sábado, dezembro 18, 2010

E tudo a neve parou

Ontem foi o dia em que me mudei para o meu novo apartamento alugado, que será a minha casa durante o próximo ano se tudo correr como planeado. E escolhi um belo dia para me mudar, sem dúvida nenhuma.
Na quinta-feira à noite estava tudo normal. Na sexta-feira quando vou espreitar pela janela do quarto do hotel, vejo que está tudo branco, tudo coberto com um enorme manto de neve.
Como seria de esperar, até porque já tinha passado por uma situação similar no primeiro sábado pensei logo que ia haver problemas. E assim foi, esperar bastante tempo pelo táxi no hotel; demorar bastante tempo a chegar a Badhoevedorp por causa do trânsito e de um taxista burro que decide ir pelas principais vias de trânsito, quando podia ir pelo caminho do autocarro que é um tiro e menos confuso; e esperar pelo gajo da agência que também estava atrasado.
Felizmente não tive de esperar na rua, pq a minha senhoria já aqui estava e ao menos já estava a ver as coisas quando ele chegou.

Mais sobre o apartamento um outro dia, porque agora realmente não consigo falar disso.

Passando à frente, ora toca de ir para o trabalho. Lá vou para a paragem onde já estavam pessoas à espera, e pronto, primeiro tempo morto, com 1 hora de espera para que viesse o autocarro, que já nem sei qual deles era, se o das 11:07, se o das 11:37, ou se outro qualquer que teoricamente deveria ter chegado mais cedo!
Entretanto o meu sapato do lado direito decide se auto-destruir, começando a descoser-se de um lado. Lindo, não bastava estes sapatos, comprados propositadamente a pensar no tempo de Inverno, magoarem na parte de trás do pé, ainda por cima, duram pouco! Tenho mesmo jeito para comprar sapatos, não?
Chegado ao trabalho, logo reparo que a grande maioria das pessoas decidiu ficar por casa e trabalhar de lá. Espertos, não?
O dia continua, sempre a nevar, uma quantidade muito grande de neve, mas durante a tarde, a coisa estabiliza e para mim até parece estar melhor. Vou vendo o tram e o metro a andar, e como a outra vez tinham sido os primeiros a parar, achei que estava tudo bem.
Mas na mesma vou consultando o site dos transportes daqui, que dizia que tinha notícias sobre problemas e atrasos nas linhas. Lá clicando para ver o que se passa com a 145, diz-me o site que está tudo normal e continua a dar os horários dos próximos autocarros.
Só que os autocarros tinham parado. Às 15:00. E podiam ter uma espécie de aviso a vermelho no site dos transportes não? Se calhar até tinha mas não da forma mais óbvia que eu não consegui ver nada mesmo procurando
Depois de muito tempo à espera na paragem, e de começar a pensar que deveriam ter parado mesmo, pq não via nenhum a passar, alguém lá me veio dizer que eles tinham mesmo parado tudo o que era autocarro em Amesterdão.
Excelente, pensei eu, a única forma que sei ir para casa é de autocarro, mesmo que fosse outro, era sempre autocarro!
Bem, vou até ao Artemis e chamo um taxi de lá. Ou não, pq dizem-me que os taxis já tiveram muitos acidentes não querem andar.
Eu até já tinha pensado alugar um carro em Schiphol para os dias antes do Natal, para andar com as malas para trás e para a frente e para não ter de aturar os caprichos dos taxistas que levam fortunas porque lhes apetece. É que o dinheiro que gasto em táxis para me levar a mim e às malas quase que dá para pagar o aluguer de um carro, que depois me dá a vantagem de não ter de esperar (se esperar nas bichas ao menos estou dentro do carro ao quentinho).
Decido então ir apanhar o metro, para ir ter a uma estação de comboios, para ver se lá havia táxis ou ir então para Schiphol e alugar já um carro e resolvia logo o assunto (e até podia depois ir às compras para casa pois teria como trazer as coisas).
Mas na estação de comboios, nem táxis nem comboios. Depois de ouvir anunciar que não haviam comboios a ir para Amesterdão Central e ver passar 4 nesse sentido, e estar quase a morrer de frio, com dores no pé e o mesmo gelado devido ao sapato todo descosido, lá decido apanhar um t que sempre ia para os meus lados, a 2 kms ou assim.
Obviamente que enquanto esperava pelo tram, deve ter passado o comboio para Schiphol que esperava...
A tremer de frio, enervado com tudo, lá saio eu na ultima paragem do tram, para ver que estava numa zona de nada, aparte de casas, como seria de esperar, e lá decido fazer-me ao caminho, para sul, fosse dar onde fosse!
Mas vendo uma estacão de servico e pensei que devia ir perguntar pelo menos a melhor forma de ir a pé. Entretanto ao chegar vejo um taxi a meter combustível e vou perguntar se ele me podia levar a casa que eu não fazia a minima ideia de como ir. Ele, um turco, disse que sim, mas pediu logo 20 euros à cabeça (obviamente). Ainda foi dar uma volta grande (mas isso nem interessava pq ele não pôs o taxímetro a andar), mas eu na altura até 50 euros lhe pagava, pq queria era ir no quentinho e ir ter a casa, e no GPS ela lá estava bem assinalada, pelo menos
E foi assim que 4 horas depois de ter saído do trabalho, cheguei a casa, apesar de apenas 20 mins dessas 4 horas ter realmente andado de transportes.
E o melhor de tudo, é que dá paragem de autocarro onde estava, são apenas 4 kms para minha casa! O tempo que esperei apenas na paragem dava para ir a pé.
Só que quem não sabe é como quem não vê, e como nunca tinha ido ver a distância pelo Google Maps, o autocarro ainda demorava um bocado (porque dá umas voltas) e eu na altura não queria tentar devido ao sapato e desconhecer o caminho, acabei por fazer muito pior!

