segunda-feira, fevereiro 28, 2011

Faraway, so close!

Título de um filme do Wim Wenders, será por ventura mais conhecido por ser o sub-título duma música dos U2 (Stay).

Isto foi o termo que me veio à ideia quando decidi escrever sobre as minhas voltinhas aqui pelas redondezas. No entanto o termo é mais ao contrário: Close, so faraway!

Estando habituado a dar corda ao carro em Portugal e andar de Norte a Sul com alguma frequência e sem ter medo de fazer centenas de quilómetros mesmo quando era só para dar uma voltita num Domingo, aqui acho que é tudo muito perto, mesmo ir ao estrangeiro. Um gajo vai ao Google Maps, vê a distância e pensa "isto é perto; chega-se num instante; vou até lá".
O curioso é que ainda ontem, a ir para Maastricht (que era apenas um ponto de passagem da viagem planeada) ainda comecei a pensar que as distâncias nos sinais eram em milhas, pois nunca mais lá chegava.
É o problema da velocidade, ou falta dela.
Existem muitos quilómetros de auto-estrada que estão limitados a 100km/h, às vezes a 90 ou 80. E como pelos vistos a malta daqui gosta de cumprir e do que me disseram a polícia é rigorosa e pouco tolerante, um gajo não abusa. Ainda por cima ontem estava a conduzir um carro de matricula holandesa, e portanto de certeza que a ser apanhado a minha amiga Andorinha iria receber a multa em casa. Portanto ia quase sempre na velocidade máxima (ligeiramente acima considerando o erro do velocímetro).
No meu carro estava a usar uma prática que consistia ir à mesma velocidade do carro mais rápido que passava por mim que não fosse claramente depressa demais.
Ontem não , por isso que a modos que uma viagem de 225kms (ainda menos que Aveiro-Lisboa) nunca mais acabava.
Ou pelo menos assim parecia.
Admito que não me lembro a que horas saímos de Den Haag (Haia) mas eu pensava que era coisa para 2 horas no máximo e parece que demorou mais. às tantas foi mais impressão...

Bem a ideia é que apesar das coisas aqui estarem todas perto (de Maastricht, grande cidade mais a Sul, até Groningen, grande cidade mais a Norte, são apenas 330kms), demoramos um bocado mais de tempo do que estamos habituado, porque as velocidades são um bocado mais baixas; chegando a andar longos trajectos de auto-estrada a 40~50 km/h menos do costume em Portugal)

Portanto apesar de estar tudo perto, parece estar tudo mais longe.

E só para concluir, as Ardennes são uma zona altamente. É uma zona de floresta e montanha, que mesmo apesar de não ser alta é uma muita apreciada diferença das paisagens baixas e planas do resto do Norte de França, Belgica e Holanda.
Apanhar uma descida/subida com 12% de inclinação e umas estradinhas estreitas com sequências de curvas e contra-curvas serviu para pôr um sorriso parvo na minha cara.
Isso e ter estado na entrada de Spa-Francorchamps a ver a Raidillon ao fundo!

Passeamos por uma zona rica de história e estórias; cenário de vários confrontos militares, o mais famoso eventualmente a Batalha do Bulge, a última ofensiva alemã da Segunda Guerra Mundial e cujo fim deitou por terra as últimas esperanças de Hitler chegar a um acordo de paz na Frente Ocidental e assim poder dedicar todos os recursos alemães a combater o Exército Vermelho...
Mas deixando a História, sem dúvida que as localidades daquela região ficaram, "congeladas no tempo" como disse a minha companheira de viagem. Como se ainda estivéssemos no inicio do século 20 como acrescentei eu depois...

Voltando à temática do automobilismo: depois de ter passado em Assen, só falta numa próxima continuar pelas Ardenas fora e entrar na Eifel (Alemanha) e dar uma voltinha pelo "inferno verde" também conhecido pelo Nordschleife!


PS - O Le Bon Bassin em Maastricht, na/no Bassinkade, é um excelente restaurante, que se deve ir pelo menos uma vez ... por ano (não convém ir muitas vezes que sai caro) ;-)

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

A sentir a falta de...

Ontem a sair da IBM dei por mim a meter a mochila às costas e a pensar em ir para a paragem do autocarro. Estarei com saudades da espera e do tempo "perdido" no autocarro? Não, sinceramente parece que é mais sentir falta do caminhar, da simplicidade desse acto que fazemos isoladamente mesmo que tenhamos pessoas ao nosso lado.
Começo a temer que agora que deixei de fazer os mais de 2 kms a pé que fazia diariamente, volte aos velhos tempos em que não perco peso. Isso e associado ao facto de andar a inventar nos cozinhados pois parece-me que exagero nos ingredientes e por ventura na quantidade também. Esse pormenor requer um voltar ao básico... Mas voltemos agora é ao assunto inicial.

