quarta-feira, janeiro 29, 2014

Só um bitaite "académico"

Não vou gastar muito tempo a falar das praxes académicas. Nos últimos dias já se escreveu mais merda sobre o assunto do que a merda que acontece nas praxes. Mas tanto por quem argumenta pró como por quem argumenta contra (e um próximo "Prós e Contras" da RTP vai ser sobre as Praxes).
Só vou dizer que é realmente muito importante dar bitaites sobre as mesmas e focar-mo-nos nesta questão essencial pois morrem centenas de jovens todos os anos e milhares ficam traumatizados para a vida e é por causa da praxe que temos maus políticos, os jovens não arranjam emprego, o crime aumenta, os problemas sociais multiplicam-se e o grande capital vai roubando mais aos pobres e à classe média. E tenho a certeza que quando o Crato acabar as suas reuniões com as Associações Académicas e o assunto estiver resolvido, a qualidade do nosso ensino superior disparará para valores nunca vistos e quem sabe as propinas até podem baixar e as bolsas aumentar.

Welcome to Amsterdam

A foto e o título deste post podem não parecer coincidir mas já irão perceber o porquê de um e da outra.

A Holanda é considerada um país burocrático. A burocracia é alias uma das grandes razões de queixas dos próprios. Mas se pensarmos bem, a burocracia é uma apanágio das administrações centrais e locais dos vários países. Sem a mesma, toda uma classe de funcionários públicos (porque trabalham na administração publica) não teriam trabalho nem emprego neste mundo.

Depois da experiência dos ultimos dias, relacionada com o inscrever a família aqui e pensando na minha própria experiência quando aqui cheguei e nas primeiras semanas, a coisa nem é tão má como pintam.
Eu acho mesmo é que as coisas terão mudado um bocado nos últimos anos, com a revolução digital, que as pessoas ainda pensam no quão complicado era.

Uma das coisas que nos dizem aqui, e é verdade que ainda acontece em muitas coisas, é que é preciso marcar tudo por telefone antes. Ai de quem entra num serviço, mesmo privado, sem marcação.
Posso dizer que tive experiências dessa "burocracia" até mais no privado que no publico.
Quando fui abrir conta no banco teve de ser marcado e só ao fim de visitar 2 agências diferentes (e fui abrir numa terceira). 3 anos mais tarde, necessitando de ir ao médico com a criança, fui sem marcação (porque ainda não estávamos todos registados) e a parte do registo foi super simples (e livre de qq burocracia, aceitando até esperar que eu tenha o seguro para ela e para ele para cobrarem as consultas) mas a consulta com o médico tinha de ser às 15:30 apesar do mesmo estar lá à espera sem ter ninguém para atender!

Mas quando me registei inicialmente, e depois quando me mudei para o municipio de Amesterdão, limitei-me a aparecer de manhã nos serviços e fui atendido rapidamente, tendo sido tudo tratado simples e rápido. Eles precisam das certidões de nascimento e casamento em formato internacional mas temos 3 meses para as entrega, isso não impede que o processo seja completado.
Agora para registar o resto da família pois já não adianta "fingir" que a patroa ainda mora em Portugal e só me vem visitar, pensei em fazer o mesmo, mas vendo a experiência de outras pessoas que registaram a família duma só vez fui pesquisar primeiro.

Muitos imigra ... desculpem, expats que vêm para cá, inscrevem-se pelo Expat Center, onde são inscritos no IND (o equivalente ao SEF aqui) e depois de o IND "aprovar" a inscrição a pessoa é registada no GBA, que é tipo o Registo Civil só que aqui são os municípios que gerem isso. Após o registo do GBA a pessoa recebe o BSN, o numero de cidadão.
Este processo está descrito no site e implica dias de espera.
Ora eu achei muito estranho porque não esperei dias quando me registei. O BSN foi-me dado logo quando cheguei pelo Serviço de Finanças pois precisava de o ter para o contracto. A Carolina também já tinha tirado um (associado à morada em Portugal) para efeitos fiscais.
Decidi fazer o mesmo que fiz antes, aparecer no posto local do município e registar na hora.

