sexta-feira, junho 29, 2012

Coisas que me fazem sorrir

Apesar de ter faltado a uma auto-promessa de fazer menos horas e trabalhar menos e voltar a ser o ultimo a sair do andar, desta vez às 19:00 (certamente porque sou um português pouco produtivo e pouco competitivo) hoje tive várias coisas na vinda para casa que me puseram vários sorrisos na cara e me deixaram bem mais disposto (depois da apreensão da manhã).


Foram elas:
- Dar uma vista de olhos nas métricas e verificar que sou (de longe) o gajo que mais trabalha;
- Um sol glorioso no céu e 20º de temperatura;
- Um coelho a correr pela relva num jardimzito da IBM;
- O CD do concerto ao vivo dos Humanos a tocar no rádio;
- Um homem bastante idoso com facto completo de ciclista numa bicicleta tradicional holandesa e que mais parecia parado do que a andar, num verdadeiro número de equilibrismo;
- 2 raparigas bem jeitosas, bardotos vá, com pouca roupa a dançar em coreografia e a simular um microfone em pleno parque de estacionamento;
- Fazer uma ultrapassagem;
- Cantar a plenos pulmões a canção "O Corpo É Que Paga" com o vidro aberto e parado nos semáforos;
- Chegar a casa e ter a mulher e a gata à espera;
- Saber que vou-me lambuzar com um mega-hamburguer do BurgerBar...

O peso da distância

Vejam bem esta foto:
Foto de Fábio Martins

Isto é desta manhã e esta é a minha aldeia, onde cresci e onde está a casa dos meus pais e avós (essa até se vê nesta foto).

Vi esta foto no Facebook e com comentários a falar de "pandemónio" e "várias explosões". Sabia logo a proveniência da coluna de fumo, um armazém de automóveis e peças e sucata, logo sítio com muito material combustível para as chamas e fácil de explicar as explosões.
Tendo sido por volta das 9:30, hora local, estando rodeado por mata e outros pavilhões e tendo casas não muito longe a coisa poderia ficar feia. E por isso mesmo ao consultar as Ocorrências no site da ANPC, deparo-me com o valor dos meios: 53 bombeiros e 17 viaturas, tendo sido reforçados uns minutos depois.
Não era claramente uma coisa menor.

Admito que foi uma das vezes em que mais senti o peso da distância. Estar a mais de 2000kms e ficar a saber desta situação quase instantaneamente deixou-me muito apreensivo. E fiquei preocupado com as gentes que lá moram pois conheço vários, inclusivamente sou amigo de um filho da família proprietária do armazém.
Não consegui pensar em mais nada e tive de ligar aos meus avós apenas para saber ao certo o que estava a acontecer e confirmar que eles estariam bem. Estavam sim, mas assustados pois ouviam constantemente as explosões. E sim havia muita confusão, muitos bombeiros e viaturas subindo e descendo a estrada estreita que rasga a aldeia.
Mais uns contactos com outros familiares, e curiosamente apercebi que era dos primeiros a estar a par da notícia. Havia pessoas da terra que estando no emprego não sabiam ainda do que se estava a passar! Um outro sinal dos tempos...

Dizem que a saudade quando se está longe é muito maior. E já o futebol, sendo um fenómeno social, mostra que as pessoas ganham um patriotismo inédito por estarem mais longe.
Eu hoje descobri que os sentimentos mudam mesmo, e estando a assistir remotamente a uma possível desgraça na minha aldeia, senti medo, apreensão e tristeza como poucas vezes senti na minha vida.

Longe da vista, longe do coração? Errado: Longe da vista mas perto do coração!

quarta-feira, junho 27, 2012

Faltou um bocadinho assim

E pronto, acabou o sonho luso no Campeonato Europeu de Futebol.
Está visto que não tenho ainda o dom completo da adivinhação, ou será que tenho? Curiosamente numa bolsa de apostas lá no trabalho tinha posto a Espanha a eliminar Portugal nas meias por 1 golo. Foi ainda mais renhido, foi nos penaltis.

É triste que o Bruno Alves não tenha aguentado a pressão. Pelos vistos fez como eu, precipitou-se e depois olha...

