domingo, novembro 20, 2011

Tudo depende das expectativas

Nesta sexta-feira passada vimos "A Ressaca Parte II", que aproveita bem as piadas e peripécias introduzidas no primeiro filme e mantém o bom nível. Como a esposa ia dizendo que não se lembrava muito do primeiro, lá fomos revisitá-lo no dia a seguir durante o almoço.

Rever "A Ressaca" não tem o mesmo impacto que ver pela primeira vez mas o filme foi, e continua ser, uma das maiores surpresas que tive. Admito que em 2009 não tinha grande vontade de o ver. Apesar de várias pessoas me dizerem que era altamente, o tema, o elenco de segunda linha e até o cartaz do filme faziam-me pensar naqueles filmes de comédia barata. Não tinha grandes expectativas, ou nenhumas, e depois adorei o filme. Está bem escrito, bem realizado, a banda sonora assenta que nem uma luva e o Alan (Zach Galifianakis) é um gajo que simplesmente não existe! O filme consegue nos surpreender a cada reviravolta e manter-nos interessados em saber como vai acabar a coisa. E acaba excelentemente!

E isto leva-me a falar de outro filme, o "Inception (A Origem)" do ano seguinte. Para este filme eu tinha grandes expectativas. Se calhar muitas delas criadas pela própria industria e pelos media pois eu lembro-me de pensar que isto era a melhor coisa de sempre. E não fui só eu, que até já discuti este assunto com outros colegas que partilham a mesma opinião.
Estava à espera de uma experiência avassaladora e quando acabei de o ver estava um pouco desiludido. E é curioso porque o filme é mesmo muito bom! Para quem não gosta do estilo, ou dos estilos pois ele mistura ficção científica com acção pura e dura e os meandros de um filme de assalto, pode não concordar comigo, mas ao analisarmos o filme repara-se que ele é mesmo um dos melhores, sem dúvida.
Mas então porque ficamos com a sensação que a montanha pariu um rato? Por causa das expectativas geradas em redor do mesmo. Como disse, esperava ser "assombrado" e ficar extasiado, e "simplesmente" assisti a um excelente filme.

Portanto estamos a falar de dois filmes, ambos grandes sucessos e merecidos no meu entender, em que um deixou-me maravilhado (o mais simples e "básico") e o outro deixou-me desapontado (o evoluído e avançado). Tudo depende das expectativas. Se elas são sempre grandes, maior é o risco de ficares desiludido. Por outro lado quando tens poucas ou nenhumas, no pior dos casos confirmas o teu pressentimento e ficas agradado na mesma.

Esta coisa das expectativas e como geri-las é importante no meu trabalho de agora, sobretudo nos casos em que o cliente está com um problema grave e precisa mesmo que o ajudemos para recuperar dados perdidos, por exemplo. Logo no início o meu primeiro objectivo é gerir correctamente as expectativas do cliente. Se lhe digo para não se preocupar que tudo vai ser resolvido e passado uns dias tenho de lhe ligar para dizer "eh pá, isto afinal está mau e só deu para recuperar 1/3 dos dados perdidos" vou ter um cliente lixado que não vai ficar muito satisfeito com o resultado nem comigo. Se por outro lado na mesma situação lhe digo inicialmente que os riscos são elevados, que não há garantias de nada e que pode demorar muito tempo, ao fim dos mesmos dias quando lhe digo que afinal deu para recuperar 1/3 dos dados perdidos, o cliente vai ficar contente e satisfeito com o resultado e comigo.
O mesmo resultado, 1/3 de dados recuperados, mas uma opinião completamente diferente.
Isto não quer dizer obviamente que devemos sempre criar expectativas baixas ao cliente para depois o surpreender. Isso é fazer batota e um cliente inteligente vai-se aperceber disso. O "truque" é atribuir as expectativas correctamente, pensando no pior cenário e preparar a outra pessoa para o mesmo, sendo no entanto positivo quanto ao resultado final quando há probabilidades de sucesso.

Entretanto vou aqui gerir as minhas próprias expectativas de que estou a passar pelo último cio da bicha (fica assim um bocadinho pró chata).

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