quarta-feira, maio 23, 2007

Sintonizar Deus

Tal como já tinha dito aqui quando vos informei que agora iria estar por Lisboa, já passei por umas “estórinhas” curiosas, dignas de serem reportadas. Aquela que vos quero contar hoje passou-se comigo e com o meu colega Vladimiro (português de gema de Torres Novas, e não um russo qualquer) logo na primeira semana de estadia.

Para que a estória faça sentido, tenho de fazer a devida introdução à mesma. Todos os “estrangeiros” da NEC que estão aqui neste projecto, nós incluidos pois não somos lisboetas, estão hospedados no Novotel, que fica na Avenida José Malhoa, a meio caminho entre Sete Rios (Jardim Zoológico) e a Praça de Espanha (Fundação Calouste Gulbenkian).

Num dia ao pequeno-almoço deparamo-nos com um grupo grande de individuos todos com camisolas brancas com letras azuis e frases do género: “Did GOD save your life?” e “Have you already meet GOD?”. Portanto estão a ver, um grupo qualquer religioso ainda por cima com origens norte-americanas pois parecia ser essa a nacionalidade da maioria das pessoas com as tais camisolas. O grupo denominava-se Family Radio, e até tem um site na net...

Mas, passemos ao que interessa pois a introdução já está feita.
Uma noite destas, eu e o Vladimiro estavamos sentados no bar do hotel, bebendo uma(s) cerveja(s), à espera que os nossos colegas germanico e nipónicos fechassem os seus laptops e se juntassem a nós, quando eu reparo num gajo, africano mas mulato ou ainda menos, bastante alto, com 2 mochilas cheias, uma série de gadgets pendurados ao pescoço, e um berrante colete flourescente cor-de-laranja vestido!
Chamou-me a atenção não só pelo colete, como também porque estava constantemente a “viajar” entre uma mesa e o balcão, aparentemente perguntando muitas coisas.
Às páginas tantas, ele é-me trazido pelo nosso colega alemão, pois precisava de ajuda. E pondo-me um papel à frente dos olhos, diz-me o tal mulato, praticamente palavra por palavra, isto:
- “Olhe é o seguinte, eu preciso de saber o que Deus está a fazer agora, por isso tenho de sintonizar no meu rádio este programa.”
...
...
...
Mas continuou:
- “É que eu levei um tiro na cabeça e fiquei completamente marado, e esqueci tudo, e agora tenho dificuldades em saber as coisas. Eu tenho ali o meu rádio naquela mesa, e tenho 2 headphones, se me puder ajudar...”

Eu tentei ajudar o “pobre” homem, mas não consegui entender como sintonizar o tal programa uma vez que a frequência no papel que ele me mostrou não era FM. Mas a folha era do tal grupo Family Radio, então disse ao homem que eles estavam hospedados no hotel para ele lhes pedir ajuda, ao que ele respondeu:
- “Eu sei, mas eles já estão quase todos a dormir e o guia do grupo já está de pijama.”
...
...
...
...

Bem, ainda recebi uma prenda por tentar ajudar o homem, que foi um livrinho que me ensina como salvar a minha alma, e aprendemos uma coisa muito interessante:
Deus transmite em ondas curtas.

quinta-feira, maio 17, 2007

"Shinji narenai"

Não sei se o romaji no título está correcto ou não. Sei que o som da expressão é este, foi o Takamoto-san que me ensinou.

Como (ando sempre a dizer isto) estive no Japão em 2005, aprendi muita coisa sobre o país, sobretudo nas vertentes de viver e trabalhar lá. Sobejamente relatada no blog das crónicas do Japão, essa experiência foi óptima, mas óptima também tem sido esta convivência com 2 japoneses, aqui neste projecto para o SEF em Lisboa.

Eu não tinha confraternizado tanto com os japoneses quando lá estive, excepto das poucas vezes que saímos à noite, e nas coisas do trabalho, e estes meus 2 colegas, a Tsuji e o Takamoto, como são uns japocas mais "internacionais" dá para um gajo se divertir à grande.

