quinta-feira, março 15, 2018

Uma vez em doze


Partilhei eu no Facebook há 1 semana atrás que nos 11 anos, 10 meses e 3 dias de vida deste blog, só por uma vez, ou seja só num ano, escrevi sobre o Dia da Mulher (que era naquele dia). Foi em 2016 que escrevi um texto por ocasião do Dia (Internacional) da Mulher e nunca escrevi nada antes nem depois.
Apesar do blog estar a chegar aos 12 de vida, desde 5 de Maio de 2006, quando publiquei a primeira dissertação, até hoje já se celebrou o Dia da Mulher por 12 vezes.

A outra coisa curiosa é que só mesmo nos anos mais recentes tenho feito alusões a esse dia, usando as redes sociais. Isso demonstra uma coisa, que eu estou mais atento a isso. E ao bom estilo de homem, é quase sempre para fazer uma piada. Até em 2016 o texto era maioritariamente sobre desigualdades e a minha pessoa, por isso apesar da referência ao dia, as mulheres não foram o único assunto do qual escrevi. Mas gosto que nessa dissertação tenha escrito este parágrafo:
eu sou a favor de existir o Dia da Mulher. Porque houve um tempo em que elas eram inferiores só porque sim. E isso ainda acontece hoje. Existem direitos e condições que são negados às mulheres apenas por serem mulheres, não porque existem outras razões para isso.
Mesmo eu achando que não pratico a desigualdade tenho de ser relembrado da luta contra a mesma

Essa é outra razão para escrever agora novamente em 2018, apesar de com 1 semana de atraso (fazendo um pequeno aparte, tem alturas que praticamente tudo acontece ao mesmo tempo!).
Eu tenho de ser relembrado da luta das mulheres, que é constante e por todo o mundo. Até nesta Europa evoluída onde supostamente existe igualdade temos milhares, quase certamente milhões, de mulheres que têm de continuar a lutar contra a discriminação e pior, lutar contra crimes que são cometidos contra elas, todos os dias.
Sei que há gente que não acredita que as mulheres realmente recebem menos, ou que têm de aturar o machismo e sexismo (e tudo o que isso implica) no dia-a-dia. Há até quem pense que as mulheres têm privilégios, e é verdade têm alguns, nalguns casos. Mas deixando de parte que também acontece a homens (porque é muito menos) quantas mulheres são atacadas fisicamente e mortas por companheiros num ano? Quantas mulheres são violadas? Quantas mulheres são traficadas? Quantas mulheres recebem abusos sexuais (verbais ou físicos) mesmo sem sequer olhar ou falar para alguém, e apenas porque estão ali no mesmo espaço e tempo que um homem? Quantas mulheres sofrem abuso psicológico constante de familiares e colegas de trabalho nem que seja só por comentários pejorativos constantes só porque são o sexo fraco? E quantas mulheres têm de aceitar este facto porque é na brincadeira ou porque é cultural ou porque sim?
Eu não preciso de ir pesquisar estatísticas para saber que são demasiadas. E mencionei apenas coisas que acontecem com as mulheres nos ditos países civilizados e em culturas que por lei não discriminam, pois se for para falar do resto do mundo e culturas onde as mulheres só podem mostrar os olhos e até esses estão encobertos por uma rede, então nunca mais daqui saíamos...

Eu não me posso esquecer destes problemas que afectam as mulheres sem qualquer outro motivo que não elas serem mulheres. Sim há coisas que são da natureza humana, e crimes destes que se praticam contra mulheres, homens e crianças. Mas o Whataboutism não deve ser usado para desacreditar ou diminuir o valor da luta das mulheres.
As mulheres precisam do seu dia, sim, porque as mulheres precisam ainda em 2018 e até nos ditos países civilizados, de lutar por esta merda. Ou como dizia o cartaz que uma senhora velhota usou há uns anos num dos Dia da Mulher (e tentei pesquisar quando foi a primeira vez, mas a Internet tem várias versões): I Can't Believe I Still Have To Protest This Fucking Shit!

3 comentários:

  1. Acho que devias por sexo fraco entre aspas...

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  2. Tendo em conta onde está inserido o termo, acho que não pondo entre aspas até dá mais peso, ou seja foi propositado deixar assim.
    Mas é curioso que comentaste isso e não o facto da frase ter um erro, pois estava escrito "sobre" ao invés de "sofrem" :-)

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