quinta-feira, novembro 10, 2016

In Trump We Trust


Quando na quarta-feira acordei às 6:30 da manhã, vim ver a CNN e o Trump estava com mais de 230 votos eleitorais apercebi-me que afinal o mais certo era ele ganhar. Apesar de ter demorado quase 2 horas até a Hillary conceder a eleição e o Trump fazer o discurso vitorioso, já estava confirmado muito antes, assim que o Trump ultrapassou os 250 e ficou apenas a precisar de 2 estados e indo à frente em vários.
O que escrevi no Twitter nessa altura foi que havia tanto a dizer que eu nem era capaz de dizer nada. Mas entretanto depois de ler umas coisas na net tornei-me um especialista em política norte-americana e por isso agora posso vir dizer umas coisas.

Antes de mais queria só deixar a nota, que não sei se muita gente se apercebeu, mas o Trump não foi escolhido pela maioria dos norte-americanos. Os votos pelos vistos ainda não estão todos contabilizados (sendo a maior potência mundial parece estranho que demore-se dias a contar os votos todos) mas em termos percentuais, cerca de 52,5% dos que votaram não votaram no Trump.
Cerca de 47,7% votaram na Hillary Clinton e os outros 4,8% nos outros candidatos. E sim é verdade, e Hillary teve cerca de 300 mil votos a mais no país todo, mas não ganha quem tem mais votos no total, ganha quem consegue mais votos eleitorais, que são por estado e o Trump ganhou onde contava mais, mesmo que por pouca diferença.

Para além disto temos os muitos milhões que podiam mas não foram votar. Curiosamente tentei encontrar valores para abstenção nos EUA mas não parece ser uma coisa oficial como é em Portugal e muitos outros países da Europa. Eles apenas contam o que chamam de turnout, quem aparece, e apesar deste ano ter-se tido o maior número de votantes de sempre, dizia o LA Times que nem seria a mesma percentagem das últimas eleições, que ficou um pouco abaixo dos 60%. Portanto mais de 40% dos americanos que poderiam ter ido votar não foram, e isso quer dizer que não escolheram directamente o Trump, mas como se abstiveram também não o recusaram (é o problema da abstenção).
Por isso muita gente fala hoje que os EUA estão divididos.

Outra coisa que eu queria dizer é que ao contrário do que muita gente tem escrito e pensará, eu não acho que foram os saloios e pacóvios, assim como os racistas e xenófobos, que elegeram o Trump.
Estas pessoas votaram também há 8 e 4 anos atrás e tenho a certeza que não votaram no Obama. Também não acredito que em 2016 eles sejam muitos mais do que eram em 2012. Eles são os mesmos de sempre, se calhar até um pouco menos, devido à contínua evolução da sociedade.
Quem realmente elegeu o Trump foram aqueles cidadãos comuns, independentes que não votam sempre no mesmo partido, moderados mesmo, que afectados pela crise de há uns anos, desiludidos com o poder político ou simplesmente com vontade mesmo de romper com o sistema acharam que o Trump servia os interesses deles, por mais diversos que fossem.

E tirando as polémicas todas em volta da Hillary Clinton, que sempre me fizeram um pouco de celeuma como é que essas pareciam ser bem piores do que as polémicas mais que comprovadas do Trump, ela não ganhou porque aqueles grupos que nunca votariam no Trump por se sentirem especialmente ameaçados por ele, não votaram o suficiente. Baseio-me apenas em projecções que vi ontem, pois faltavam ainda dados em concreto mas mais uma vez os afro-americanos e os hispano-americanos votaram a menos de 50%. E os jovens, que são por norma menos conservadores, também votaram pouco. Tivessem mais alguns destes grupos, que estão agora a lamentar a eleição do Trump, ido votar, o mais certo era estar ainda meio-mundo eufórico por se ter escolhido a primeira mulher presidente, na maior potência mundial.

Eu não cheguei a maioria destes factores sozinho, e isto nem vem de agora. O realizador de documentários Michael Moore já tinha mencionado estas razões em Julho e agora as eleições deram-lhe quase a razão em pleno. Por já ter lido a previsão dele é que me foi mais fácil confirmar nos dados que analisei durante estes 2 dias.

Prognósticos para uma presidência Trump e como vai afectar o mundo? Impossível de se fazer, o homem é tão volátil e muda tanto de opinião (ora vejam esta montagem mas tudo dito mesmo por ele) que sabe-se-lá no que vai dar...

Termino só com uma explicação do título. Andava há várias semanas com vontade de partilhar uma imagem com este texto em jeito de piada nas redes sociais. Não cheguei a partilhar porque não encontrei a imagem ideal e não tinha tempo suficiente para fazer eu mesmo uma. Se calhar devia ter feito, sabe-se lá se provocava um efeito borboleta que mudava o resultado das eleições.

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