Mas foi um jogo que se decidiu nos pormenores. As selecções anularam-se bem, Portugal sempre a olhar o contra-ataque e quase no final do jogo tivemos aquele lance de 4 contra 2 mas que infelizmente o CR7 não conseguiu acertar bem.
Faltou um bocadinho assim...

Tenho de admitir que a Espanha tomou conta do prolongamento e fisicamente Portugal parecia estar nas ultimas. Não foi nenhum sufoco, mas na verdade também não conseguimos partir para bons contra-ataques.

Lotaria dos penaltis e pronto, faltou outro bocadinho assim...

Para Portugal acabou o Euro 2012. Vou continuar a ver os 2 restantes jogos porque gosto.

Agora outras batalhas desportivas virão aí, com portugueses envolvidos. Já estão a decorrer os Europeus de Atletismo (onde já tivemos algumas conquistas), este Sábado arranque o Tour de France com (apenas) 2 portugueses no pelotão, e depois hão-de vir os Jogos Olímpicos de Londres (onde sinceramente não espero nada de especial da participação portuguesa).
No futebol é preparar a qualificação para o Mundial de 2014, para daqui a 2 anos no Brasil estarmos a calar os detractores e voltar a dar luta aos campeões anunciados.

Quanto a mim, tenho de ir confortar a esposa que parece estar mais triste que eu, e continuar a praticar o meu dom de profeta.

What management is

terça-feira, junho 26, 2012

Then and now


O Jason Mraz quando "apareceu" era assim:


 Depois viu este episódio do Family Guy:
 

E agora apresenta-se assim:
 

Vamos lá ... com tranquilidade

Bem agora que os quartos-de-final já passaram e a Formula 1 só volta daqui a 2 semanas, vamos lá dissertar um pouco sobre a bola.

Admito que tinha algumas dúvidas se escrevia isto já, ou jogando pelo seguro, escrevia só depois da meia-final. Isto porque vou dizer umas coisas e daqui a 2 dias ter de me retratar. Por outro lado se estiver correcto, posso passar por grande especialista na matéria que até acertou em cheio.

Primeiro uma análise à prestação até ao momento da equipa das Quinas. Eu acho que o Paulo Bento descobriu aqui um truque qualquer, que advém duma das filosofias dele: a tranquilidade.
Tirando o jogo com a Dinamarca que não vi desde o início, tenho visto um Portugal a começar os jogos sempre nas calmas. Diria mesmo até, se a minha memória não me trai, que começa até mal dando a iniciativa ao adversário e parecendo mesmo que sofre um pouco. O curioso é que a equipa vai crescendo e acaba os jogos em grande forma, dominando o adversário. Até contra a Alemanha foi assim, e aí acho que o erro foi ser demasiado cauteloso, diria mesmo que jogaram com algum medo e só quando se viram a perder é que lá arranjaram motivação para ir com tudo.
Mas com isto quero dizer que acho que o começo tranquilo dos jogos é mesmo por vontade do Paulo Bento. Entrar com calma para aguentar uma primeira vaga da equipa adversária, controlar, não cansar e aos poucos e poucos impor-se no jogo. E parece-me que a nível físico conseguem manter-se no topo e superiorizar-se à equipa adversária.

Curiosamente vi isto mesmo no jogo de ontem da Itália. Começou devagar mas acabou a dominar a Inglaterra, pareceu-me que criando até mais chances de golo do que Portugal, que tem sido exemplar neste aspecto.

Juntado este truque táctico com um Cristiano Ronaldo em todo o seu esplendor e temos aqui uma boa hipótese de ganharmos isto. E porquê? Porque até agora nenhuma equipa me convenceu verdadeiramente. Posso vos dizer que a minha aposta nas meias foi um Portugal-Espanha e um Alemanha-Suécia (olhem que não foi assim tão descabido, eles estiverem a ganhar em todos os jogos e contra a França mostraram que eram uma equipa muito sólida). Acreditava que Portugal chegava lá mesmo pensando que não estávamos em grande forma. Depois vinha a inevitável derrota com a Espanha, que para mim estaria imbatível.