2 kms por dia pode não parecer muito, pode nem parecer nada, mas sempre é uma forma de exercício. É melhor do que não andar porra nenhuma. Que é o me acontece nas ultimas 3 semanas. Comer bem e nada fazer.

Então ontem lá estava a pensar em caminhar até ao autocarro. Tinha estado um bocado durante a tarde a falar sobre bicicletas e a pensar que poderia arranjar uma mesmo que não a usasse para ir para o trabalho (continuo a ter na ideia que se usar a bicicleta como meio de transporte normal, vou-me aleijar a sério um dia destes), pois podia dar umas voltas nem que fosse ao fim-de-semana, e ir mesmo até Amesterdão ou outro sítio nas redondezas para suar um bocado...
Esta manhã quando cheguei decidi subir até ao 9º pelas escadas (no 6º andar decidi apanhar o elevador que tava a ficar sem fôlego). Mas a vir embora, desci pelas mesmas (custa menos).
Até saí mais tarde porque estive a falar com a minha colega dinamarquesa sobre o ginásio que a IBM têm no outro edifício.
Até têm aulas de spin bike de manhãzinha e tudo, tal como aquelas que eu ia no Knock-Out!
E só custa €15 por mês...

Resultado, a verdade é que sinto mesmo necessidade de fazer qq coisa para queimar energias, para suar, para tentar voltar a perder peso, de maneira a que volte a ter de apertar mais os cintos e sentir as camisas, as camisolas, os casacos um pouco mais folgados.

Continuo a achar que não vou passar a andar de bicicleta para o escritório tão cedo. Isso ainda me parece um conceito demasiado holandês para mim, e até quero manter certos traços bem portugueses...

quarta-feira, fevereiro 16, 2011

Receitas BaKanas

Decidi começar uma nova rubrica aqui no blog. Tenho crónicas, dissertações, rapidinhas e imagens. Agora apetece-me começar a falar de receitas, ou cozinhados vá.
É o que dá um gajo ficar novamente solo, e não ter assim à mão de semear uma Telepizza, um McDrive, um Dom Rogério, e uma outra panóplia de restaurantes, nem todos com take-away...

Eu sinceramente até gosto de cozinhar, experimentar e tal. E posso afirmar que quase sempre o que gosto mais é mesmo de comer o que faço. Só não cozinho mais frequentemente porque sinto que muitas vezes o acto de preparação do prato é demasiado trabalhoso, and Lazy it's my middle name...

Aqui na Holanda começo a redescobrir o prazer de cozinhar. Sobretudo porque aqui tem muita coisa facilitada. Vai-se ao Albert Heijn e compra-se os diversos ingredientes, alguns deles mais exóticos, já completamente embalados e preparados para se usar em doses individuais ou para 2 pessoas.
É só comprar, desembalar e meter directo. Ainda para mais que aqui uso com frequência o estilo wok, de misturar as coisas, saltear tudo no wok (com um poquinho de azeite, ou mesmo só usando a gordura natural do produto) e depois pronto comer assim uma misturada...

Noutro dia já deixei uma receita original BaKana. Quer dizer, pode nem ser original, mas eu fiz as coisas de cabeça e instinto. Se por acaso recriei uma receita de alguém, olha, lá calhou.
E hoje voltei a inventar uma porcaria qualquer, por isso aqui vai:

Umas tiras de bacon, uns cogumelos quaisquer da família Pleurotus ou parecidos pelo menos, um bocado de natas, guacamole, um ovo e queijo Emmental ralado.
Mete-se o bacon no wok temperado com pimenta (variada), alho e umas gotas de limão. Deixa-se ganhar um pouco de cor e bota-se os cogumelos depois de cortados às tiras também. Assim mais ou menos a meio da cor desejada, 2 colheres de chá de guacamole lá para o meio. Deixar apurar mais um bocado, meter um bocado de salsa e as natas. Quando as mesmas engrossarem um bocadinho (sim porque comprei natas liquidas) desliga-se o gás, abre-se um ovo e deita-se tudo lá pra dentro (sim, gemas e claras), mexe-se tudo muito bem, e bota-se por cima da massa que se esteve a cozer só em agua e sal entretanto.

Arremata-se a coisa com o Emmental ralado e acompanha-se com um Côtes du Rhône tinto.