O mais giro de tudo foi quando eu descobri a formula secreta de pôr os japoneses a rir. É simples, basta-me falar japonês. Eu sei dizer umas coisas, tive um curso de japonês e até lá estive e tudo, por isso quando me dirijo a eles, volta e meia falo em japonês.
Nesta passada 5ª-feira no entanto é que foi o fim da picada. O ambiente estava descontraído e tal, e eu fui a um site com muitas expressões japoneses e comecei a mandar uns bitaites. Quando reparo estão os japoneses a rirem-se a bandeiras despregadas. E quanto mais eu falo mais eles se riem.
Já depois a vir embora, eu pergunto porque tanto eles se riem, e eles dizem que acham imensa piada eu a falar japonês.

Naturalmente nós vamos assumir que isso é porque eu falo mal e soa-lhes estranho. Mas a verdade é que não! De acordo com eles, eu falo muito bem com um sotaque muito bom, e eles olham para mim e vêm um ocidental e então acham imensa piada!
A caminho para o hotel e depois durante o jantar da noite (que foi pago pelo comercial que tinha vindo para umas reuniões de outro projecto mas que envolve a mesma equipa), eu peço-lhes para me ensinarem outras expressões, eles ensinam, eu repito e eles choram a rir!
Então no elevador eu digo que gostaria de ir trabalhar para o Japão uma temporada e depois de eles me ensinarem as expressões correctas, eu digo em japonês:
"Sugimoto-sama, shigoto kudasai. Takusan okane, kudasai", que significa "Chefe Sugimoto, trabalho por favor. Muito dinheiro por favor".
Os japoneses agarraram-se às paredes do elevador e riam, riam, riam feitos tolinhos. Saíram no seu andar quase aos trambolhões de tanto rir!

Durante o jantar, quanto mais me ensinavam, e mais eu dizia, mais eles se riam, inclusive o próprio chefe deles, até quando eu lhe pedi trabalho e dinheiro!

Ah, o título é uma expressão que se traduz em algo com o mesmo significado disto: Inacreditável!

sexta-feira, maio 11, 2007

Como um desterrado

Pois é. Nestes últimos tempos quase que pareço um desterrado. Tanto em termos de projectos de trabalho como de locais de trabalho, apesar de sempre na mesma empresa.

Nos últimos 2 anos, ele foi 2 meses no Japão, depois regresso a Aveiro, depois 3 meses em Inglaterra, seguidos de 2 meses em França. Depois regresso novamente a Aveiro, mudando de projecto praticamente a cada mês, tempo de ir fazer demonstrações na Coina para os comboios, trabalhar com PDA e telefones SIP, depois na interligação entre redes de dados 3G e redes WiFi, depois num projecto para Inglaterra que afinal deixou de ser, para finalmente acabar por cair num projecto para o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), os gajos que controlam as nossas fronteiras, que me vai obrigar a passar 2 meses (talvez mais, infelizmente) em Lisboa durante a semana.

Portanto, depois da minha belíssima 1 semana e 1 dia (o famoso 1 dia que marca toda a diferença), quase nem tive tempo para digerir as minhas espectaculares férias, nem tempo para contar aqui como eu descobri os Açores, essa tão linda região deste país.

Agora, serei da capital, durante os tais 2 meses, só ao fim-de-semana andarei pelas minhas pastagens.
Para além do mais, andarei a tomar conta de 2 japoneses, 1 alemão, trabalhar com espanhóis, volta e meia lidar também pessoalmente com irlandeses e talvez holandeses!
É só mais uma experiência inter-cultural, que apesar de ser má em termos de estar fora de casa, pode permitir enriquecer a minha já vasta (como eu sou modesto!) cultura.

Não percam mais desenvolvimentos sobre estas coisas, até porque já tenho inclusive, 2 historinhas para contar...