Mas então porque é que a minha opinião mudou agora? Porque como disse ali atrás, nenhuma selecção me convenceu, e sinceramente tenho a ideia que a nível geral Portugal é quem está a praticar melhor futebol ... depois de aquecer os motores.
Verdade que os jogos dos quartos mostraram que todas as equipas que passaram estão fortes, resta saber se está alguma muito mais forte.
O que eu penso e acredito é que a Espanha treme um pouco e não consegue se impor sempre. Se Portugal estiver como já mostrou, não precisamos temer a Espanha e temos jogadores de qualidades suficientes para fazer a diferença. Obviamente o Ronaldo pode resolver sozinho, mas temos um Nani que ainda não explodiu, entre outros que podem ter momentos de génio. Espera-se que todos eles se superem neste jogo.
A Espanha aliás já sabe o que a pode esperar, até com o Busquets a dizer que os jogadores estão preparados para parar o Ronaldo à força.

Então e se ganharmos à Espanha? Vamos jogar com a Alemanha que nos derrotou já? Primeiro não é garantido que a Alemanha vença a Itália que teve um poder ofensivo enorme contra a Inglaterra, mas que se falhar tanto como no Domingo perde porque a Alemanha não perdoa (basta pensar no jogo contra o Portugal).
E se for contra a mesma Alemanha, acho que agora damos a volta, pois o Paulo Bento já não dirá aos jogadores que o objectivo é não perder e mesmo começando nas calmas, o que vai frustrar um pouco os alemães, vamos arrebentar e conquistar o primeiro título internacional de futebol.
Fantástico!

terça-feira, junho 19, 2012

Outra vez a produtividade

Eu admito que sou obcecado pelo tema da produtividade. Não porque quero ser muito produtivo, mas mais devido à forma como este índice estatístico, na sua forma macro-económica, é usado pelos líderes políticos e económicos nomeadamente em Portugal.
E porque parece-me que a maioria dos média cai na "esparrela" e segue na procissão de falar da produtividade e apresentarem teorias para a mesma sem notarem e/ou explicarem como se chega a este valor.

Há uns anos já tentei explicar aqui mesmo neste blog o meu entendimento sobre a infame Produtividade (e até agora ainda ninguém me corrigiu e sempre que pesquiso mais sobre isto, confirmo que o meu entendimento está correcto na generalidade).

Volto ao tema porque deparei-me novamente neste fantástico mundo cibernético, com mais uma discussão em redor do mesmo.
Neste caso no Facebook alguém partilhou uma fotografia com uma tabela do Eurostat sobre o total de dias de férias por ano (dias da lei + dias permitidos sem trabalhar). Não me perguntem detalhes sobre isto que eu não sei. É uma imagem tirada de um artigo da Visão de Dezembro 2011.

A atenção foi desviada para a Produtividade pois a publicação no Facebook referenciava um artigo de um blog onde se discutia a mesma. E aí aparecia a tal tabela de cima e o autor apresenta diversas teorias para a pouca produtividade.

Como comentei, as pessoas continuam sem saber ou aperceber, que esta Produtividade (PPPH - Productivity Per Hour), tantas vezes usada contra os trabalhadores portugueses é simplesmente um índice macro-económico, obtido com a fórmula simples de PIB a dividir por horário de trabalho. Podem ver aqui: http://epp.eurostat.ec.europa.eu/statistics_explained/index.php/Glossary:Labour_productivity

Em suma é simplesmente o dinheiro gerado por hora no país. Não tem nada a ver com verdadeira produtividade de um trabalhador, se a pessoa produz muito ou pouco no seu trabalho.
Para além do exemplo que dei há 4 anos, posso dizer que agora que estou na Holanda, estou ali no número 2 da tabela de produtividade mas trabalho menos do que quando estava em Portugal. E porquê? Nada a ver com metodologias, processos ou motivação, é simplesmente porque aqui eu gero mais dinheiro por hora do que gerava em Portugal.

Outro exemplo: os índices de produtividade da industria automóvel mais usados, do que me lembro, são estes 2 que estão interligados:
  - Número de carros produzido por ano por trabalhador;
  - Número de horas para produzir um carro.
Um gajo que trabalhe na Ferrari faz muito menos carros e em muito mais horas do que um que trabalha na Renault em Valladolid (uma das mais produtivas da Europa há uns anos) mas gera muito mais dinheiro nessa hora (a PPH*, a tal usada pelos políticos, é superior).
Apesar de não ter valores concretos, do que me recordo de ler a fábrica da Auto-Europa em Palmela é também das mais produtivas, tendo em conta estes índices da industria, mas já a PPH* será inferior (suponho eu).