Faltou a salada que vai ficar para amanhã, que vai sair mais um novo prato salteado no wok, mas desta vez baseado em marisco e certamente mais simples.
Mas lá vou ver o que vou inventar desta vez...

segunda-feira, fevereiro 14, 2011

Business as usual

Well, actually not quite...

O que quero eu dizer com esta frase em inglês? É que as passadas 2 semanas não foram "normais". Normais no sentido da minha nova vida pelos Países Baixos.

Como poderão ter reparado pelo que escrevi no último dia de Janeiro, estive em casa (ainda aquela a que chamo da verdadeira casa) a semana toda. Ainda cheguei a trabalhar pois o plano inicial não era passar a semana completa em Portugal, mas acabou por assim ser.
Entre tratar dos diversos assuntos e encontrar-me com alguns amigos, mais as visitas à família mais próxima, a semana passou-se que foi um instante.
E depois porque o fim-de-semana foi feito a viajar entre Aveiro e Badhoevedorp (arredores de Amesterdão) de carro, com passagem e paragem pelos arredores de Paris onde pernoitei em casa dos pápás.
Cumpri assim um velho desejo que era fazer a viagem Portugal-França de carro, seguindo o exemplo dos meus pais.
Admito que depois de a fazer, achei que o feito é coisa pequena. Mas também nos dias de hoje, dispondo de navegação por GPS, carros confortáveis e com cruise-control, e com auto-estradas por todo o lado e estações de serviço nas mesmas, a coisa está muito facilitada em relação aos anos 70 e 80 e quiçá mesmo 90 onde estas viagens seriam mesmo uma mini-odisseia!
A viagem em si, foi muito rápida. Qualquer coisa como 14 horas e meia. Claro está que a família imagina que fui sempre de gás, tendo eu aliás fama de street-racer (como gosto mesmo até de espalhar), mas a verdade é que fui sempre apenas 10 km/h acima do limite máximo imposto pela sinalização, e nas zonas com radares frequentes ia mesmo dentro do limite. Apenas uma ou outra vez deixei o carro ir a 150 km/h quase sempre devido a deixar embalar numa descida antes de corrigir a velocidade!
A explicação para fazer a viagem nesse tempo é simples: paragens sempre curtas, não mais de 10~15 mins apesar de frequentes.
É preciso ver que saí cedo de Aveiro para tentar viajar o máximo possível de dia, e só apanhamos a noite já estávamos bem dentro de França.

Depois do descanso, no Domingo viemos então para aqui, que é a coisa mais banal de todas, pois é ainda menos que ir até ao Algarve. E paga-se também menos de portagens, pois apenas paguei menos de 15 euros entre Paris e Lille, ou seja menos do que Aveiro-Lisboa para uma distância semelhante.
E ainda eu pensava que as portagens em França eram carotes!

Depois, esta semana anterior, a Carolina esteve comigo. E como agora tenho o carro, os meus hábitos mudaram. Assim como fomos a um hiper ao bom estilo português fazer compras em maior escala (onde a Carolina constatou que muitas coisas são mais baratas que aí) e até fomos ao IKEA e tudo!

Este sábado fomos dar um giro pelo Norte da Holanda, que eventualmente descreverei melhor em post próprio.
Posso apenas adiantar que o nome Países Baixos é apropriado, mas se fosse Países Planos não era mal aplicado, não senhor...

E ontem lá fui levar a mulher a Eindhoven, ao mini-aeroporto que lá têm, pq ela foi na Ryanair (a companhia supostamente mais barata, mas que muitas vezes quando comparamos o nosso caso específico até sai mais caro do que numa regular).
Dessa viagem apenas posso dizer que ir a 100 km/h numa auto-estrada com 5 faixas é muito frustrante pois parece que vamos parados, sobretudo porque o transito não era nada de especial.
Mas ao menos as 2 faixas da esquerda vão quase sempre livres e anda tudo certinho parece que vamos todos num funeral.

E assim que chegamos a uma segunda-feira, fim do dia já, e estou de novo sozinho e de volta À rotina do costume, ou como se diz em inglês business as usual...
Só que agora não vou apanhar o 145 para casa. Nem sequer vou já para casa. Vou pegar no Laguna e dar um salto até ao centro comercial Vier Meren (Quatro Lagos) em Hoofddorp para trocar uma peça da máquina de café (modelo errado) e comprar um cartão de memória para o GPS (ao mesmo tempo dar uma olhada nas máquinas fotográficas pois ainda não tenho uma nova nem tampouco me decidi sobre o que vou comprar)

Tot ziens