domingo, janeiro 25, 2015

Syriza, for the win

Durante vários anos eu tive dificuldade em me definir politicamente. Sobretudo porque não me podia definir de direita ou de esquerda porque era de um ou de outro dependendo dos diferentes temas. Mas sempre me considerei um gajo mais da direita, por ser contra algumas das ideologias constantes mais associadas a partidos de esquerda. Com o exemplo de Portugal em que os 2 maiores partidos são praticamente iguais, apenas as pequenas diferenças é que poderiam indicar para que lado eu pendia. Mas a juntar a isto temos o caso que os partidos defendem políticas diferentes conforme o seu líder, o que complicava mais em saber. Por isso é que numas eleições votei PSD, noutras PS, noutras CDS-PP e votei no MEP (ou seria o MMS?!?). Também já votei em branco, a pensar que servia para alguma coisa, mas os votos brancos ainda contam menos que abstenção porque nessa falam e votos brancos são simplesmente ignorados (também por serem muito poucos).
Tive de vir para a Holanda para encontrar a ideologia base política que sigo, também depois de ler mais artigos sobre os diferentes partidos e o que defendem aqui. Confirma-se que sou tendencialmente de direita e na base sou um liberal-social. Uma pessoa que acredita numa economia livre de mercado e liberalizada onde o Estado tem um papel regulador e também social que é, para mim pelo menos, o garantir as condições de vida (englobando casa, emprego, saúde, educação, etc) para quem não as consegue ter por si mesmo ou dificuldades em obtê-las.
Por outro lado, o que defendo é que ao invés do Estado gerir tudo e oferecer de tudo para todos, ele apenas intervém quando a economia e a sociedade por si mesma não conseguem resolver um problema, seja esse problema o acesso à educação e saúde por certas pessoas, ou quando a nível económico existem abusos causados por monopólios ou cartéis.

Depois desta longa introdução vou ao que realmente interessa. Mesmo sendo um gajo tendencialmente de direita, estou muito contente com a vitória do Syriza na Grécia. Isto porquê? Porque é uma mudança no poder estabelecido do costume, onde ganham quase sempre os mesmos, que mesmo dizendo que são diferentes fazem quase sempre tudo igual. E porque estes gajos têm ideias radicais. Ora eu pessoalmente não acredito que funcionem, mas o que foi feito até agora funcionou mal, ou como acha muita gente, também não funcionou.
Por isso é que um novo poder radical num dos países da UE e da Zona Euro, vai servir como laboratório de teste de outras ideias.

Se a coisa correr bem, para os Gregos, ficamos a saber que vale a pena meter malta nova e que defende coisas diferentes do costume, sejam eles radicais de esquerda ou radicais de direita, ou então aqueles moderados mas que também defendem coisas novas e nunca estiveram no poder. Esta vitória e o que vai suceder abrirá por ventura as portas a novos partidos de ganharem representação parlamentar e deste modo diminuir o peso dos partidos grandes, trazendo uma verdadeira mudança ao que é habitual na Europa. Mas penso sobretudo em Portugal, onde variamos sempre entre PS e PSD, e vai continuar assim mas era bom que eles tivessem de coligar não com um partido mas com 4 ou 5, e na vez de termos PS, PSD, CDS-PP, CDU e BE, tivéssemos lá mais uns 5 ou 6, com MMS, MEP, MPT, PCTP-MRPP, PPM e até mesmo o PNR. E na vez do PS e PSD terem aquelas muitas dezenas de chulos (deputados), terem poucos mais que os outros. Isso é que era altamente e espero que a vitória do Syriza faça ver às pessoas que podem votar noutros para além dos mesmos de sempre.

Mas e se a coisa corre mal? Eu pessoalmente acho que vai correr mal, e não é para os bancos ou para a Alemanha como muita gente espera. Vai correr mal é para os gregos mesmo. Mas isso é outra discussão para se ter daqui a uns meses. Para já fica escrito e gravado a minha previsão por alto da coisa. Mas adiante. Se isto corre mal as pessoas vão ficar com medo de votar em mudanças e sobretudo nos radicais. Irá por outro lado dar força às actuais ideias de governação que imperam na UE, muito baseadas na austeridade que por si só não é uma coisa má (gastar menos do que se ganha) mas foi levada a vários extremos e muitas vezes com interesses obscuros deixando-nos a pensar se era mesmo para o melhor das contas publicas dos Governos, ou o melhor para as contas privadas de certos bancos envolvidos nestas coisas. Isso também é outra discussão, mas é como digo, se realmente correr mal, as pessoas se calhar mudam de opinião. Espero é que não pensem que têm de dar maioria absoluta aos actuais governantes e por larga margem. Acho que está provado que esses modelos governativos, que tivemos várias vezes, só dão merda quando se chega ao final do mandato (só no final porque durante parece que está tudo perfeito).

E existe um outro cenário ainda pior: se a coisa corre MUITO mal? Mais uma vez depende ao certo do que vai ser feito, mas continuo na minha que quem vai sofrer muito mais vão ser os Gregos. Mas a coisa correr muito mal é o Syriza começar com cenas doidas que arrebentam com tudo e ainda levam outros países atrás. Acho que muita gente está mesmo à espera que isso aconteça, portanto para eles isso é a coisa correr MUITO bem. Para mim continua a ser interessante pois como era defendido no filme Fight Club (Project Mayhem) só reduzindo tudo a zeros é que podemos reconstruir uma nova sociedade. Pessoalmente não sei se gostaria de passar por tempos desses conturbados, mas que a acontecer vai ser giro, ai isso vai. Continuo com pena dos Gregos, pois acredito que qualquer dos cenários que não seja o correr bem, só vai resultar em mais dificuldades para eles.

Finalmente o ultimo cenário possível, aquele em que eu menos acredito, mas se calhar é o mais provável de acontecer. O Syriza como agora chegou ao poder, vai amansar e ficar igualzinho a qualquer outro partido e politiqueiro que ladra muito mas quando encontra o seu poleiro ou tacho, cala-se bem caladinho e mama e rouba como todos os seus antecessores.
E sim, neste cenário também quem se fode é o povo Grego...

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