E agora poderão pensar vocês como isto pode acontecer? É que pelo que já li noutros blogs, o nevão foi mesmo anormal, e o país ficou mergulhado num caos no que toca a transportes.
Pior que eu ficaram as pessoas que iam viajar para o estrangeiro, porque os aviões também pararam.

Para mim serviu de lição: Tenho que saber rapidamente os locais certos para estar a par destas notícias, tenho que comprar calcado em condições para poder caminhar em alturas de problemas, e sem dúvida nenhuma que, pelo menos para ir de um lado para o outro sem me chatear nem preocupar (só tenho de ser cuidadoso), tenho de ter transporte próprio o mais rápido possível!

terça-feira, dezembro 14, 2010

Espera-se e muda-se

O que leva um gajo que vai a pensar em comer um dos mega-hiper-carrochos que se vendem na Leidseplein a mudar de ideias e sentar-se num restaurante argentino (sim, são muitos) e comer um belo dum bife, com salada, uma jacket potato (batata grande assada com casca) e ainda malhar uma margarita, um copo de tinto (que era muito fraquinho) e uma sobremesa? Provavelmente o facto de estar um bocado frustrado com o esperar pelo autocarro que nunca mais vinha até apanhar outro que permitia, com as devidas mudanças, chegar ao mesmo sítio.

O problema de um gajo andar anos a fio com transporte próprio é que quando tem de andar ao sabor dos transportes públicos falha um bocado. Como por 2 ou 3 vezes já, via o autocarro ou o Tram a sair quando estava a chegar à paragem, e porque depois para a IBM não há autocarros a cada 5~10 minutos como nos outros sítios mais centrais, perder o transporte "certo" pode significar ter de esperar até meia-hora (o que para aqui parece uma eternidade). Aliás nessas alturas sigo a pé, porque acabo por gastar menos tempo...
Portanto agora vou um pouco mais cedo para ter a certeza que não perco o autocarro "certo". E até porque já vi que o autocarro pode passar mais cedo que o previsto (no caso de estar tudo calmo) como por exemplo aconteceu no fim-de-semana, ou agora mesmo no regresso ao HEM Hotel que o autocarro veio 2 mins (pelo meu relógio que é suposto estar certinho quase ao segundo) mais cedo! E hoje, como distraí-me e deixei passar a hora para sair a tempo do 145 das 18:53, fui a tempo para ir nas calmas apanhar o das 19:20. Só que mesmo chegando 5 mins mais cedo, às 19:35 nada de autocarro, então apanhei o 195 não fosse o outro ter passado um bom bocado mais cedo e ter de esperar mais 15 mins ao frio pelo próximo!

Mas se a malta pode já estar a pensar que estou-me a queixar de barriga cheia (e literalmente ainda estou de barriga cheia) e que os transportes aqui são óptimos (comparados com Aveiro são ... nem tem comparação sequer!), posso já vos dizer que nem tudo é maravilhas, porque fui à Leidseplein para comprar um crédito de €10 para o meu "fabulástico" cartão pré-pago da Lebara (bela merda que arranjei, assim que puder mudo para uma assinatura).
É que aqui na Holanda não existe Multibanco, aliás como em todo o resto do Mundo cada banco tem a sua máquina que serve apenas para levantar dinheiro, e portanto pagar qualquer coisa pelas máquinas ATM é uma "coisa do outro mundo" para estes gajos aqui, quanto mais carregar os telemóveis...

