A transmissão da canção " E depois do Adeus", interpretada por Paulo de Carvalho, aos microfones dos Emissores Associados de Lisboa, marca o início das operações militares contra o regime.
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25 de Abril - 00:21
A transmissão da canção "Grândola Vila Morena" de José Afonso, no programa Limite da Rádio Renascença, é a senha escolhida pelo MFA, como sinal confirmativo de que as operações militares estão em marcha e são irreversíveis.
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25 de Abril - 1:30
É tomada a Escola Prática de Cavalaria de Santarém, do Capitão Salgueiro Maia, que ao comando de 2 Esquadrões, tem o objetivo de ocupar o Banco de Portugal, a Marconi e o Terreiro do Paço, onde se encontrava o Ministro do Exército.
Os comandantes de cada esquadrão falam aos seus homens e explicam-lhes o que se está a passar; o capitão Salgueiro Maia, que comanda o Esquadrão Instrução, reúne-se no Anfiteatro General Ribeiro de Carvalho com os cadetes do Curso de Oficiais Milicianos e os instruendos do Curso de Sargentos Milicianos.
Todos os militares, particularmente os milicianos em instrução, aderem ao Movimento e querem seguir para Lisboa. A dificuldade é que entre os cerca de 800 homens da EPC só podem ir perto de 240 na coluna.
Os comandantes de cada esquadrão falam aos seus homens e explicam-lhes o que se está a passar; o capitão Salgueiro Maia, que comanda o Esquadrão Instrução, reúne-se no Anfiteatro General Ribeiro de Carvalho com os cadetes do Curso de Oficiais Milicianos e os instruendos do Curso de Sargentos Milicianos.
Todos os militares, particularmente os milicianos em instrução, aderem ao Movimento e querem seguir para Lisboa. A dificuldade é que entre os cerca de 800 homens da EPC só podem ir perto de 240 na coluna.
Oficiais da Escola Prática de Cavalaria de Santarém intervenientes no 25 de Abril de 1974 |
25 de Abril - 2:00
A companhia de intervenção a três bigrupos de 50 homens comandada pelo capitão Rui Rodrigues abandona a Escola Prática de Infantaria, em Mafra, para seguir por Malveira, Loures, Frielas e Camarate até ao Aeroporto da Portela, que deverá ocupar e defender.
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"Nova Iorque" - nome de código do Aeroporto de Lisboa em Abril de 74 |
25 de Abril - 3:59
Coluna comandada pelo Capitão Teófilo Bento entra na RTP, no Lumiar, ocupa as instalações depois de desarmar os guardas da PSP, e monta o dispositivo de defesa. Teófilo Bento comunica para o PC: "Acabamos de ocupar MÓNACO sem incidentes".
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A Capital, 25 de abril de 1974, edição das 12 horas |
25 de Abril - 4:20
O Aeroporto Militar de Figo Maduro (Aeródromo de Trânsito nº. 1), adjacente ao Aeroporto de Lisboa, foi ocupado por um só homem, o capitão piloto-aviador Costa Martins. Controlado o AT1, com o "bluff" de que se encontrava cercado por uma Companhia da Escola Prática de Infantaria, o capitão Costa Martins dirigiu-se à torre de controlo do aeroporto de Lisboa, com o mesmo "bluff" e deu ordens de encerrar todo o trafego aéreo instruindo o ATC no sentido de divulgar um "NOTAM" que oficializou o encerramento da FIR de Lisboa e de todos os sobrevoos e operações aéreas civis em Portugal.
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Fotografia do Diário de Notícias de forças da EPI guardando o Aeroporto |
25 de Abril - 5:45
A coluna da EPC ocupa o Terreiro do Paço, local onde se encontram tropas da Polícia Militar a guardar os vários ministérios ali instalados.
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25 de Abril - 6:20
O alferes miliciano David e Silva chega ao Terreiro do Paço comandando um pelotão de AML/Chaimites reforçado com Panhards do RC 7, favorável ao Governo. Após breve conversa com o capitão Salgueiro Maia, o alferes coloca a sua força às ordens de Salgueiro Maia.
A mesma atitude será tomada por dois pelotões do Regimento de Lanceiros 2 (RL 2) que guardam o Ministério do Exército, à exceção de sete elementos que virão a possibilitar a fuga aos membros do Governo aí refugiados.
O ministro do Exército pede ao general da FA Henrique Troni para "mandar dois aviões sobrevoar o Terreiro do Paço".
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Militares da EPC e da primeira força do RC7, que já aderiu |
25 de Abril - 7:00
Os oficiais da Polícia Militar que se encontram no Terreiro do Paço põem-se às ordens do capitão Salgueiro Maia.
O comandante da 1.ª Divisão da PSP, o tristemente célebre capitão Maltez, também se colocou às ordens de Maia, recebendo instruções para orientar e desviar o trânsito para o Rossio e montar o dispositivo de alteração de tráfego em toda a Baixa lisboeta.