Infelizmente a filha-da-putice (que não tem outro nome) já dura há muitos anos e parece-me que muita gente acredita piamente que a baixa PPH* de Portugal significa que os trabalhadores portugueses são pouco produtivos, ou seja, malandros.
Curiosamente este Governo mudou um pouco o discurso e fala agora em Competitividade, mais até que Produtividade. Essa sim, é um calculo simples e simples é também o seu objectivo: quanto menores forem os custos para as empresas, melhor (para as mesmas)!

Mas então o que vai acontecer no futuro? Volto a dizer aqui o que já ando a dizer aos meus amigos e colegas desde o início destas políticas: Estas medidas vão levar a uma redução da Produtividade (PPH) pois o PIB está a baixar e o Governo aumentou o horário de trabalho.
Então o que vai acontecer em 2013? Os patrões, tal como já o fazem agora, vão pedir que se baixem salários porque a produtividade está a piorar. E os lideres políticos, nacionais e europeus, vão repetir a lenga-lenga e ninguém vai referir que as medidas adoptadas pelo Governo foram directamente responsáveis por isso.

E usando uma expressão corrente: Quem se lixa é o mexilhão!

* talvez devido à outra obsessão com as Parcerias Público Privadas, designei a Produtividade Por Hora como PPP. Entretanto já corrigi para PPH (BaKano às 17:05CET).

segunda-feira, junho 18, 2012

As cores lusitanas hoje voam mais alto

Hoje é dia 17, uma semana exacta mais tarde que o Dia de Camões, Portugal e das Comunidades Portuguesas. Mas quase que podia ser hoje o dia de Portugal, pelo menos a nível desportivo.

Já se sabia de antemão, hoje haveria vários pontos de interesse. Alguns há meses, outros só esta semana. Curiosamente um dos pontos de interesse luso só soube nas vésperas. E felizmente os 3 pontos de maior interesse a nível internacional (outros menores parecem ter existido) resultaram em vitórias.

O Dia de Portugal Vitorioso começou em França, às 15:00 (14:00 em Portugal) em Le Mans, com Pedro Lamy que, talvez no ano em que corria com as piores condições de sempre, vencia a categoria GTE-Am da famosa prova de resistência, as 24 Horas de Le Mans.

2 horas e 22 minutos mais tarde, mais para Sudeste nas montanhas suíças, Rui Costa, normalmente identificado lá fora como Rui Faria da Costa, chegava ao final da 9ª e última etapa da Volta à Suiça junto com os mais directos perseguidores. Isso significa que tinha conseguido segurar a camisola amarela, conquistada 1 semana antes, no "verdadeiro" Dia de Portugal. E mais surpreendente é que a vantagem para o 2º, um tal de Frank Schelck tinha aumentado 10 segundos nesta semana de competição ciclista ao mais alto nível.

E o dia desportivo terminou umas 5 horas e tal mais tarde, com a vitória da selecção nacional de futebol sobre a congénere holandesa no Euro 2012, confirmando a passagem para os quarto-de-final sem dependencia de terceiros e despachando uma das pré-favoritas ao títutlo. Apesar da derrota com a Alemanha e do sofrimento com a Dinamarca, as exibições da selecção sobretudo quando metem o querer em campo, permite sonhar com mais doces vitórias nos próximos dias.

Hoje foi um bom dia de vitórias importantes e bandeiras portuguesas agitadas em diversos pontos desta Europa pelas melhores razões. Também se confirmou o ditado que não há 2 sem 3.

Deixo um comentário ao meu amigo Diogo: afinal os créditos não se tinham esgotado...

sábado, junho 16, 2012

Mais ligações obscuras

Há uns 2 meses foi o meu colega camaronês a pedir-me ajuda para o negócio paralelo de airport shuttle e agora veio a minha colega nigeriana pedir para a ajudar a traduzir uns sites do Brasil, também relacionado com uma ideia de negócio que ela pretende lançar lá na Nigéria.

