quinta-feira, março 10, 2016

Sobre as mulheres (e outras desigualdades)


No Dia da Mulher publiquei isto no Twitter. Olhando bem é apenas mais uma das mensagens algo machistas, ou completamente machistas que muitos de nós homens partilhamos neste dia, mas não o fiz com esse objectivo estava apenas a tentar ser engraçadinho como de costume.
É que eu, como já escrevi anteriormente, tenho sempre alguma dificuldade em perceber, ou me aperceber, da desigualdade e outras injustiças que determinados grupos ou desprivilegiados sofrem.
Isto por diversas razões:
1 - Eu sou um dos privilegiados, logo faço parte do grupo tido como opressor;
2 - Por defeito não considero as mulheres (nem os outros) inferiores ou com menos direitos só por serem mulheres (ou africanos, ou etc);
3 - Eu não acredito na plena igualdade entre géneros ou mesmo pessoas.

Eu sou um homem Europeu branco que vive num dos países mais desenvolvidos do mundo, tenho boas habilitações (apesar de não ter curso superior) e ganho um bom salário. Há muito pouco em mim para se poder considerar um desprivilegiado. No máximo é o facto de ter sido filho de emigrantes e ser agora um imigrante mas até nisso é coisa pouca porque sou considerado dos "bons".
Eu não lido com a desigualdade ou outras formas de descriminação como racismo e xenofobia na primeira pessoa, e pertencendo ao grupo que costuma estar do lado opressor (que descrimina) tenho dificuldades em ver o problema.

Juntando a isso para mim é exactamente igual lidar com uma mulher, um branco ou um preto ou um monhé ou um chinoca ou um imigrante quando se trata de qualquer assunto. Isto até conhecermos a pessoa. Eu chego à creche do Sebastião e está uma rapariga nova de lenço na cabeça mas eu falo igual para ela como para a espanhola estrábica que trabalha com ela. O facto de ter lenço na cabeça, o facto da espanhola ser estrábica são curiosidades. Eu tenho o problema de costumar as mencionar sempre ou tomar atenção a elas. Da mesma forma que costumo dizer que ao meu lado se senta um preto/negro, tenho um colega chinês ou tive um colega gay. É uma curiosidade.
Sei que dizer isso reduz um pouco a pessoa a isso e é errado eu devia me abster destas adjectivações mas não consigo porque eu sou parvo.

Finalmente e focando-me no tema da igualdade, eu não acredito nela em pleno. Os homens não são iguais às mulheres. Mas os homens não são todos iguais entre si. Um português é diferente de um holandês. Portugueses de famílias diferentes e criados de maneira diferente são diferentes. Eu sou diferente do meu irmão.
Por isso é que torço sempre o nariz quando se pede igualdade a toda a gente.
Igualdade de direitos absolutamente. Todas pessoas, mulheres ou homens, europeus ou africanos, heteros ou gays, cristãos ou muçulmanos devem ter direito às mesmas coisas. Mas isso não quer dizer que as devem ter só porque sim.
E nem me valham falar em acabar com as distinções, como acabar com menus de rapazes e menus de raparigas do McDonalds. Isso até o menos porque a distinção faz-se pelo brinquedo, não é preciso fazer pelo género, mas não é normal existirem lavabos separados ou secções de roupa para homem e para mulher? Duvido que as mulheres queiram que seja tudo misturado...
Noutro dia a Carolina pôs no Facebook que eu a ajudava em casa e um outra mulher comentou que não deveriam haver tarefas da Carolina. A Carolina não tinha escrito isso mas não é verdade que muitas mulheres consideram que existem tarefas para os homens? Mas mesmo que não distingamos logo pelo género, existe divisões de tarefas e as mulheres são mais apropriadas a certas e os homens a outras. Exactamente porque nós somos diferentes. Mas da mesma maneira que na altura em que morávamos juntos, o meu irmão fazia doces e eu lambia as tigelas. A divisão não era pelo género mas o meu irmão gostava de fazer e eu gostava de me lambuzar.

Mas tendo escrito isto tudo, eu sou a favor de existir o Dia da Mulher. Porque houve um tempo em que elas eram inferiores só porque sim. E isso ainda acontece hoje. Existem direitos e condições que são negados às mulheres apenas por serem mulheres, não porque existem outras razões para isso.
Mesmo eu achando que não pratico a desigualdade tenho de ser relembrado da luta contra a mesma.

E prontos, isto é parte do que tenho a dizer porque se deixar fluir as ideias sobre este tipo de temas nunca mais paro e isto ficaria (ainda mais) difícil de ler...

2 comentários:

  1. "existe divisões de tarefas e as mulheres são mais apropriadas a certas e os homens a outras" tirando a força que o Ricardo tem e eu não, não vejo como as lides da casa possam ter tarefas masculinas e femininas! Fora os gostos pessoais.

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    1. Apesar de eu ter começado com o exemplo de "ajudar em casa" porque foi algo que aconteceu, eu estava a ser genérico e a falar de qq tipo de tarefas. E a diferença de géneros que nos faz pensar de maneira diferente (homens e mulheres) já influencia os tais gostos pessoais que mencionas (aquela cena de que os homens gostam todos de desporto e as mulheres de malas e sapatos).

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