Pronto, apanhei um pouco de burocracia, pois o posto local não pode fazer registos no GBA. Eles podem registar pessoas em Amesterdão que venham de outros municipios (logo já têm um registo no GBA) mas pessoas que vêm do estrangeiro têm de ser feito no posto do centro e deve ser feito por marcação.
Quando eu me registei tive sorte de ter ido directamente ao edifício central do município onde morei inicialmente.
La telefonei para marcar e tive de esperar mais de uma semana porque o senhor dizia que tinha horário disponível antes pra registar 1 pessoa mas como eu ia registar 2 só podia ser no dia 28!
OK, siga...

Dia 28 foi hoje, espera já foi ontem. E assim lá fomos nós até ao centro, de carro à boa maneira portuguesa. A marcação era às 8:30 mas como é preciso passar sempre antes na recepção para tirar a senha (já tinha aprendido que é assim que funciona) apontamos chegar 15 minutos mais cedo até para ter tempo de estacionar e tirar o pequeno com calmas.
Só que o próprio serviço abria apenas às 8:30 e já lá estavam varias pessoas à espera (e sempre chegando mais). Claro está que abrem as portas é a loucura e ordem de chegada é coisa que não existe muito bem aqui.
Mas na recepção é rápido, confirmam que está marcado, dão-me a senha e dizem onde ir ter. Mal chego ao sítio o meu numero aparece logo no visor.
E apesar de demorar um bocado, e eu ter de dar autorização por escrito para a esposa morar em casa, ficou logo tudo feito, com registo no GBA completo e BSN para o Sebastião!
Sem ser preciso inscrição no IND, esperar cartas de resposta e o diabo a quatro.
E quando a senhora nos entrega a folha que confirma o registo, diz-nos: Welcome to Amsterdam!
O que foi um bom apontamento, pois só depois de regista é que uma pessoa passa a ser um habitante de Amesterdão...

Depois desta história toda, uma sintese de porquê eu achar que agora está menos burocrático do que deveria ser há uns anitos:
Falando com muitas pessoas todos te vão dizer que é preciso marcar antes para tudo e é possível tratar de várias coisas sem marcação prévia (mas convém confirmar antes).
Alguns sites ainda descrevem processos que requerem cartas, procedimentos adicionais e prazos de espera que na realidade verifica-se não serem precisos.
Eles são tão burocráticos e requerem tantas provas mas posso me inscrever no médico sem ter BSN nem seguro de saúde e ter uma consulta sem pagar nada que eles dizem que podem esperar até termos o seguro!
É possível fazer um seguro de saúde pela net mas quando telefonamos para perguntar como fazer para adicionar o resto da família à mesma apólice, dizem que é preciso descarregar um formulário de inscrição, preencher e mandar por correio. Mas depois duma segunda olhadela no site, vejo que posso fazer isso online sem qualquer problema (mas a própria funcionária da companhia achava que era preciso o processo mais complicado).
Tendo BSN posso pedir um DigID que é uma conta e chave digital para aceder e fazer operacões nos serviços publicos. Posso pedir subsisdios sociais, como o abono de familia para o puto, usando o DigID mas colegas meus que trouxeram os filhos à pouco tempo pediram pelo municipio e os funcionarios até disseram que não iria ter direito por ganhar muito.

Estes exemplos todos mostram-me que a burocracia está enraizada aqui, mas não é tão mau como pintam e muitas pessoas ainda não se aperceberam que a coisa está muito simplificada.

sábado, janeiro 25, 2014

Curiosidades BaKanas

Decidi partilhar com vocês algumas curiosidades do meu mundo e arredores.


A Nike começou por ser um distribuidor de sapatilhas japonesas (agora a ASICS) e as vendas eram feitas em encontros de atletismo e directamente do carro de um dos fundadores.

Praticamente todos os dias de manhã (só não sei se são todos porque não estou presente para ver) às 8 da manhã, os bombeiros de Osdorp tiram a auto-escada do quartel e testam-na até ao máximo com um bombeiro no cesto.