Pelos vistos na Nigéria existe muita cana do açúcar, mas ninguém faz sumo da mesma, sumo esse que parece ser bastante apreciado.
Ora a minha colega nigeriana, que já teve um negócio paralelo de catering, está convencida que existe uma nova e grande oportunidade e sem ser preciso grande coisa. Basta comprar umas moendas, que é como quem diz uns moedores manuais de cana do açúcar, levar para a aldeia e meter a malta a dar a manivela para se fazer sumo. Simples e barato e na ideia dela com uma grande chance de alta rentabilidade.

A ligação ao Brasil vem porque lá vende-se as tais moendas baratuchas e em metal, enquanto por aqui apenas se encontra moedores eléctricos oriundos da China, com muito plástico e que ainda por cima são relativamente caros. Eu fui metido ao barulho por causa do português e acabamos a discutir o modelo de negócio e as melhores formas de meter 4 ou 5 moendas originarias do Brasil em Lagos, Nigéria.

E mais uma vez poderei estar ainda mais envolvido dalguma forma, pois pode ser necessário pedir a alguém lá que receba a encomenda original para depois enviar para a Europa, ou a minha colega vai ela própria buscar de avião (os custos numa transportadora são bastante avultados!). E como tenho família e amigos no Brasil, lá vem BaKano to the rescue!

Nesta meu pequeno universo começo a chegar a conclusão que os meus colegas africanos estão sempre à procura de novas oportunidades de negócios alternativos, e para além disso, África chama por mim. Será que a minha vocação e futuro é tornar-me num mediador de negócios africanos?

quarta-feira, junho 13, 2012

Que puto de stress...

Depois da derrota com a Alemanha, um resultado algo esperado, este jogo era aquele em que se apostava tudo. Era preciso ganhar ou estaria tudo acabado (mesmo que um empate deixasse ainda hipóteses matemáticas). Isto era o primeiro factor contribuinte para algum nervosismo da minha parte para este jogo.

Por essa razão e até para ver melhor o jogo em si, tinha pensado em ver este jogo em casa. Só que o meu amigo Daniel, que nos visitou durante 1 semana, tinha de ir para o aeroporto na altura do jogo.
Pensei então que sairia mais cedo, via a primeira parte no aeroporto com ele e depois vinha para casa no intervalo. Esqueci-me foi de verificar os turnos e obviamente tinha turno para fazer, ainda para mais como dispatcher, o que significava que só podia sair depois das 18:00.
Pronto, pensei que iria perder os primeiros minutos, mas como o Daniel podia ir de autocarro o plano mantinha-se. Só que ele atrasou-se nas compras de recuerdos e assim passou a ser mais conveniente vir a casa e levá-lo ao aeroporto no intervalo, deixando-o junto do terminal das partidas.

E acabou por ser mesmo assim. Apesar da camisola vestida (como tem sido tradição) durante toda a tarde, perdi ao todo mais ou menos 40 minutos de jogo, mas vi o 0-1, o 0-2, o 1-2, no ecrã gigante em Schiphol o primeiro falhanço do CR7, o segundo falhanço do CR7 já em casa, o 2-2 e finalmente o 2-3!

Foi muito stressante, berrei um bocado, insultei os vizinhos que passam o dia a mandar pancadas sabe-se lá onde mas que fazem um chinfrim do caraças, enervei-me com os semáforos, enervei-me com o jogo, afugentei a gata e assustei a mulher, mas já passou...

ESTE JÁ CÁ CANTA, CARA...HO!!!

PS - A Alemanha já ganha, mas seja como for a ultima ronda vai ser uma batalha com pelo menos 3 equipas (senão mesmo as 4) com tudo em aberto. Vai ser mesmo de morte!

sábado, junho 09, 2012

Memórias do Euro

O Euro 2012 já começou mas é mais logo que Portugal entra em campo.
Por diversas razões este campeonato europeu de futebol traz-me à memória o de há 12 anos atrás, sendo essas razões as muitas comparações que eu posso fazer, nem tanto a nível desportivo mas mais a nivel circunstancial, mais especificamente comigo mesmo.

