quarta-feira, dezembro 17, 2014

Gostar não é razão suficiente?

Há uns dias, semanas já, dizia um colega meu que tinha deixado de tomar café porque o café afinal não dava mais energia apenas fazia voltar à energia normal que se tinha antes de se ter viciado em café. Algo assim do género, admito que não me lembro bem dos detalhes pois nem estava 100% atento, mas lembrei-me logo de lhe dizer "então mas gostar de café não é razão suficiente para se tomar?" e acrescentei de seguida "eu não tomo café para me sentir melhor, tomo porque gosto de tomar um expresso no final da refeição".
Enquanto falava com o gajo, este tema começou "a crescer" em mim. Mas é preciso existir algum outro motivo superior para se fazer ou consumir algo, que não seja simplesmente o gostar?

Às vezes parece que vivemos numa sociedade que sente culpa em gostar de coisas e então tem de arranjar desculpas técnico-científicas para se justificar.
Basta ver o sem fim de notícias da treta (para mim são da treta) que enumeram novos estudos que, e apenas a título de exemplo, provam que chocolate faz bem, a cerveja tem propriedades benéficas, o vinho tinto contem propriedades que melhoram a condição cardíaca, e coisas assim do género.

Até para actividades (ou falta delas), arranjam-se motivos. Tem pessoas que são viciadas em exercício físico mas a justificação é porque faz bem. Ou então aqueles que não gostam, como deve ser caso da maioria e depois lá aparece um estudo para desculpar, pois diz que ir ao ginásio afinal tem resultados práticos muito baixos ou nulos.
São desculpas para que as pessoas se sintam bem com o que fazem. E por outro lado é por vivermos numa sociedade do politicamente correcto e não se poder simplesmente dizer que se gosta de comer porcarias, beber álcool e fumar umas cenas. Não se pode, parece mal, é errado, então come-se porque é anti-depressivo, bebe-se porque ajuda à circulação e fuma-se porque é um calmante natural que faz menos mal que as drogas químicas.
Qualquer dia não se pode dizer que nos sabe bem peidar (ou seja peidamos com gosto) mas porque precisamos de o fazer para libertar o corpo de energias negativas que nos arrasta o karma para baixo!

Isto chega-se a um ponto tão ridículo de se arranjar desculpas para tudo, que noutro dia deparei-me com um artigo publicado que apresentava umas 16 razões para se fazer sexo todos os dias. Mas porquê 16 razões?!?! Basta apenas uma e está logo no título: SEXO TODOS OS DIAS! É razão mais que suficiente para se fazer.
Obviamente não nos apetece todos os dias, ou apetece mas estamos cansados de comer chocolate e beber jolas que não conseguimos, mas é bom saber-mos que está previsto todos os dias.

O título desta dissertação é uma pergunta que se responde automaticamente e com o mesmo texto. ficou à minha escola usar o ? ou o ! e como não sabia se seria politicamente incorrecto, optei pela pergunta.
Conclusão é simples: O gostar devia ser razão suficiente e não deveríamos ter problemas em admiti-lo.

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