«Estamos aqui para derrubar o Governo» declara Salgueiro Maia ao jornalista Adelino Gomes.
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Agentes da PSP, após se terem colocado à disposição da EPC |
25 de Abril - 8:00
O Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, general Luz Cunha, informa o chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), general Paiva Brandão, que "pretende utilizar meios da Escola Prática do Serviço de Material (EPSM) para tomar posições e libertar o AB 1. Irem pela autoestrada e tomarem a estrada secundária. Terem cuidado com o Comandante. dessa força porque a entrega do Ferrand o deixou muito em baixo".
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General Joaquim da Luz Cunha |
25 de Abril - 9:35
Chega ao Terreiro do Paço uma força comandada pelo brigadeiro Junqueira dos Reis, 2º comandante da RML, constituída por 4 CC/M47, uma companhia de atiradores do Regimento de Infantaria 1 e alguns pelotões da Polícia Militar. A partir do Largo do Corpo Santo, dois dos carros de combate, comandados pelo major Pato Anselmo, tomam posições na Ribeira das Naus, enquanto os outros dois, sob o comando do coronel Romeiras Júnior, penetram na Rua do Arsenal.
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M47 leais ao regime vs. blindados da EPC, na Rua do Arsenal |
25 de Abril - 10:10
Chega ao Terreiro do Paço o tenente-coronel Correia de Campos, enviado do Posto de Comando da Pontinha, com a missão de coordenar as operações.
5 minutos depois um grupo de comandos, que integrava Correia de Campos e o major Jaime Neves, passa revista ao Ministério do Exército e confirma a fuga dos ministros que tinha por missão prender. Dão voz de prisão ao chefe de gabinete do ministro do Exército e ao chefe de gabinete do subsecretário de Estado.
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O buraco por onde fugiram os ministros |
25 de Abril - 11:45
No Rossio, uma companhia do Regimento de Infantaria 1, da Amadora, comandada pelo capitão Fernandes, tenta barrar o caminho para o Quartel do Carmo, à coluna da EPC. Após curto diálogo com o comandante das tropas, estas passam para o lado de Salgueiro Maia.
É montado o cerco ao Quartel da GNR, no Carmo, pela coluna da EPC.
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Cerco do Quartel do Carmo pelas tropas do MFA e manifestações populares de apoio |
25 de Abril - 12:00
Forças da GNR fiéis ao governo ocupam posições na retaguarda do dispositivo de Salgueiro Maia.
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25 de Abril - 13:30
Centenas
de pessoas descem a Rua António Maria Cardoso, entoando o hino
nacional, e aproximando-se da sede da PIDE/DGS, de cujas janelas são
disparados tiros. Cinco feridos, alguns com gravidade.
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Populares exigem rendição da PIDE/DGS |
25 de Abril - 14:00
Nuno Távora chega a casa de António de Spínola para entregar uma carta de Pedro Feytor Pinto, Secretário de Estado da Informação e Turismo, em que este se oferece para intermediário com Marcelo Caetano. Pouco depois, será o próprio Pedro Feytor Pinto a telefonar a António de Spínola, comunicando o pedido de Marcelo Caetano para que assuma o comando da situação a fim de evitar que " o poder caia na rua".
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General Spínola, supostamente no dia 25 de Abril |
25 de Abril - 15:30
Não
tendo sido atendido após 15 minutos, o ultimato dado ao Carmo,
Salgueiro Maia ordena ao tenente Santos Silva para fazer uma rajada da
torre da Chaimite sobre as janelas mais altas do Quartel, repetindo o
apelo de rendição logo a seguir.
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25 de Abril - 16:30
Após negociações, Marcelo Caetano decide render-se, mas apenas a um oficial de alta patente.
Os dois mensageiros, Pedro Feytor Pinto e Nuno Távora, saem do Quartel do Carmo e deslocam-se num jipe, acompanhados por Alfredo Assunção, para casa de Spínola que, entretanto, se dirige já para o Carmo.
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Partem de jipe para a residência de Spínola com mensagem de Marcelo Caetano |
25 de Abril - 17:00
Salgueiro Maia desloca-se ao interior do Quartel e fala com Marcelo Caetano que, após ter colocado algumas perguntas, lhe solicita que um oficial-general vá efetuar a transmissão de poderes (Spínola, com quem, aliás, falara já ao telefone) para que o poder não caia na rua.
Salgueiro Maia pede a Francisco Sousa Tavares e a Pedro Coelho, oposicionistas ligados à CEUD e ao PS, para ajudarem a afastar a população.
Sousa Tavares sobe para uma guarita da GNR e, usando o megafone, apela à calma.