Há 12 anos atrás estava eu em Inglaterra. Julgo ter sido o primeiro campeonato que assisti de fora e foi também a primeira vez que, como combinado previamente com um inglês, comprei uma camisola oficial da selecção. Isto tudo para ir assistir especificamente o jogo Portugal - Inglaterra, em "casa" do adversário, ou seja, num pub. Éramos 2 tugas, os únicos, eu e o meu amigo Filipe que também lá estava a trabalhar em Inglaterra comigo.

Agora estou novamente no estrangeiro, no país onde há 12 anos se disputou a partida, mas também um dos países cuja selecção está no grupo de Portugal. Tal como há 12 anos estou aqui com mais alguém, desta vez a esposa, e vamos ambos ver o jogo a um tasco e equipados com camisolas da selecção (mas só eu com a oficial deste ano). As horas serão as mesmas 20:45, a diferença é que agora vamos no Sábado e o outro foi numa segunda-feira, depois do trabalho.

A nível desportivo existem algumas semelhanças também: Portugal não parte de todo como um favorito, estamos no chamado grupo da morte tal como há 12 anos estávamos num grupo muito complicado (só não era o da morte porque poucos contavam com Portugal) e vamos jogar contra a Alemanha, uma das grandes candidatas à conquista do título.

A minha memória de há 12 anos vai ser algo que perdurará para sempre e uma história para ir contando a amigos, filhos e netos. Como 2 tugas no meio de um pub festejaram o doce sabor da vitória conquistada com uma reviravolta das mais fantásticas da história do futebol nacional. E eu ainda meti £10 ao bolso duma aposta que fiz, quando aos 0-2 o inglês já cheirava a nota todo feliz. A apoteose dessa noite foi eu celebrar sozinho o 3º golo (poderá ter sido o 2º) pois o Filipe tinha ido ao WC e só se lembra de ouvir um único gajo a berrar no pub e o resto do povo com silêncio de morte...

Mais logo não será bem assim. Primeiro não jogamos (ainda) contra o país onde estou, e segundo, vamos estar num tasco português (Os Lusitanos) no meio de muitos outros tugas, logo os festejos serão sempre diferentes.
Isto obviamente se não sairmos desiludidos com a partida e/ou resultado.
Mas como dizia o Zé Nando, jogador do Alverca S. Pedro da Cova, no futebol são "11 contra 11, homens contra homens" e o que é preciso é "jogar o jogo pelo jogo e danificar a camisola".

quinta-feira, junho 07, 2012

Saltimbanco ou barquinho apagado

Andava eu na quarta-classe e fiz uma redacção sobre o que eu queria ser um dia quando crescesse:
Quero ser uma marinheiro, sulcar o azul do mar, vaguear de porto em porto até um dia me cansar. Quero ser um saltimbanco, saber truques e cantigas, ser um dos que sobe ao palco e encanta as raparigas.

A professora chamou-me ao quadro e deixou descomposto: "Oh menino atolambado, que partida de mau gosto".
Lá fiz outra redacção:
Quero ser um funcionário, ser zeloso e ter patrão, deitar cedo e ter horário. Ser um barquinho apagado sem prazer em navegar, humilde e bem comportado, sem fazer ondas no mar.

A professora bateu palmas e deu-me muitos louvores. Apontou-me como exemplo e passou-me com 15 valores.

Esta história não é minha e tenho quase a certeza que é fruto da imaginação do Carlos Tê mas que muito provavelmente se inspirou em eventos reais e fez mais um belo retrato duma realidade, que pretendia ser em 1964. Não sei em que ano exacto terá Carlos Tê escrito esta letra, mas eu conheci-a pela música "O que eu quero ser quando for grande" do mítico álbum do Rui Veloso "Mingos & Os Samurais", gravado e editado em 1990.

O certo é que para mim este simples texto ainda hoje tem muito de verdade em parte do território de Portugal, senão na grande maioria. Um miúdo que ande na escola e tenha ideias diferentes (neste caso mais de artista o que é normal no caso de quem escreveu) é puxado para baixo e pretende-se que o mesmo seja apenas mais um gajo mediano como muitos. Isto acontece na escola, na família e na sociedade também.
Carlos Tê conhece muito bem a realidade portuguesa e acerta em cheio em poucas palavras, tecendo uma bela caricatura pela boca de um miúdo de 9~10 anos.

