sábado, junho 24, 2017

Perder os três


Ontem aproveitei o facto de uma vizinha, que comemorou os 30 anos na semana passada com uma festa, ainda ter o balão do 3 visível na varanda para fazer uma piada usando esta expressão que era até bastante comum quando eu era mais novo. Os "três" é um sinónimo da virgindade da mulher. Por isso antes era comum, lá para os meus lados pelo menos, a malta usar expressões como "perdeu os três", "ainda tem os três", "tirou-lhe os três" tudo relacionado com o ter ou já não ter a virgindade. Admito que agora não me lembro se chegávamos a usar também para os rapazes ou era mesmo só para as raparigas.

A verdade é que na altura não sabia o porquê deste significado. E se alguma vez alguém me explicou ou eu li algures já me tinha esquecido pois ontem perguntei à Carolina se ela sabia de onde vinha a expressão. Ela disse-me que achava que tinha a ver com a religião e a virgindade da Nossa Senhora, mas eu não consegui ver a relação directa por isso fui pesquisar.
E encontrei esta explicação neste tópico dum fórum, que está bem escrita e gostei da mesma, por isso copio aqui com a ressalva de que não sei se é mesmo verdade.

PERDER OS TRÊS VINTÉNS
Ou, abreviadamente, PERDER OS TRÊS.

É a expressão popular que refere a jovem que acaba de perder a virgindade.
Antigamente a maioria dos casamentos, era resultado de arranjos familiares. Isto incluía todas as classes sociais. Havia pontos importantes a discutir, tais como o dote e a boa conduta da noiva já que muitas vezes era uma total desconhecida. Era então necessário incluir um “Atestado de bom comportamento” passado por uma autoridade local. Estes atestados existiram até ao 25 de Abril de 1974 e conheço pessoalmente casos a quem o Presidente da Junta de Freguesia o passou para poderem casar.

Se a autoridade que passava o atestado tivesse dúvidas podia pedir uma certidão de virgindade. É aqui que entra a moedinha. A certidão era passada pela parteira da terra e, para isso, tinha de fazer um teste de virgindade. O teste consistia em colocar sobre o hímen da jovem uma moeda de três vinténs. Se a moeda passasse para dentro a jovem “chumbava” no teste. Os três vinténs eram também o pagamento da parteira que então passava o “Atestado de Virgindade”.

Chegaram alguns aos nossos dias e por vezes são anedóticos, como é o caso do que está no Arquivo Distrital de Viseu sem data, mas que se crê ser do início do séc. XIX, e que reza:

Eu, Bárbara Emília, parteira que sou de Coira, atesto e certufico pula minha onra, que Maria de Jesus tem as partes fudengas tal e qual como nasceu, insceto umas pequenas noidas negras junto dos montes da crica, que a não serem de nascença, serão porvenientes de marradas de pissa.

Era habitual, sobretudo no Norte de Portugal as mães ofereceram à filhas adolescentes uma moeda de três vinténs suspensa de um fio, com a recomendação simbólica de que a deviam guardar e nunca mostrar até à noite do casamento.
Esta tradição aparece em quadras e autos antigos.

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