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25 de Abril - entre as 18:45 e as 19:30
Marcelo Caetano, Rui Patrício e Moreira Baptista abandonam o Quartel do Carmo, sendo conduzidos na autometralhadora Chaimite "Bula", em direcção ao Quartel da Pontinha. Embora lhes tenha sido solicitado saírem pelas traseiras, Marcelo Caetano recusa, dizendo "Eu só saio pela porta por onde entrei".
A Baixa de Lisboa é invadida por enorme multidão que continua a vitoriar as Forças Armadas e a Liberdade.
Salgueiro Maia não conseguiu fazer-se ouvir, pela população, no seu pedido para retirar do Carmo, mas é respeitado o seu apelo. O povo não interfere. Limita-se a gritar "Vitória", e a vaiar fortemente, Marcelo Caetano e os Ministros depostos.
Redigido o Decreto-Lei 171/74, que "entra imediatamente em vigor", visando à extinção da Direcção-Geral de Segurança, da Legião Portuguesa, da Mocidade Portuguesa e da Mocidade Portuguesa Feminina.
O furriel Manuel Silva comandando a Chaimite "Bula" |
25 de Abril - 20:00
É finalmente lida nos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças Armadas. Vinte e uma horas após a emissão do primeiro sinal confirmativo das operações o regime caía.
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É finalmente lida nos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças Armadas. Vinte e uma horas após a emissão do primeiro sinal confirmativo das operações o regime caía.
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25 de Abril - 21:00
Os
elementos da PIDE/DGS, abrem fogo sobre a população indefesa que
sitiava a sua sede e era perfeitamente evitável, porquanto a rendição do
Governo de Marcelo Caetano estava publicamente consumada, quando das
janelas da rua António Maria Cardoso, possuídos da fúria da pólvora, os
carrascos da PIDE abrem fogo mortífero sobre a multidão, que cercava a
sede, causando cinco mortos e mais de 45 feridos. Um agente da DGS é morto pelas Forças Armadas quando tentava fugir.
Vítor Crespo, único representante da Armada no Posto de Comando, consegue finalmente mobilizar um corpo de fuzileiros navais, sob o comando de Vargas de Matos, cuja acção virá a ser relevante na definitiva rendição da PIDE/DGS. Com eles estará também uma outra força da Armada comandada por Costa Correia.
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Vítor Crespo, único representante da Armada no Posto de Comando, consegue finalmente mobilizar um corpo de fuzileiros navais, sob o comando de Vargas de Matos, cuja acção virá a ser relevante na definitiva rendição da PIDE/DGS. Com eles estará também uma outra força da Armada comandada por Costa Correia.
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Forcas da Marinha e Exército junto à sede da PIDE/DGS |
25 de Abril - 22:00
É
publicada a Lei nº 1/74 que destitui das suas funções o Presidente da
República e o actual Governo e dissolve a Assembleia Nacional e o
Conselho de Estado e determina que todos os poderes atribuídos aos
referidos órgãos passem a ser exercidos pela Junta de Salvação Nacional.
O D. L. nº169/74 exonera os Governadores-Gerais dos Estados de Angola e Moçambique e determina que as suas funções passem a ser desempenhadas interinamente pelos Secretários Gerais desses Estados.
O D. L. nº170/74 exonera das suas funções os governadores civis do continente e ilhas. Até serem nomeados novos titulares, essas funções serão exercidas pelos secretários dos governadores civis.
O D. L. nº171/74 extingue a DGS, LP e MP.
O D. L. nº172/74 dissolve a ANP.
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O D. L. nº169/74 exonera os Governadores-Gerais dos Estados de Angola e Moçambique e determina que as suas funções passem a ser desempenhadas interinamente pelos Secretários Gerais desses Estados.
O D. L. nº170/74 exonera das suas funções os governadores civis do continente e ilhas. Até serem nomeados novos titulares, essas funções serão exercidas pelos secretários dos governadores civis.
O D. L. nº171/74 extingue a DGS, LP e MP.
O D. L. nº172/74 dissolve a ANP.
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Os cravos nas espingardas dos soldados, a flor que deu o nome à Revolução |
26 de Abril - 7:00
A prisão de Caxias é tomada por um grupo de fuzileiros especiais e pára-quedistas, comandados respectivamente pelo Comandante Monteiro Serra e pelo Capitão Mário Pinto. Comandava então a prisão de Caxias o Tenente Neves de Matos, elemento da GNR. Sem oferecer resistência, entregou-se às forças que tomaram posse do complexo e ali ficou sob o seu controle.
A prisão de Caxias é tomada por um grupo de fuzileiros especiais e pára-quedistas, comandados respectivamente pelo Comandante Monteiro Serra e pelo Capitão Mário Pinto. Comandava então a prisão de Caxias o Tenente Neves de Matos, elemento da GNR. Sem oferecer resistência, entregou-se às forças que tomaram posse do complexo e ali ficou sob o seu controle.
Multidão à espera da libertação dos presos políticos na prisão de Caxias |
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