E aproveito para fazer a ponte para um outro miúdo, este de 15 anos oriundo dos Estados Unidos e de seu nome Jack Andraka. Este miúdo foi o vencedor da edição deste ano da Intel International Science and Engineering Fair tendo desenvolvido um teste que permite detectar de forma precoce 3 tipos de cancro. E sendo esse teste bastante mais fiável que os actuais e extraordinariamente mais barato (para saberem mais cliquem no nome do rapaz para lerem um artigo sobre isto).
Ora o Jack Andraka não deve realmente querer saber cantigas e subir ao palco (se bem que deve gostar de encantar as raparigas) mas seria certamente um saltimbanco pensando em grande e fora dos padrões habituais, como dizem os anglófonos think outside the box, muito mais além do que é expectável nesta altura, o 9º ano de escolaridade.
Eu pergunto-me se por acaso o mesmo Jack Andraka em Portugal algum dia teria oportunidade de fazer o que fez. Eu sinceramente acho que não porque seria alvo de gozo dos colegas, de inveja de professores, já para não dizer que a industria ou outros cientistas nunca permitiriam que um miúdo de 15 anos inventasse esta coisa!

De certo modo sei que estarei a ser um bocado exagerado nesta transposição da metáfora do Carlos Tê para a sociedade de hoje, mas quanto mais penso no assunto mais me convenço, e adoraria estar errado, que infelizmente a maioria da sociedade preferiria que o Jack Andraka fosse apenas mais um zeloso barquinho apagado, com um patrão e horário.

terça-feira, junho 05, 2012

Empty shell

O Oita já foi o centro comercial de Aveiro. Durante muitos anos o maior com vários andares de lojas, muitas delas míticas como o Patinhas Burguer, a Croissanteria, a Zara, salão de jogos, lojas de informática e várias relojoarias. Tinha também uma sala de cinema que estava quase sempre cheia.
Como muitas outras coisas de um outrora relativamente recente, não aguentou a mudança dos tempos onde o shopping está intimamente ligado a um super ou hipermercado e a lojas grandes. Grande só tinha mesmo a Zara mas até essa se mudou para outro shopping mais moderno.

E o Oita assim foi ficando, vazio, cheio de pequenos e baixos espaços em branco com papeis nas portas a dizer "ALUGA-SE" ou "TRESPASSA-SE". Alguns negócios se mantiveram, outros novos se criaram (ou mudaram) lá. É engraçado que o Oita manteve o seu traço de inovação em Aveiro, sendo sede da primeira loja legal relacionada com drogas em Portugal (dizem eles) e das primeiras sex-shops da região.
Mas apesar disto continua muito vazio, uma sombra do que já foi. De vez em quando vou até lá, sobretudo para ir à costureira a quem recorremos e fico sempre um pouco triste por ver no que se tornou.

Como disse, os papeis abundam, mas ainda nos podemos surpreender com o que lá vemos. Nomeadamente na porta do antigo "Manhas & Manias" que de acordo com os responsáveis, não está para alugar nem trespassar. Está somente "temporariamente encerrado" apesar de não se saber o motivo. Mas é uma interpretação muito própria do significado de "temporariamente", pois o mesmo papel que pelos vistos ninguém mexeu, está datado de Julho de 2002!
Temporariamente encerrado há 10 anos e se calhar por 10 anos mais...

domingo, junho 03, 2012

A malta que me desculpe

É verdade que estive de férias, 2 semanas e estive por Portugal, mas apesar disso só passei mesmo 5 dias completos em terras lusas. E com as visitas obrigatórias à família directa, compras a fazer e este ou aquele assunto que era preciso resolver, esses 5 dias foram curtos para usufruir da companhia dos amigos.

Faltou uma jantarada, uma noite de copos e muitos dedos de conversa a falar-se de tudo e mais alguma coisa.

Fica a promessa, espero que não de político, de novas oportunidades lá para Setembro. Serão também 15 dias (para ter férias várias vezes por ano, tem de ser menos tempo de cada vez) e se a mulher quiser ir fazer praia para o Algarve ficamos mais limitados (mas permite visitar os amigos meridionais), mas tenta-se planear melhor para a malta que mora mais no setentrião.

Mas as portas da casa de Amesterdão também estão abertas e espaço não falta para quem nos queira, e possa, visitar...