Gasto em média 0,9l de gasolina para ir e vir do trabalho por dia. Apesar dela estar cara ainda fica substancialmente mais barato (custo do combustível apenas) do que ir nos transportes públicos e muito mais rápido.

A cerveja mais consumida na Alemanha, a Oettinger é também a mais barata de todas e praticamente não se vende em bares nem pubs. A empresa não faz publicidade, controla directamente a distribuição e usa uma fábrica altamente automatizada para produzir a maior quantidade de cerveja possível com um reduzido número de empregados.

A Holanda per se não existe nos dias de hoje. Existem 2 províncias, a Holanda do Norte (ou Setentrional) e a Holanda do Sul (ou Meridional) que fazem parte dos Países Baixos. Apesar de toda a gente usar holandês para referir um natural do país e a língua, o termo correcto e não-ambíguo é neerlandês. Portanto todo o holandês é neerlandês, mas nem todo o neerlandês é holandês.

Descobri recentemente que passei a ultima metade de 2013 a trabalhar sem ter um contracto válido. Nada de especial mas tendo em conta que aqui pedem o contracto de trabalho para muitas coisas, tive sorte de ter passado a maior parte desse tempo em Portugal.

Apesar da história oficial ser que Ferdinand Porsche desenhou o Carocha com base em especificações dadas directamente por Adolf Hitler, a verdade é que o Carocha é uma cópia o Tatra 97 que tem praticamente as mesmas especificações e começou a ser fabricado 2 anos antes.

Nos Países Baixos têm o Dia Nacional da Tulipa onde em Amesterdão as pessoas podem ir buscar uma tulipa na praça Dam. Curiosamente esse dia é em Janeiro, em pleno Inverno.

Noutro dia não resisti ao prazer proibido de me peidar sozinho no elevador. Logo a seguir ele parou e entrou uma vizinha.

De acordo com um estudo (feito de forma relativamente simples) uma pessoa com o salário mínimo em Portugal pode comprar 269 cervejas. Aqui na Holanda, pode-se comprar 761 e na Bélgica pode-se comprar 1028.

Os holandeses gostam muito de se queixar do seu país, nomeadamente do tempo, da burocracia, dos impostos e da saúde. Mas quando um estrangeiro (ou imigrante) se queixa precisamente do mesmo eles ficam ofendidos, alguns até consideram uma ofensa pessoal.

Antes de chegar aos 30 anos, vários colegas meus me diziam que quando lá chegasse também teria cabelos brancos. Tenho alguns é verdade, mas é sobretudo pêlos da barba ... e dos tomates!


E finalmente uma ultima curiosidade:
Antes cagava sempre depois do café ao almoço e agora estou a cagar depois do pequeno-almoço...

terça-feira, janeiro 21, 2014

A matemática da vida

A vida é mesmo assim, pode-se mesmo dizer que esteve sempre destinado a ser assim.
Ao inicio somos parte de uma família, depois crescemos e por momentos somos apenas Um. Mas conhecemos alguém especial e o Um torna-se Dois. Nessa altura a nossa vida já é partilhada mas ainda fazemos parte de outras famílias. Isto até que a matemática da vida faz umas contas curiosas: 1+1=3.

É nessa altura que passamos a ter uma nova família, a nossa.
E a vida muda bastante, como se já não tivesse dado muitas voltas antes.

De certo modo explica o longo silêncio cibernético pois havia outras coisas que pensar e fazer, apesar de muito passar pela cabeça durante as diferentes fases. Mas optei por uma certa privacidade, partilhando as coisas pelos modos mais tradicionais e por grupos mais restrictos e assim não falei das coisas por aqui.

Agora sinto-me novamente necessitado de voltar à escrita e partilha de opiniões, tendo regressado a uma participação mais activa nas redes sociais e agora neste meu espaço onde me solto um pouco mais.

E começo logo por falar desta matemática. Era eu, depois veio ela e agora temos um pequenino: 1+1=3!