Mas tenho que me pôr fino com os autocarros. É que se daqui do HEM Hotel posso ir pelo 145 (o mais perto), ou através do Tram 2 e 195 (o indicado aos turistas) ou a pé, quando me mudar para a minha nova casa, só vou ter o 145 (em sentido contrário). Que só passa de meia em meia hora e ficar meia-hora à espera na paragem ao frio é de deixar um gajo um bocado para o lixado, para não dizer a bater o dente.
E ainda terei mais de 1 mês nesse esquema, porque só trarei carro em final de Janeiro.

Ah pois é, tinha-me esquecido de dizer que arranjei uma casa. No sábado pouco depois de ter deixado a anterior crónica, fui ver um apartamento numa zona mais assim para o chique ("it's very poshy", disse a minha Team Leader irlandesa) e gostei tanto que fiquei com ele.
Mudo-me esta sexta.
E apesar de tudo o preço nem é muito elevado comparado com os outros anúncios que vi em relação ao que oferece...
Mais sobre o mesmo um outro dia, mas posso adiantar que vou para a terra do Marco Van Basten!

Nesse mesmo sábado, quase em jeito de comemoração sem o ter sido, acabei por me juntar a um casal de tugas (onde o rapaz é meu conterrâneo) para ir jantar com um outro casal a Haarlem, num restaurante português chamado Azul.
Antes disso, e depois também, fizemos uma paragem num bar muito catita, a fazer lembrar os bares do tempo da WWII com montes de referência à aviação e uma velhota a tocar piano e tudo.
Disse-me o colega holandês que nos acompanhava que este bar tinha sido eleito o melhor da Holanda há pouco tempo. E depois o meu conterrâneo explicou-me a decoração e o próprio nome, que senão me engano (e depois de ir ver uma olhada na Wikipédia) é Spin, porque esse é o nome do primeiro avião construído pelo Fokker, que era de Haarlem!
O que sei é que Haarlem merece uma nova visita mas com luz do Sol, porque como fomos para jantar (mesmo tendo ido pelas 4 e tal da tarde) já chegamos com noite...

E pronto, estão assim mais alguns dados e facto cronicados; a ver se na próxima disserto aí sobre qualquer porcaria estúpida!

sábado, dezembro 11, 2010

1 semana mais tarde...

Vamos fazer uma coisa diferente. Vamos começar pelo fim. Hoje acaba a primeira semana completa de trabalho na Holanda, semana essa em que fiquei sozinho e noutro hotel. Por isso mesmo é o início duma rotina. Não será esta a rotina até ao fim desta estadia (consideremos o 1º ano como uma estadia per si) mas eventualmente será esta até ao Natal.

Mas comecemos pelo fim, então.
Ontem jantei uma dourada grelhada, com batatas a murro e uma salada mista com alface, tomate, cebola, cenoura e um pouco de couve roxa. Isto regado com um tinto alentejano (da Carmim) e arrematado com uma mousse de chocolate, um café Chave de Ouro e uma CR&F (que infelizmente estava mal servida).
Isto tudo ao som de fado, quer dizer, só consegui ouvir mais no final da refeição.
Numa das vindas pelo Tram 2, quando fui abrir a conta no banco na Singel (ao pé do Flower Market) tinha reparado num outdoor de um restaurante português e ontem, depois da frustração de ter ido ver um apartamento que não vi (ah e tal íamos ligar a confirmar a data, ninguém lhe disse nada?), decidi que ia ver o que o tal português tinha para oferecer.
Apesar de ter pago um bocado (sobretudo por causa das bebidas, que a comida parece ser o preço normal para Amesterdão) está descoberto um sítio para voltar de vez em quando...

Antes disso, já tive uma festa de aniversário lá no trabalho, basicamente consiste em o aniversariante levar uns bolos e a malta juntar-se para comer umas fatias. E tive também um jantar de equipa, que foi num restaurante asiático, onde o sushi sabia mal para caraças mas valeu pelo Mestre do Wok. Parece que é normal aqui em restaurantes asiáticos existir uma modalidade que é pegares no prato, escolher os ingredientes do que queres comer (que está tudo cru), levas ao Mestre do Wok, que primeiro cozinha a tua mistura numa panela, e depois mete a saltear num wok com o molho à tua escolha.
E o fantástico deste sistema foi mesmo ver o mestre a trabalhar, pois ele tomava conta de 3 ou 4 pratos duma só vez, enquanto cozia uns nas panelas (sempre cheias e sempre a transbordar) e salteava outras nos wok. E pelo meio abria e fechava a torneira da agua e alternava a mesma entre a panela da esquerda e a da direita.
Fantástico, digno de fazer um filme para mostrar à malta. Mas como isso não foi feito, resta-vos imaginar pela descrição ou depois vir até aqui que eu levo lá a malta.
Nesse mesmo jantar fiquei a saber que aqui uma cerveja de malte é uma cerveja sem álcool!
Já não me enganam mais.
O que vale é que depois da primeira, pedi uma(s) Palm belga(s) que compensou a primeira (que não bastar ser sem álcool, tinha um sabor horrível).

O meu estimado MuVo2 que andava triste e abandonado nos últimos tempos, volta a ser meu companheiro de viagem. Agora que volto a ser utilizador dos transportes públicos, lá volto a ter os auscultadores nas orelhas e o MuVo2 a tocar os MP3. E parece mesmo um regresso ao passado, pq os MP3 que tenho são os mesmos de há uns anos.
Bem, não são bem os mesmos, que acrescentei aqui uns álbuns de música portuguesa, que é o que tenho ouvido.
Estou fora de Portugal há 2 semanas, e já pareço aquela malta de há uns anos sempre a ouvir música do seu país para matar as saudades.
Mas tenho que admitir que a ouvir Amália Hoje enquanto regressava no 172 de Amstelveen, fiquei com pele de galinha!
E a utilização da playlist que já estava no leitor, relembrou-me do quanto eu gosto desta música.

E pronto. Mais a dizer é que já tenho conta bancária aqui, já fui ver 2 apartamentos (deveriam ter sido 4 mas entalaram-me) e estou neste momento à espera de um contacto para ir ver um que pelas fotos e descrição parece-me mesmo muito bem...

No trabalho nada de especial a dizer, pelo menos por aqui, a não ser que continuo a minha integração assim nas calmas e o ambiente é muito porreiro.

And last but not least, já conheci mais compatriotas aqui localizados, sendo 2 deles lá da terriola (Sever do Vouga ou arredores) e uma terceira que trabalha no banco onde abri conta!
Não fossem os chineses e o mundo era dos Portugueses...

sexta-feira, dezembro 03, 2010

E mais um(a) ... mês, ano, emprego, cidade, país, vida

Pois é, tanta coisa no título né? É uma espécie de escolha múltipla, pode ser qualquer uma destas coisas, é a que preferirem...

Mas também acaba por ser uma escala, que reflecte o que se passou, neste mês que separa esta dissertação, da anterior.

Pode-se dizer que as pianadas e o fumo incomodaram-me tanto que acabei por arranjar um novo emprego, numa nova cidade, num novo país! Portanto, uma nova vida!
Assim que de um modo que As Dissertações do BaKano, durante o próximo ano serão uma espécie de Amsterdam Meets BaKano ou Holanda Meets BaKano, dependendo do quanto andarei a passear por este país dos moinhos e das tulipas. E dos tamancos também...

Muito haverá a dizer, aliás já há coisas curiosas a dizer, mas ainda não estou muito bem ambientado e ao contrário das experiências passadas, ainda tenho de tratar das minhas coisas, pq desta vez venho por minha conta e vou-me estabelecer por aqui.

Para esclarecer que ainda não sabe mesmo o que se passa, arranjei emprego na IBM em Amesterdão (o grande edifício da foto) e estarei aqui por 1 ano. Entretanto tenho de arranjar casa e outras coisas mais, para poder trazer o carro, e para poder andar aqui a fazer rally pela neve, pois isto está uma maravilha com máximas de -6°...
Vi nas notícias da net que existem muitas estradas por aí fechadas, mas não acredito que esteja o mesmo frio daqui. Se bem que aqui vai melhorar e deveremos ter no fim-de-semana uma máxima de 4° e mínima de apenas -1° (acredito que muitos sítios daí serão piores, se tiverem a onda de frio que julgo que têm)

Dito isto, aguardem mais novidades, que espero que saiam com regularidade.

Dou já uma dica: se vierem passear a Amesterdão, não fiquem no hotel Artemis (Dutch Design). Parece uma alternativa boa, pois nem é muito caro e tem muito bom aspecto, mas o serviço sobretudo a nível de limpeza é cá uma coisa de extraordinário, que chega a ter mais pó no quarto do que tem em minha ao fim de 2 semanas!

Até à proxima; vou ali a uma cofee shop no Red Light District.
(digo isto só para inglês ver pois ainda não vi quase nada disto)


ADENDA: Para quem quiser ver umas crónicas desta primeira semana em Amesterdão dêm uma saltada ao blog da respectiva que ela tem feito aquilo que eu fazia no País do Sol Nascente (Japão)